Quando D. Afonso III conquistou definitivamente o Algarve, expulsando os mouros, passou a usar o cognome de Rei de Portugal e dos Algarves. Portugal, a partir daí (século XIII), ficou, mais ou menos, com as fronteiras que ainda hoje tem.
Vem esta lembrança a propósito de eu ter dito um dia destes que estava no Reino dos Algarves. E assim parece, sobretudo nas zonas turísticas, onde pontificam, passe a palavra, os veraneantes estrangeiros, com destaque para os ingleses. No interior, tanto quanto sei, o nosso povo continua, com a sua pobreza e idiossincrasia, a ser português, alheio às infraestruturas que suportam a carga populacional que tem raiz no Reino de Sua Majestade Isabel II.
Tal como vejo, em algumas zonas do litoral algarvio predominam estabelecimentos hoteleiros e comerciais para toda a gente, é certo, mas mais direccionados para os estrangeiros. Sinal disso são os dísticos publicitários que não enganam ninguém. E até a natureza de algumas ofertas, que não se vêem tanto noutras terras do País.
Na zona onde me instalei para estas curtas férias pouco mais há do que isso. Quando perguntei por uma livraria, logo me disseram que a grande maioria dos turistas não vêm para o Algarve para ler. Livrarias, só nos grandes centros urbanos ou nas grandes superfícies. O mesmo se diga para outro género de comércio, que não case com este sector do lazer. Assim, para além de hotéis e restaurantes, mais bares e garrafeiras, e similares, pouco mais há. No fundo, o que existe tem de ir ao encontro do consumidor. E como nós precisamos de viver, vamos na onda.
E agora vem a história. O Algarve, no litoral, faz jus ao título que já ostentou. É, realmente, um Reino para férias de muita gente. Se calhar, no tempo de D. Afonso III, esta invasão de turistas seria tida como ameaça à nossa tranquila independência. Hoje, não será assim. E o que precisamos é de muitos turistas, já que essa será a melhor aposta, à falta de indústrias que nos imponham no mundo. Mas, cá para mim, podíamos enriquecer estas zonas com a nossa cultura. Estruturas somente para inglês ver e usufruir, com pouco do que é intrinsecamente nosso, parece-me obra inacabada.