de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Sexta-feira, 05 Março , 2010, 08:57
 

Generosidade, mais do que nunca, é precisa

Em todas as Dioceses do país decorre, entre os dias 4 e 7 de Março, o peditório nacional da Cáritas. Os donativos dos portugueses são fundamentais para que a organização possa ter recursos para responder aos muitos pedidos de ajuda, que crescem com o agravamento da crise financeira e económica.
Em 2009, esta iniciativa rendeu às várias Cáritas diocesanas 325 mil Euros, conforme revela o relatório de actividades da organização católica.
Em texto escrito para a Agência ECCLESIA, Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa, apela para que “todos os que forem abordados sejam generosos, porque todas as ajudas vão ser necessárias para mitigar as graves carências que, inesperadamente, se instalarem em muitos lares”.
A Igreja Católica em Portugal celebra este Domingo o Dia Nacional da Cáritas, precedido durante esta semana por um conjunto de actividades diversas em todas as Dioceses, nas quais se inclui o peditório dos próximos dias. A iniciativa tem como tema geral “Erradicar a Pobreza. Radicar a Justiça”.
Em comunicado enviado à Agência ECCLESIA, a direcção da Cáritas Diocesana do Porto revela que a iniciativa conta com “um elevado número de voluntários”. Desta actividade, sublinha-se, “depende o apoio a muitas famílias traduzido em bens alimentares, roupas, gabinete médico, medicamentos, fraldas para adultos e material ortopédico”.
 Por seu lado, o presidente da Cáritas Diocesana de Portalegre - Castelo Branco, Elicídio Bilé, apela à “partilha fraterna de bens, contribuindo para minorar as dificuldades daqueles que perderam o emprego, a habitação e os haveres, daqueles que têm fome e dos que vivem na margem da sociedade”.
 
Fonte: Ecclesia
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Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 25 Fevereiro , 2010, 17:40

Pepitas de ouro, que o são de esperança

por António Marcelino

 
Restaurantes de Santa Maria da Feira organizaram-se para darem diariamente uma refeição a famílias em dificuldade. Onde comem cinquenta, também comem mais dois ou três, e ninguém vai à falência por ajudar o próximo.
Milhares de jovens de toda a Europa, e mesmo de outros continentes, vieram ao Porto neste Carnaval, para, em clima de Taizé, rezarem, reflectirem, conviverem, aprenderem ou exercitarem o valor do silêncio que é gerador de paz. Centenas de famílias receberam-nos gratuitamente nas suas casas, como se de filhos se tratasse.
Comunidades, paroquiais e dioceses, continuam a fazer seus, na medida do possível, os grandes problemas do Haiti. Organizaram-se para uma partilha significativa que alivie a gente do país, nas suas dificuldades, a sentir o calor da solidariedade fraterna.
Cada dia os meios de comunicação social nos narram desgraças. Também lá vêm estas e outras pepitas de ouro que muitas vezes passam despercebidas.
Dizia-se há dias que não seria possível esta onda de solidariedade se não fossem os meios de informação globalizados que aproximam de nós as dores e as alegrias. É verdade. Mas o coração só se cola a estas notícias, quando já está sensível aos outros. Muita gente leu, viu e ouviu e ficou-se… Outros interiorizaram a notícia, deram o seu contributo, grande ou pequeno, entenderam o apelo como grito de fraternidade. Só esta move o coração aos desconhecidos, num mundo onde tudo se passa próximo de nós.
A Quaresma também é tempo de partilhar e de fazer bem. Os distraídos que acordem. É sempre tempo. Não falta quem precise da partilha generosa dos que têm pouco e de clamar o seu direito sobre o que sobra aos quem têm muito.
 

Editado por Fernando Martins | Domingo, 18 Outubro , 2009, 23:27


Alexandre Cruz


Fronteiras abertas exigem
responsabilidades abertas


Integrada nas Jornadas de Outubro do Movimento de Schoenstatt, teve lugar no sábado, 17, no Centro Tabor da Colónia Agrícola da Gafanha da Nazaré, uma conferência sobre a Encíclica de Bento XVI, “Caridade na Verdade”. O conferencista convidado, Alexandre Cruz, doutorando em Ciências da Educação e Provedor do Estudante na Universidade de Aveiro, esclareceu que, ao olhar este documento pontifício, viu nele novos caminhos de Deus para enfrentarmos os desafios do futuro.

Depois de saudar o Movimento de Schoenstatt que está já a celebrar o Jubileu dos 50 anos da sua entrada em Portugal, Alexandre Cruz lembrou a universalidade da mensagem do Padre Kentenich, bem patente naquela “casinha de oração” que se habituou a ver desde há anos, o Santuário que é réplica do original, repetido em vários cantos do mundo, “neste tempo de globalização”.
“O mundo – referiu – é uma grande casa onde todos somos acolhidos e convidados a ouvir as vozes dos tempos e da própria Igreja, que actualiza, para cada época e situação, a melhor resposta às inquietações humanas.”
O conferencista frisou que o negativo, patente em todos os telejornais e noticiários, “não é o melhor caminho para o nosso mundo”, enquanto chamou a atenção dos participantes nas Jornadas para a necessidade de todos, em Igreja, “repensarmos a fé nos dias de hoje”.
A caridade de que Bento XVI nos fala, na encíclica “que irrita”, segundo o padre e poeta Tolentino Mendonça, não faz lembrar o passado, “cheirando a mofo”, mas torna patente “os valores da solidariedade em espírito divino”, na linha do amor proposto por São Paulo, para “tornar o mundo melhor”.
Alexandre Cruz disse que a “solidariedade é insolidária” quando esconde ou tem segundas intenções, sendo garantido que as pessoas “sabem distinguir o bem do mal. Urge, por isso, viver “uma fé pensada”, diferente naturalmente da tradicional, quantas vezes “sem sentido”.
“Caridade na Verdade”, a primeira encíclica do actual Papa dedicada à questão social, vem recomendar, a todos os católicos e a todos os homens e mulheres de boa vontade, que a Igreja tem de apresentar “um novo rosto para os novos tempos”, apoiando-se no princípio de uma “justiça do bem comum”, capaz de “gerar pontes de diálogo” entre todos os parceiros sociais e entre todas as pessoas.
“O que eu sou deve orientar o que faço”, na busca de novas soluções para as inquietações humanas, tendo em conta que “problemas globais precisam de respostas globais”, porque “o planeta não tem muros”, adiantou o conferencista.
Defendeu, seguindo o texto papal, que o “governo da globalização” deve fomentar o desenvolvimento, “dando a cada um o que lhe é preciso”. “Não se pode promover o desenvolvimento para, mas com…”, disse.
Considerando que “fronteiras abertas exigem responsabilidades abertas”, Alexandre Cruz mostrou como o desconhecimento das realidades pode “gerar a intolerância”, adiantando que a superação das fronteiras “é um dado não só material, mas cultural”.
Recordou que a maior herança que recebemos está centrada nos valores, os quais devem propor, a cada momento, “a colaboração fraterna entre crentes e não-crentes”, num trabalho conjunto “pela justiça e paz da humanidade”. “Se usarmos um diálogo beato com o mundo, ninguém nos ouve”, afirmou.
Garantiu que a razão é importante no diálogo com a fé e que os fenómenos das migrações precisam de atenções redobradas, tendo em consideração que o desenvolvimento humano tem de ser integral, apoiando-se na verdade e na caridade, que é amor recebido e dado.
“Sem Deus, o homem não sabe para onde ir e não consegue compreender quem é; temos de nos conhecer bem para descobrirmos os nossos caminhos de verdade”, concluiu Alexandre Cruz.

Fernando Martins

Editado por Fernando Martins | Sexta-feira, 04 Setembro , 2009, 19:04



O doente que visita outros doentes

Durante as minhas caminhadas matinais, por decisões de saúde, cruzo-me, por vezes, com um velho amigo, de 80 anos, que anda pelas ruas da Gafanha da Nazaré num carrinho eléctrico. Sei que foi afectado por uma doença rara que o impossibilitou de trabalhar, já há anos, dificultando-lhe a caminhada.
Hoje encontrei-o em conversa amena com um idoso, um pouco mais velho, mas também limitado. Nem com a bengala pode chegar para além do primeiro cruzamento, poucos metros ao lado da sua residência. Ao vê-los, interrompi a conversa que ambos travavam para os cumprimentar.
Depois das saudações e das habituais perguntas sobre o estado de saúde e de ânimo de cada um, abordámos a questão do carrinho eléctrico que o leva “para todo o lado”.
Com a doença, o meu amigo não podia sair de casa. Apenas o fazia quando precisava de ir aos médicos. As quatro paredes da sala onde estava habitualmente limitaram-lhe os horizontes, o que o deixava triste. Só a visita de familiares e amigos o animava.
Um dia acordou com a imaginação afiada, na procura de uma solução para a sua vida. E daí a comprar o carrinho foi um já. Agora, diz-me ele, já pode sair todos os dias, percorrer as ruas da Gafanha da Nazaré, olhar as pessoas, apreciar a vida agitada de muitos, encontrar-se com amigos, ir ao médico e à farmácia, ou fazer compras sem incomodar ninguém.
Contudo, de uma coisa se lembrou: sempre ficava muito contente quando alguns amigos ou familiares o visitavam. “E se agora fosse eu visitar os amigos doentes?”, concluiu. E foi mesmo.
Começou então a enumerar os que tem andado a visitar, dizendo da alegria que vê nos seus rostos. Alguns eu próprio até pensava que tinham morrido. E apenas lhe disse, com convicção: “Está a fazer uma grande coisa; deu-me uma grande lição.” E um largo sorriso encheu os seus olhos.
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Fernando Martins

Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 07 Julho , 2009, 14:35

Carta Encíclica «Caritas in veritate» do Papa aos Bispos, aos Presbíteros e Diáconos, às pessoas consagradas, aos fiéis leigos e a todos os homens de boa vontade sobre o desenvolvimento humano integral na caridade e na verdade


"As grandes novidades, que o quadro actual do desenvolvimento dos povos apresenta, exigem em muitos casos novas soluções. Estas hão-de ser procuradas conjuntamente no respeito das leis próprias de cada realidade e à luz duma visão integral do homem, que espelhe os vários aspectos da pessoa humana, contemplada com o olhar purificado pela caridade. Descobrir-se-ão então singulares convergências e concretas possibilidades de solução, sem renunciar a qualquer componente fundamental da vida humana.
A dignidade da pessoa e as exigências da justiça requerem, sobretudo hoje, que as opções económicas não façam aumentar, de forma excessiva e moralmente inaceitável, as diferenças de riqueza [83] e que se continue a perseguir como prioritário o objectivo do acesso ao trabalho para todos, ou da sua manutenção. Bem vistas as coisas, isto é exigido também pela «razão económica». O aumento sistemático das desigualdades entre grupos sociais no interior de um mesmo país e entre as populações dos diversos países, ou seja, o aumento maciço da pobreza em sentido relativo, tende não só a minar a coesão social - e, por este caminho, põe em risco a democracia -, mas tem também um impacto negativo no plano económico com a progressiva corrosão do « capital social », isto é, daquele conjunto de relações de confiança, de credibilidade, de respeito das regras, indispensáveis em qualquer convivência civil."
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Ler toda a Carta Encíclica aqui

Editado por Fernando Martins | Sexta-feira, 27 Março , 2009, 13:21


Esta afirmação resume, de modo feliz e interpelante, a explicação dada por Jesus a propósito do que estava a acontecer num encontro em Jerusalém: uma voz semelhante a um trovão faz-se ouvir, a multidão inquieta e perplexa tenta uma explicação, Jesus anuncia a chegada da hora da sua glorificação, o pedido dos peregrinos gregos é satisfeito de modo exemplar e significativo. Servem de mediadores Filipe e André que escutam, acolhem e encaminham o desejo destes peregrinos.

Por vossa causa, abre Jesus o seu coração, comunica sentimentos, manifesta perturbação e angústia, parece hesitar na decisão tomada, reafirma a opção feita de, por amor, ir até ao fim. Revela-se tão humano na provação e na debilidade. Tão generoso na ousadia e na confiança. Que exemplo para quem assume a vida com honradez e seriedade!

Por vossa causa, ecoa a voz que sintoniza com a prece de Jesus e manifesta o sentido profundo e realista daquela experiência de aflição de morte, desvendando a presença discreta de Deus Pai. Uma voz se faz ouvir na confusão de tantas vozes da multidão. Ontem como hoje. Importa saber escutar o que diz a voz da verdade inteira e não ficar com meias verdades, ainda que nos custe. Só a verdade gera a liberdade.

Por vossa causa, chega a hora de Jesus manifestar o seu amor por nós, amor mais forte do que a morte, sobretudo quando esta é acompanhada de falsas acusações, insultos e afrontas que visam degradar o estatuto social do condenado e vilipendiar a sua memória junto dos conterrâneos e transeuntes. Também para nós, chega a hora de amar sem restrições nem adiamentos, dando preferências aos que “sofridos da vida”, os desiludidos e desencantados.

Por vossa causa, fica lavrada a sentença de avaliação definitiva dos nossos comportamentos actuais: salva-se quem ama e é coerente em acções de bem-fazer; perde-se quem é egoísta e faz valer os seus interesses individuais. Estamos em auto-avaliação contínua. O método e os critérios são claros; As estratégias bem definidas. Os protagonistas somos nós, cada um por si e todos em solidariedade.

Georgino Rocha

Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 12 Março , 2009, 17:33

Está a decorrer, até domingo, o peditório nacional organizado pela Cáritas. A receita servirá para esta organização, a vários níveis, poder ajudar quem tem mais necessidade. Importa agora que ninguém fique indiferente, na certeza de que as nossas contribuições vão direitinhas para pessoas carentes do essencial para viver.
Garantiram-me, há dias, que a afluência de voluntários para este peditório não foi muito expressiva. Num país, como o nosso, cheio de reconhecidas generosidades, estranho esta indiferença. Talvez o excesso de trabalho e de preocupações tenham contribuído para isso. Mas se assim é, vamos agora responder com as nossas dádivas.
Todos sabemos que a crise afecta sobretudo os desempregados e as suas famílias. E são eles que, muitas vezes de forma envergonhada, recorrem à Cáritas. Por isso, paralelamente, podemos e devemos olhar para quem vive ao nosso lado, para descobrirmos quem passa fome. Esta será uma boa forma de colaborar com quem se preocupa com a pobreza no nosso país.

Editado por Fernando Martins | Segunda-feira, 09 Março , 2009, 11:30
DANDO E DANDO-SE SEM ESPERAR RECOMPENSA

Sara, ao centro, com colegas


No fim-de-semana, 60 jovens do Arciprestado de Ílhavo participaram numa experiência de voluntariado social, programada com o título “Andar Solidário”. A experiência teve como painéis de fundo instituições do concelho, nomeadamente, a Obra da Criança, o CASCI e os Lares de São José, do Divino Salvador e de Nossa Senhora da Nazaré. A acção culminou na eucaristia dominical, às 11 horas, na Gafanha da Nazaré, presidida pelo Prior Francisco Melo, que coordenou o projecto.
Para o Prior da Gafanha da Nazaré, esta iniciativa, que se inseriu no Plano Pastoral do Arciprestado de Ílhavo, onde se concretiza o Plano Diocesano, teve, como objectivo, “despertar nos cristãos o sentido da caridade e da solidariedade”.
Este projecto envolveu 60 dos 300 jovens ligados à Pastoral Juvenil das seis paróquias do arciprestado, sendo certo que, vivências como esta, hão-de repetir-se, também noutras faixas etárias.

Animação no Lar de São José


O Padre Francisco adiantou que o voluntariado, “dando e dando-se sem esperar recompensa”, é fundamental no mundo em que vivemos, onde “tudo se paga e tudo tem um preço”.
A Sara, que cumpriu a sua tarefa no Lar Nossa Senhora da Nazaré, garantiu-nos que estava a ficar “mais informada”, acrescentando que assim se “construía como pessoa, recebendo mais do que dava”.
Para a Irmã Donzília, do Lar de São José, a presença dos jovens junto dos idosos é muito gratificante. Embora neste lar haja voluntários mais velhos, a realidade é que a juventude consegue “dar outra vida” a toda a gente. “Sinto no rosto dos idosos a alegria de ver os jovens com esta boa disposição”, disse.
Informou que nesta casa o aspecto da animação está assegurado por uma técnica, mas aos fins-de-semana fica tudo muito parado. Era interessante, por isso, que houvesse mais voluntários para suprir carências a este nível. “No Natal e no Carnaval, há sempre grupos que aparecem, porém, depois… durante o resto do ano, todos se esquecem…”, frisou.

Jogo na Casa da Criança

O Luís, que jogava basquetebol na Casa da Criança, considerou esta acção muito enriquecedora. Aqui, “encontramos a fragilidade da vida de muitos jovens acolhidos pela instituição; às vezes, nem nos apercebemos dos problemas por que passaram”, disse. Mas logo acrescentou que os viu felizes. Ao sublinhar a importância de sairmos dos nossos aconchegos para viver momentos como este, o Luís, questionou-se: “Nós, que temos tudo, como é que reagiríamos, se vivêssemos situações como as que alguns jovens da Casa da Criança viveram?”

FM


Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 04 Março , 2009, 21:36

"A Cáritas é chamada a ser expressão estrutural da Igreja, forma organizada, operativa e dinâmica do modo cristão de viver, junto dos mais pobres e excluídos da sociedade. Em cada diocese, em comunhão com o Bispo, a Cáritas é órgão integrador e dinamizador da pastoral sócio-caritativa. Através da Caritas, o Bispo pode promover e garantir a atenção da sua Igreja particular aos irmãos mais necessitados."
Carlos A. Moreira Azevedo,
Presidente da Comissão Episcopal de Pastoral Social
Ler toda a Mensagem aqui
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Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 24 Fevereiro , 2009, 21:47
Nas Florinhas do Vouga (Foto do meu arquivo)

AS FLORINHAS DO VOUGA VIVEM A OUSADIA DA CARIDADE

"Setenta anos depois da sua fundação é outra a vida das crianças e das famílias e bem diferente a realidade humana e social de Aveiro. Mas continua a ser necessária esta Instituição. Como Instituição da Igreja, as Florinhas do Vouga vivem a ousadia da caridade evangélica, onde se espelha e afirma o amor de Deus pelo seu povo e como Instituição prestigiada e amada de Aveiro sentem-se ao serviço da cidade, da diocese e da região. Não pode ter limites nem demoras o serviço aos mais pobres. Os pobres não podem esperar. Que o digam os sem abrigo, que diariamente recebem a Ceia com calor! Não pode haver fronteiras no horizonte da missão que Florinhas do Vouga assumiu ao procurar fazer bem o bem, lá e sempre, onde for necessário. Que o digam tantas vidas sofridas, espelhadas no rosto das crianças da Creche, do Jardim de Infância e do A.T.L., na voz tantas vezes silenciada das famílias do Bairro de S. Tiago, dos carecidos de refeição ou de vestuário, no olhar ansioso de jovens e adultos em busca de um futuro digno e na procura preocupada de tantos outros que sabem que aqui encontram portas sempre abertas e gente de coração livre e disponível para iluminar caminhos de alegria e de esperança."
Do discurso do Bispo da Aveiro, no dia na inauguração

Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 07 Janeiro , 2009, 12:49

Não seria possível acolher
os sem-abrigo nos lares?

Face à crise económico-financeira, anunciada no mundo ocidental, o Papa já fez o seu apelo para que vivêssemos com sobriedade e em espírito de solidariedade. Os políticos e demais responsáveis pela sociedade também não se cansam de nos alertar para a necessidade de cuidarmos do futuro, ensaiando e levando à prática comportamentos de contenção nas despesas.
Por outro lado, importa implementar nas instituições de solidariedade social e de caridade uma redobrada atenção, no sentido de ajudarmos os que mais precisam.
Ontem, por causa do frio, até tendas foram montadas para proteger os sem-abrigo, reforçando-se a distribuição de roupas, outros agasalhos e alimentos quentes. Era o mínimo que se poderia fazer. Mas continuo a pensar nesta triste realidade, que nos leva a aceitar, como indiscutível inevitabilidade, a existência dos sem-abrigo.
Eu sei, por conversas que já mantive com alguns que prestam apoio aos que vivem na rua, que o problema é muito complexo. Por exemplo, há pessoas que se recusam, pura e simplesmente, a ingressar num qualquer lar. São pessoas marcadas por contingências diversas e complicadas, que as levam a optar por essa forma estranha de viver. Mas não seria oportuno que técnicos credenciados estudassem a fundo a questão, tendo em conta que cada caso é um caso, para que os sem-abrigo fossem acolhidos nos lares?

FM

Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 18 Dezembro , 2008, 12:17

ATITUDES A TER EM CONTA

O tradicional jantar de Natal da Obra da Providência foi este ano um pouco diferente do que é habitual. A crise económica actual e o exemplo de uma certa parcimónia ditaram as suas leis. Juntando a isso o desejo da direcção de convidar não só os dirigentes, antigos dirigentes e funcionárias, mas também as suas famílias, levou a esta bonita opção. A refeição foi preparada, em grande parte, por todos. E à roda da mesa, então, todos se sentaram e conviveram, como se no melhor restaurante estivessem. Exemplo a aproveitar. Maria da Luz Rocha, uma das fundadoras, marcou presença no jantar, com todo o seu carinho pela instituição de que foi directora durante décadas. Uma outra fundadora, Rosa Bela Vieira, por razões de saúde, não pôde comparecer, mas o seu espírito esteve com toda a gente.
Logo a abrir, e depois das palavras de boas-vindas do presidente Eduardo Arvins, o Prior da Gafanha da Nazaré, Padre Francisco Melo, lembrou o nascimento da Obra da Providência, desejando que a chama da atenção aos outros se mantenha. A Obra da Providência, nasceu – referiu – como gesto de caridade. As fundadoras agiram enquanto vicentinas, pondo em prática o mandamento do amor.
As instituições ligadas à Igreja Católica não podem descurar essa faceta, sob pena de menosprezarem e de traírem a sua matriz cristã. Urge, pois, viver a solidariedade na caridade, sublinhou o Padre Francisco Melo. Aliás, ainda adiantou que as instituições de solidariedade social de cariz cristão devem em tudo mostrar a sua diferença, para melhor, no respeito pelo cumprimento das leis, na seriedade do seu agir, na atenção aos que mais precisam.
Outro momento significativo foi a entrega à direcção da Obra da Providência de um conjunto de dossiês, constituído por inúmeros documentos e fotos, que são o retrato histórico da vida da instituição, com mais de meio século de trabalho com os que precisam. Foi organizado pelas irmãs Ascensão Ramos e Margarida Lagarto, filhas de uma fundadora, Maria da Luz Rocha.
Durante o jantar, um dirigente da instituição, Eduardo Almeida, especialista em artes mágicas, brindou os convivas com alguns números do seu reportório. A vida, de facto, sem a alegria de alguma magia, não faz sentido.

FM

Editado por Fernando Martins | Domingo, 19 Outubro , 2008, 12:23

É preciso coragem para agir em favor de quem nada tem

O mundo católico celebra hoje o Dia Mundial das Missões. Hoje, como desde a primeira hora do cristianismo, a missão é um compromisso de todo o baptizado. Sempre de missão se falou e neste dia, em especial, a Igreja Católica não deixará de o fazer de novo em todas as frentes.
Fundamentalmente, porque esse foi o mandato do Mestre. Depois, porque a Igreja acredita e defende que a Boa Nova de Jesus Cristo é passo importantíssimo para a construção de um mundo melhor.
Sem apostar no proselitismo, os crentes têm à sua frente o campo do testemunho como forma indeclinável de propor o Evangelho como código de vida com capacidade de criar uma nova humanidade. Nessa linha, a missão é projecto dos fiéis para todos os dias de todos os anos.
A comunicação social não deixará, por certo, de nos mostrar exemplos concretos de muitos que deixam tudo, temporária ou permanentemente, para testemunhar o Evangelho, na prática diária da caridade e da promoção social, educativa e cultural. Alguns exemplos até nos comovem. Porém, o importante não é ficarmos simplesmente comovidos com tanta doação. Mais do que isso, é urgente que cada um sinta que é indispensável apoiar, por variadíssimas formas, quem dela precisa em terras onde as populações de tudo estão carentes.
Não vale a pena falar desses casos. Eles são suficientemente conhecidos. O que é necessário é conseguirmos coragem para agir em favor de quem nada tem.

Fernando Martins

Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 01 Julho , 2008, 15:01

A diocese de Aveiro estará nos próximos cinco anos voltada para o serviço da caridade. Este anúncio foi feito por D. António Francisco dos Santos, bispo de Aveiro, por ocasião do dia da Igreja Diocesana, que teve lugar no domingo, no Santuário de Santa Maria de Vagos.
O actual ano pastoral foi voltado para “O serviço aos mais pobres é sinal visível e expressivo da verdadeira Igreja de Jesus Cristo”. Mas porque “servir os pobres com uma solicitude permanente” e caridade “não se esgota nunca”, a igreja de Aveiro sente que “o trabalho pastoral ao longo do ano realizado deve ampliar-se, alargar-se e consolidar-se”.
Na homilia que o Bispo de Aveiro dirigiu aos diocesanos, assinalando também o início do ano Paulino, D. António Francisco dos Santos referiu que a igreja diocesana quer “aprender com Paulo a paixão pelo Ressuscitado, o gosto pela sabedoria do Evangelho, a abertura aos novos caminhos da renovação, a determinação para ir ao encontro de todos na imensa vastidão do mundo a evangelizar”.
“Temos tanto a aprender com estes Apóstolos (Pedro e Paulo) para não fecharmos o anúncio do Evangelho e a missão da Igreja àqueles que já conhecem Deus, que já vivem d’Ele”.
D. António Francisco dos Santos indica que espera “uma sociedade nova a nascer de uma civilização em mudança, onde a procura de Deus é silenciosa e complexa, onde as praças já não têm lugares para o Deus desconhecido, mas onde no coração humano continua a haver espaço para o Deus necessário”.
“Esperam crianças sem baptismo, jovens desejosos de encontrar certezas de fé e razões de esperança, famílias que querem ver o seu amor abençoado e os seus filhos a crescer com critérios de dignidade e de valor, idosos a braços com provações trazidas pelo peso da idade, pela doença e pela solidão”, pois são muitos os que aguardam “sinais concretos de acolhimento da Igreja” para regressar a uma descoberta da fé, numa missão confiada a todos.
“Todos somos chamados e convocados para a missão: bispo, presbíteros, diáconos, consagrados(as) e leigos(as)”.



Fonte: Ecclesia

Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 22 Maio , 2008, 09:04
Os problemas da fome e da subalimentação voltaram a ser notícia de primeira página. As pessoas responsáveis sabem que estes problemas nunca deixaram de existir, com gravidade extrema, e que o seu agravamento actual era previsível. Sabem igualmente que se têm desenvolvido esforços meritórios para os resolver, e sabem, tragicamente, que não se conhecem estratégias válidas para que eles sejam erradicados.
Em relação à fome em Portugal, ainda não assumimos, responsavelmente, o problema; nem nós, cidadãos, nem o Estado nem a maioria das instituições. Em contrapartida, a acção social da Igreja e alguns contributos não confessionais oferecem uma proposta parcial, bastante simples, que poderia generalizar-se facilmente a todo o país. Ela foi apresentada, há cerca de vinte e cinco anos, nas primeiras semanas nacionais de pastoral em Fátima, e visava todos os problemas sociais.
Segundo esta proposta, a acção social deveria visar quatro objectivos fundamentais: - a assistência, a promoção, o desenvolvimento e a transformação social. Aplicando os quatro objectivos às situações de carência alimentar no país, parecem recomendáveis três linhas de acção: - a resposta imediata (de natureza assistencial); a cooperação para a autonomia pessoal alimentar; e a intervenção no desenvolvimento local. - A resposta imediata consiste em «dar de comer a quem tem fome»; a cooperação para a autonomia respeita ao contributo para que as pessoas carenciadas encontrem soluções, não dependentes de outrem, para a superação de suas carências, não caindo na habituação nem no oportunismo; e a intervenção no desenvolvimento local deveria traduzir-se na criação de condições para se evitarem tais carências. Naturalmente, estas linhas de trabalho social não se podem limitar ao âmbito local; mas dificilmente produzirão resultados consistentes se não começarem por aí.
Limitando-nos, por ora, só às respostas imediatas - «dar de comer» - justifica-se formular as seguintes questões: - Existem razões válidas para que não se crie, em cada freguesia ou paróquia, um grupo de voluntariado social de proximidade (com representantes das diferentes zonas), que tome conhecimento de cada situação de carência alimentar, e desencadeie as iniciativas imediatas para a superar? Existem razões válidas para que esse grupo, a junta de freguesia, a paróquia, as instituições sociais públicas e particulares, os cafés e restaurantes, outras empresas e tantas outras entidades não dêem as mãos para que ninguém passe fome e para que sejam bem aproveitados os excedentes alimentares? Existem razões válidas para que não se intervenha junto das autarquias locais, de organismos da administração pública central e do próprio Governo, a fim de que também eles se comprometam seriamente na erradicação de tão grave flagelo? Felizmente, já é significativo o número de entidades que, a par dos bancos alimentares contra a fome, actuam deste modo; importa que congreguem seus esforços, e que o movimento contra a fome se difunda por todo o país.

Acácio Catarino

Fonte: Correio do Vouga

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