Recordo-me dos truques de que o meu professor, Manuel Joaquim Ribau, de saudosa memória, se servia para enfrentarmos o frio. Antes de abrir a porta da escola, mandava-nos correr, na que é hoje a Av. José Estêvão. E a corrida aquecia. Mas dentro da sala de aula o frio atacava de novo, com força. Então, quando as mãos enregeladas não conseguiam pegar no ponteiro com que se escrevia na lousa, todos de pé, a um sinal do mestre, de braços estendidos, abraçávamo-nos a nós próprios, com genica, para que as nossas mãos nos batessem no corpo. E assim passava o tempo.
Uma ou outra vez fizemos uma fogueira no caminho de terra batida, onde nos aquecíamos. E quando havia temporal, com vento, chuva e frio de rachar, a escola era triste. Mesmo muito triste.
Hoje, com tantas comodidades, merecidas e justas, outros problemas haverá que também, por vezes, a tornam triste. Mas não há, julgo eu, tanto frio como antigamente, onde só o calor humano pontificava.
FM