de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Sexta-feira, 12 Setembro , 2008, 19:21

O grande desfiladeiro


“O rio Douro é, seguramente, o rio mais rico de grandiosas perspectivas do velho mundo. No entanto (diga-se a verdade), apesar de tudo quanto tem sido escrito e publicado, desenhado e divulgado – parece não ter tido ainda a fortuna de encontrar um verdadeiro escritor ou pintor que eternize a sua estranha e tácita beleza.
Junqueiro, que tantos anos viveu junto deste vale, que calcorreou os seus pendores – não o viu. Antero creio que nunca o avistou senão junto do Porto. António Nobre apenas o contemplou na Foz. Raul Brandão só lhe viu a grandeza nos dias de temporal, do alto da Cantareira, sonhando com o avô, alto e loiro como ele, desaparecido no mar. Pascoaes apenas conheceu, pode dizer-se, o seu último filho: o Tâmega. Camões jamais o avistou. Eça olhou-o com os olhos do Jacinto. Em resumo: nenhum escritor ou poeta português teve a fortuna de abrir decididamente os olhos para a pujança, a austeridade, a força telúrica deste estranho desfiladeiro aberto para esta serpente líquida e milenária vinda dos Montes Ibéricos!”

Sant’Anna Dionísio

In ALTO DOURO IGNOTO, 2ª edição, 1977

mais sobre mim
Junho 2010
D
S
T
Q
Q
S
S

1
2
3
4
5

6
7
8
9

15
16
17
18
19

20
21
22
23
24
25
26

27
28
29
30


posts recentes
arquivos
as minhas fotos
pesquisar neste blog
 
blogs SAPO
subscrever feeds