de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 09 Março , 2010, 10:06
Quando a nossa selecção de futebol ganha,
a festa chega a encher as ruas
 
 
Alberto Margaça, casado com Rosa Ramos, mais conhecida por Rosa da Tia Ofélia, tem uma filha, professora de Francês e Inglês, e está no Canadá há 36 anos. Tem saudades da família e da terra, mas descobriu forma de as mitigar. Levou a viola que sempre o tem acompanhado desde a juventude.
 
 
 
 
A família Ribau de sua futura esposa e ao tempo namorada emigrou para o Canadá. E o Alberto passou a namorar por carta, durante cinco anos. Entretanto cumpriu o serviço militar em Angola, como radiotelegrafista. Mas a viola, que fazia parte de si próprio, nos momentos livres, promoveu-o a funcionário do Bar dos Oficiais e suas esposas, com a tarefa de animador. A guerra, para si, a cantar e a tocar, sobretudo música portuguesa, foi, de certo modo, uma festa. Para os outros, os que tinham de lutar, foi bastante traumatizante.
Quando regressou, a Rosa veio com a família e casaram na nossa igreja matriz, tendo o padre Domingos como celebrante e amigo. A Rosa morava mesmo pertinho da residência paroquial e participava, com frequência, nas festas paroquiais. Daí o seu gosto por cantar.
Depois do casamento seguiram para o Canadá, “com a viola às costas”, e durante um ano o Alberto frequentou a escola para aprender o Inglês. Só então, quando já dominava a língua, é que se empregou, como marceneiro, a sua profissão desde a juventude, na OSE (Ontário Store Fixtures). Ao fim de dez anos passou a chefe de secção e tempos depois assume o cargo de encarregado-geral, com 500 trabalhadores distribuídos por seis fábricas, na mesma área industrial, onde ainda se mantém.
 

Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 23 Outubro , 2008, 12:01

Professor Fernando

Os meus respeitosos comprimentos

O meu nome é Alberto Margaça e queria daqui do Canadá mais precisamente da cidade de Toronto saudá-lo e ao mesmo tempo dizer-lhe que aprecio muito o trabalho que vem fazendo no seu blogue, na Internet, “Pela Positiva”.
Sempre atento ao que se passa na nossa terra, e não só, para assim a poder divulgar mais. E nós, que estamos longe, sabemos melhor que ninguém apreciar e valorizar tão excelente trabalho. Os meus parabéns e muito obrigado.
Há já algum tempo atrás, na minha consulta ao blogue “Pela Positiva”, chamou-me a atenção o seguinte: “Escola da Ti Zefa - Antigos alunos querem encontrar-se.”
Bem que eu gostava de ter sido um desses antigos alunos da escola da Ti Zefa, mas infelizmente não fui; e ainda hoje estou sem entender a razão de me mandarem a mim, e só a mim, daquela área, para a escola da Chave; porque todos os meus irmãos foram para a escola da Ti Zefa: a minha irmã Rosa, mais velha do que eu, e os meus irmãos mais novos, o Dimas, o João José, a Maria e a Regina, todos foram para a escola da Ti Zefa. E só eu é que fui para a escola da Chave e tinha que fazer essa caminhada todos os dias quatro vezes por dia, da casa dos meus pais até à escola, porque vínhamos comer a casa ao meio-dia.
E é essa mágoa que eu carrego comigo toda a minha vida e que nunca esqueci. E devo-lhe dizer que ainda agora em Setembro, quando estive em Portugal, eu fui de propósito fazer essa caminhada da casa dos meus pais até à escola da Chave, só para ver o tempo que eu demorava e o sacrifício que naquele tempo me fizeram passar, quer estivesse sol, frio ou chuva, durante cinco anos. Nunca me vou esquecer destas coisas. Perdoar, sim; mas esquecer não consigo, nunca na vida.
Senhor professor Fernando, desculpe este meu desabafo mas são coisas de outros tempos que eu não percebi, não percebo e nunca vou perceber.
Coisas muito complicadas.
Desculpe também o meu português, mas sabe que já estou fora de Portugal vai fazer trinta e sete anos e também os nossos computadores não tem os acentos e as cedilhas. Se quiser publicar esta carta no seu blogue “Pela Positiva”, por mim pode-o fazer. Não há problema.

Um abraço

Alberto Margaça Ramos

NOTA: O Alberto, que tive o prazer de encontrar nas últimas férias que passou na Gafanha da Nazaré, escreveu-me esta carta, via e.mail, com a naturalidade de quem continua com saudades de todos nós. E vejam os meus amigos como ele recorda facetas da sua vida, que estão, como decerto tantas outras, bem guardadas num cantinho do seu coração e num saco grande das suas memórias.
Claro, meu caro, que eu não iria publicar a tua carta sem pôr os acentos e as cedilhas nos seus lugares. Também corrigi uma ou outra gralha, substituindo letras maiúsculas por minúsculas e vice-versa. O que importa, Alberto, é partilhar vivências, sentimentos e emoções com os amigos, porque só partilhando aprendemos a ser solidários e fraternos. Aqui, no meu blogue, todos os emigrantes, e não só, têm o seu lugar à espera de ser preenchido, desde que venham até mim, sempre Pela Positiva. A foto reproduz, como facilmente se vê, a capa de um CD. É que o Alberto gosta mesmo de música. E como podia ele pôr de lado uma paixão de tantos anos?

Um abraço

FM

Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 21 Outubro , 2008, 17:38


É sempre com muita alegria que recebo notícias dos nossos emigrantes. Elas são a prova de que lêem os meus blogues e a certeza de que continuam sensíveis aos que se passa na nossa terra. Hoje ofereço parte de um e.mail do João Rodrigues, um gafanhão que não vejo há anos.

“Gostava de fazer uma proposta... Frequentemente se fala no seu blogue acerca dos barcos bacalhoeiros, das secas, etc. Mas pouco se fala da ciência da construção de tais barcos. Os que sabiam construir tais embarcações estão a morrer, quase com a mesma frequência de grandes "símbolos"da nossa terra, e com eles toda uma ciência que bem poucos conhecem... Quantos contos e narrativas daí se poderiam tirar... Seria um grande favor para a história da Gafanha se alguém se propusesse a documentar tais factos. E segundo parece não há melhor qualificado de que o professor Fernando.
E [outras pessoas], que tanto bem fizeram a muitos... será que as poderia entrevistar? Por favor, continue a falar da nossa gente com o mesmo brio e orgulho de sempre.
Tal proposta vem ao encontro dos muitos artigos no blogue "Galafanha", que, para gente como eu, são um elo muito forte que nos une par além dos continentes.

Obrigado, uma vez mais, pelo grande trabalho que está fazendo para benefício de todos os gafanhões.”
Um abraço

João Rodrigues

NOTA: O João Rodrigues vive e trabalha num país sem acentos. Por isso, tive de fazer as devidas correcções. Diz o João que eu sou o "melhor qualificado" para escrever sobre o tema que sugere. Não é verdade. Há muita gente nas Gafanhas que sabem muito mais do que eu sobre esse assunto e sobre outros. Pode ser que eu convença algum a colaborar no meu blogue. Mas tens razão, João Rodrigues, quando dizes que há "símbolos" que começam a desaparecer, sem que alguém se preocupe com isso. Há tanto que fazer...
Um abraço
FM

Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 27 Maio , 2008, 18:44

Os nossos emigrantes fazem sucesso um pouco por todo o mundo. Desde sempre. Portugal foi desde as suas origens um país de emigrantes. Mas também de imigrantes. E disso nos tem dado nota a nossa história. Tão rica, mas nem sempre conhecida.
De vez em quando vamos sentindo essa realidade através dos meios de comunicação social, com reportagens saborosas, mostrando as marcas indeléveis dos portugueses através dos séculos.
Mas as actuais gerações também têm enriquecido o mundo com a exportação da nossa cultura para outros ambientes. E os nossos emigrantes, saudosistas como poucos, ou não fosse a palavra saudade uma das nossas criações mais sublimes, nunca esquecem as suas e nossas raízes.
Frequentemente, recebo reflexos de alguns que um dia partiram em busca de uma vida mais risonha. Como foi o caso de hoje. Outros terão ido pelo gosto da aventura, ou por um certo inconformismo com o que a terra-mãe lhes (não) dava.
O meu amigo e leitor José Ferreira remeteu-me um “site” que transportava uma entrevista com o Alberto Ramos, meu vizinho, que um dia emigrou para o Canadá, lá se radicando até hoje com a família. Não o vejo há muito, mas recorda o seu sorriso e a sua arte de executante musical.
Fiquei satisfeito de ver como ele nunca esqueceu a música e as canções, animando os portugueses, e não só, nas suas festas, que as pessoas não vivem nem podem viver só para o trabalho. O conjunto musical, Searas de Portugal, com Cantares do Nosso Povo, não se cansa de recordar as músicas de Portugal, do Minho ao Algarve, passando pela Madeira e pelos Açores.
Constituído por cinco homens e três senhoras, aqui ficam os nomes, com apelidos que estão na minha memória e nos meus ouvidos: Rosa Ramos (adufe e solista), Rosa Ribau (adufe e solista), Ilda Teixeira (acordeão), Alberto Ramos (solista, viola e cavaquinho), José Rebelo (acordeão e coro), João Ribau (viola baixo e coro), Paulo Lourenço (instrumentos tradicionais e coro) e João Cardoso (bombo e coro).
Sendo certo que o grupo musical tem actuado quase em todo o Ontário e Quebeque, alimenta, contudo, o sonho de cantar, um dia, nas festas e romarias do nosso País. E por que não nas festas das nossas Gafanhas? Quem o convida?

FM

Editado por Fernando Martins | Segunda-feira, 20 Agosto , 2007, 15:56
Casa Gafanhoa: Sala do Senhor

Casa Gafanhoa: Quarto

Casa Gafanhoa: Cantareira; Lá está a cântara
de ir buscar água à fonte, junto à Mata da Gafanha


Casa Gafanhoa: Alfaias agrícolas; ao fundo o erguedor



CASA GAFANHOA
À ESPERA DE MAIS VISITANTES
:
Posso garantir que, muitas vezes, sou interpelado por emigrantes de férias na Gafanha da Nazaré. Quando deambulo pelas ruas desta nossa terra, sobretudo em Agosto, encontro muita gente amiga que já não via há anos. É um prazer enorme para mim e decerto para eles. Então, há perguntas e mais perguntas de alguns deles, no sentido de saberem novas desta terra que nos viu nascer, que se vai modificando ano após ano. Muitas construções, ruas que vão nascendo ou que vão sendo melhoradas, ares modernos em muitos cantos. Porém, as recordações do passado, que brotam nas conversas que entabulo com eles, trazem a todos uma incontida alegria e um prazer inexplicável.
Às vezes dou comigo a pensar que seria muito interessante organizar um encontro para proporcionar aos emigrantes de férias entre nós uma oportunidade para recordarem os tempos em que por aqui todos brincávamos, rindo e folgando, ao sabor dos tempos livres e sem televisões que, como acontece hoje, nem espaço nos dão para falarmos uns com os outros.
A muitos vou dizendo que vale a pena visitar a Casa Gafanhoa, para que os seus filhos e netos vejam como era a vida dos nossos avós, tão diferente, obviamente, da vida dos nossos dias e da vida em terras da estranja.
A ideia do encontro e a proposta da visita à Casa Gafanhoa aqui ficam com votos de boas férias.
Fernando Martins






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