de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 28 Outubro , 2008, 11:09

Mário Soares: exemplo de vitalidade intelectual e cívica

Quando li hoje a habitual crónica semanal de Mário Soares no Diário de Notícias, não pude deixar de pensar na sua extraordinária capacidade física, intelectual e cívica, em actividade constante. O antigo Presidente da República, que completa 84 anos no próximo dia 7 de Dezembro, mostra à saciedade que há, efectivamente, idosos jovens, tal é a força e a coragem com que intervêm no mundo das ideias e das convicções. Mário Soares é um deles.
Podemos discordar das suas posições políticas, podemos aceitar que nem sempre apresenta propostas com aceitação plausível, mas a verdade é que está no mundo, com uma rara intuição para dizer o que pensa, com uma juventude de espírito invejável.
Não é nem nunca foi uma pessoa acomodada, teima, com uma dignidade rara, em marcar presença no quotidiano do país e do mundo, insiste em lutar, por todas as formas ao seu alcance, por um mundo melhor. Um mundo mais justo, mais fraterno, mais humano.
E faz tudo isto com uma coragem exemplar, ao jeito de quem nos quer dizer que não podemos nem devemos ficar alheios aos problemas dos homens e mulheres do nosso tempo. A indiferença, o comodismo e o desinteresse são, simplesmente, apanágio de gente derrotada, sem alma, sem vida.
Obrigado, Dr. Mário Soares, pelo seu exemplo.

Fernando Martins

Editado por Fernando Martins | Sábado, 25 Outubro , 2008, 12:30
Flores para a Irmã Iracema, com o Manuel Serafim e a Fátima Lage

Irmã Iracema esteve entre nós, 18 anos depois


Quer queiramos quer não, há sempre pessoas que nos marcam na vida. Para o bem e para o mal. Eu sinto isso. As que tentaram insinuar-me o mal ou indicar-me caminhos menos correctos foram postas de lado. Não ocupam qualquer lugar na minha vida. Outras, as que me sugeriram princípios do bem e me deram testemunhos, concretos, de que é possível seguir pistas de verdade, de justiça, de fraternidade e de paz, essas têm um lugar especial no meu coração.
Às vezes dou comigo a pensar em todos esses homens e mulheres que deixaram sinais indeléveis na minha formação. Foram muitos, é verdade, tantos que nem consigo elencá-los. Só tenho pena de não ter tido a capacidade de colher dessas árvores de bons frutos toda a sabedoria e humildade para os reflectir na minha vida, chegando a quantos me rodeiam.
Ontem, contudo, encontrei-me com uma dessas pessoas, que não via há 18 anos. Trata-se da Irmã Iracema, do Instituto das Irmãs de Maria de Schoenstatt, que viveu entre nós 15 anos. Destacada pelo seu Instituto para trabalhar em Portugal, radicou-se na Gafanha da Nazaré, tendo colaborado, activamente, no lançamento das bases do Movimento Apostólico de Schoenstatt na Diocese de Aveiro. A construção do Santuário dedicado à Mãe e Rainha, na Colónia Agrícola da Gafanha, deve-lhe imenso. E por aqui se manteve, em plena actividade apostólica e humana, até 1990, insuflando em muita gente o fervor da fé e a paixão pelos valores cristãos. Missão cumprida, regressa ao Brasil, continuando, no país irmão, outras tarefas ligadas aos ideais que desde jovem abraçou.
No encontro organizado para a ouvir de novo, com a mesma voz e com o mesmo entusiasmo, jovens e menos jovens partilharam saudades. A Irmã Iracema repetiu o que sempre foi na vida: coerência na fidelidade aos princípios que sempre a nortearam, princípios de verdade, de frontalidade e de testemunho em todas as circunstâncias. Mas sempre crente num mundo melhor, alicerçado na Boa Nova.
Foi muito bom conversar com ela, ouvi-la e sentir o calor da fraternidade e o amor a Jesus Cristo e a Sua Mãe, que tão bem sabe transmitir com simplicidade e serenidade. E com os seus 70 anos de vida, prometeu voltar à Gafanha da Nazaré para comemorar, connosco, o seu centenário. Eu prometi acompanhá-la nesse dia.

Fernando Martins

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