de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 02 Fevereiro , 2010, 20:40


D. António Francisco dos Santos critica o Estado por não apoiar as pequenas e médias empresas (PME) e se esquecer dos jovens que procuram o primeiro emprego na região.

«O Bispo de Aveiro reconhece que a Universidade local está atenta às necessidades da região, mas isso só não chega: “As empresas estão atentas aos jovens que tiram aqui os seus cursos e há novas empresas a fixarem-se aqui. Em todo o caso há situações concretas de jovens que não encontram o primeiro emprego e empresas com dificuldades e acho que o estado devia dar incentivos às empresas e famílias”.
O Bispo de Aveiro elogia a Universidade local, e fica satisfeito que vá acolher um novo curso de Medicina, vocacionado para quem já é licenciado.
D. António Francisco dos Santos não dúvida que será mais uma oportunidade para Aveiro se destacar: “A Universidade de Aveiro tem tido capacidade de ser criativa e está atenta aos desafios de hoje”, afirma.»

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Nota: Texto e foto da RR
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Editado por Fernando Martins | Sábado, 19 Dezembro , 2009, 00:22

Vivemos uma "deriva libertária"
desde a II Guerra Mundial

As sociedades ocidentais estão a viver uma "deriva libertária" desde o final da II Guerra Mundial, da qual resulta que se alguém quer algo, isso "é razão e quase que moral suficiente para seguir, independentemente do que os outros pensem ou do que as instituições nos peçam", afirma o bispo do Porto numa entrevista concedida ao Expresso e que será capa do suplemento Actual no próximo sábado. Confrontado com a necessidade de perceber se, mais do que uma deriva libertária o que assistimos é a uma afirmação do indivíduo, o prémio Pessoa 2009 sustenta, numa parte da entrevista agora divulgada em exclusivo na edição em linha do Expresso, que "não somos indivíduos. Filosoficamente falando somos pessoas. O indivíduo é aquele que já não se divide mais. Eu sou uma pessoa. Vivo no feixe de relações e vivo numa sociedade tão contraditória como a portuguesa, também com as instituições que têm promovido os valores que a têm definido ao longo dos tempos. Vivo com os outros e com as liberdades e as responsabilidades dos outros".
Não é apenas porque "me apetece ou queira que devo forçar a formalização daquilo que me apetece a mim e a mais um ou dois como eu", diz D. Manuel Clemente. Deste modo, mais do que saber se o interesse das instituições deve sobrepor-se aos interesses pessoais, o bispo defende que "devemos conjugar-nos como pessoa na relação com as outras pessoas e também com as instituições" .

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Editado por Fernando Martins | Sexta-feira, 11 Dezembro , 2009, 21:31


D. Manuel Clemente


"D. Manuel Clemente é uma referência para a sociedade portuguesa", salientou Balsemão


A caminho de casa, de uma viagem a Coimbra, ouvi pela rádio que o Prémio Pessoa 2009 foi atribuído a D. Manuel Clemente, Bispo do Porto e Presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais. Foi um prazer muito grande, o que eu senti ao ouvir esta boa nova, merecidíssima, mas inesperada para mim. Não que D. Manuel Clemente não merecesse tal galardão, atribuído pelo Expresso e pela Caixa Geral de Depósitos, no valor de 60 mil euros, mas tão-só por estar habituado a ver o prémio seguir para personalidades de outras culturas, não necessariamente de inspiração cristã. Um homem da Igreja como ele sempre foi, mas aberto ao mundo contemporâneo, com uma capacidade de diálogo fascinante e com uma cultura que nos inebria, fica bem com esta distinção.
Tive o privilégio de o ouvir diversas vezes, em encontros relacionados com a pastoral da cultura. O seu jeito de estar próximo de todos, as suas respostas oportunas e convincentes, a sua capacidade para ouvir e o seu sorriso permanente, de quem testemunha a vida alicerçada em Cristo, são um claro e iniludível exemplo de como deve ser um bispo para o nosso tempo.
Os meus parabéns, não apenas para D. Manuel Clemente, mas também para o júri que soube olhar e ver, num bispo da Igreja Católica, alguém que sabe viver na sociedade e para a sociedade, num contínuo diálogo entre fé e cultura, na certeza de que ambas as componentes se complementam, sem necessidade de guerras ridículas, entre crentes e não crentes.

Fernando Martins




Editado por Fernando Martins | Domingo, 25 Outubro , 2009, 00:49
BACALHAU EM DATAS - 44



D. João Evangelista


A BÊNÇÃO DO INÁCIO CUNHA

Caríssimo/a:

Vem daí comigo ao Estaleiro que o ambiente é de festa... Já lá vão tantos anos, mas vale a pena observar tudo através dos olhos privilegiados de alguém que participa e vive intensamente o momento:

«A BÊNÇÃO DO LUGRE

O cenário é o mesmo do da nau Portugal. Um sopro discreto e fagueiro do vento encrespa e orla de espuma a maré-cheia. Sabem-nos os beiços e a língua a salgado. E dentro da alma, à sua maneira, na sua esfera, sente-se como que a repercussão da frescura que, por fora, nos toca e consola a pele.
Estava tentado a repetir o que ouvi uma vez ao Cónego Pontes, num êxtase, diante de um espectáculo soberbo do Atlântico:
- Há coisas que nos reconciliam com a Natureza!
Eu não ando zangado com a Natureza; ao contrário, eu e ela sempre nos temos entendido perfeitamente. Mas, com efeito, no caso de alguma hora de amuo que nem todas as horas são as mesmas na vida, aquela Gafanha que só tem de esquisito o nome, com a cintura azulada das suas águas, com o murmúrio terno das suas ondas, com aquele ar fino que nos limpa a fronte, se o suor corre penosamente por ela, com aquela agitação das gaivotas, das narcejas e dos maçaricos que parecem doidos de alegria e de fome, só ela bastaria para fazer as tais pazes de que falava, à beira do Oceano, o filósofo Pontes. Não era preciso mais nada.
Os estaleiros eram nessa tarde campo apertado para uma tal multidão de gente. Valia, para os descongestionar um pouco, a linha longa da estrada e da praia e, melhor ainda, o convés dos navios vizinhos, as amuradas, e até as vergas dos mastros, improvisadas para o efeito em camarotes e galerias. Não haveria teatro que se lhes pudesse parecer.
E no meio lá estava ele, o «lnácio da Cunha», ainda preso à terra pelas amarras, ainda seguro por cabos, mas parece que com dois olhos enormes na quilha a cobiçar já as águas e a lamentar a demora do seu bota-abaixo. Lembrava a águia que se quer lançar aos espaços e fitar de frente nas alturas o sol, mas que se sente atada por um laço no pé ao chão.
A Igreja, nestas bênçãos dos barcos de pesca, foi buscar ao Evangelho o que mais próprio poderia parecer para animar e dar confiança e alegria aos homens na sua faina: a tempestade de Tiberíades, quando os apóstolos, cansados de lutar com as ondas, ao fim vencidos, foram acordar o Mestre que dormia tranquilo, como um menino no regaço da sua mãe, à proa da bateirinha; e o Mestre, erguendo-se, esfregando os olhos do sono, disse-lhes com dolente sorriso, que era uma benção:
- Não estava eu aqui? Que medo é esse?
Ou então quando os apóstolos, ainda pescadores, depois de uma noite inteira de labuta infrutífera, tendo-lhes pergunntado o Mestre, ao romper da manhã, vaga silhueta na praia, em pé na areia:
- Moços, foi boa a pesca?
E eles reponderam, abanando os ombros de fadiga e desânimo:
- Nem sequer um!
- Deitai as redes daquele outro lado - apontou o Senhor.
E daí a pouco, ao recolherem o saco, era peixe de estoirar as malhas!
Coisa maravilhosa! - já dizia no seu tempo Montesquieu - A Igreja Católica, que parece não ter outra ocupação senão os destinos eternos do homem, também se interessa, mesmo até estas minúcias de ventos prósperos e pescarias, mesmo até pequenos detalhes de enxalavares e de remos, pelo aconchego material dos seus filhos. E, sem que nenhum mestre de cerimónias indicasse ao povo a liturgia do acto, ele por si mesmo, com uma espécie de instintivo respeito, ministros, soldados, marinheiros, magistrados, arrais, pescadores, operários, crianças, todos se descobriram e perfilaram quando o Pontífice, com o seu raminho de paz, de água benta, aspergiu o costado e o coração da nau e assim a fortaleceu para os dramas e para as conquistas do mar.
- Aquelas duas escoras acompanham o navio até à água - explicava assim ao meu lado uma mulher com a cara tão torrada do sol da Gafanha que já parecia da cor do seu lenço preto.
Não se poderia exprimir por uma forma tão graciosa, tão poética, tão literária, eu ia a dizer tão rítmica, tão musical, um pensamento de pura técnica. O que se aprende a escutar o povo!
O mundo então por um momento parou.
- Em nome de Deus e da Pátria, vai lá!
Ouviu-se a voz do machado que partia as cordas no seu cruzamento e logo a mole, até aí parada, tomou fôlego, deu um arranco e docemente mergulhou na ria, dando em seguida, com uma elegância estranha, meia volta para se mostrar a todos.
O cenário era o mesmo mas desta vez, graças a Deus, a nau não tombou para o lado, com a melancólica resignação da outra, com os mastros estendidos na água como em esquife.
Deus vá e volte contigo, com os seus anjos e arcanjos ao leme, com a Estrela do Mar a guiar-te, adormecida nas ondas, ó nau da Pátria!»
(CV, n.º 731, de 5-5-1945, pg. 1)

in Aveiro-suas gentes, terras e costumes, D. João Evangelista de Lima Vidal, pp. 131-133

Manuel




Editado por Fernando Martins | Sexta-feira, 28 Agosto , 2009, 20:02

Completaram-se ontem dez anos sobre a morte de D. Hélder Câmara, o Bispo que mostrou ao mundo um outro modo de olhar o homem sofredor. Tive o grato prazer de o ouvir, há anos, na Sé de Aveiro, cheia como um ovo, em cerimónia simples presidida por D. Manuel de Almeida Trindade. D. Hélder dirigiu a quem estava uma mensagem simples e fraterna, habitual na sua pessoa. Ficou no meu espírito a ideia de um homem de fé, que acreditava numa justiça social assente na Boa Nova de Jesus Cristo.


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Editado por Fernando Martins | Sexta-feira, 07 Agosto , 2009, 14:36

Ao início da noite de ontem, Deus chamou à Sua presença a Sra. Donzelina dos Santos, mãe do Sr. D. António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro.
Depois de longos anos de enfermidade, vivida em profunda união com Deus, foi chamada para a Casa do Pai.
Os seus restos mortais encontram-se em câmara ardente na Casa de Retiros de S. José, em Lamego, onde residiu nos últimos anos.
A Solene Missa Exequial realizar-se-á na Sé Catedral de Lamego, amanhã, sexta-feira, pelas 11.00h. O seu funeral seguirá para a sua terra natal, Tendais, no concelho de Cinfães, onde será celebrada Santa Missa de Corpo presente, pelas 17.00h.
A Diocese de Lamego, o seu Bispo, o seu Clero e todos os fiéis associam-se à dor de D. António Francisco e à da sua família, e não deixará de elevar a Deus preces pela alma desta generosa mãe que ofereceu tudo o que tinha à Igreja.
Neste momento, importa também destacar a generosidade das pessoas que, mais de perto, foram acompanhando a Sr. D. Donzelina na sua doença, e sempre a cuidaram com todo o carinho e atenção.
Deus, que nunca se deixa vencer em generosidade, acolha a alma desta sua serva. Possa ela gozar da visão beatífica na presença do Eterno Pai.

Gabinete de Imprensa da Diocese de Lamego
06-08-2009
NOTA: Associo-me à dor de D. António Francisco com a solidariedade cristã que me é possível, na certeza de que Deus já acolheu, com toda a ternura maternal, a mãe do meu bispo.
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Editado por Fernando Martins | Segunda-feira, 15 Junho , 2009, 13:50

Os bispos portugueses vão estar esta semana reunidos em Fátima nas Jornadas Pastorais da Conferência Episcopal Portuguesa. Num ano profundamente marcado pela crise económica e financeira, e na sequência do Simpósio «Reinventar a Solidariedade (em tempo de crise)» que a CEP realizou a 15 de Maio, os bispos portugueses querem aprofundar a reflexão e por isso, vão centrar-se no tema «Pastoral sociocaritativa: Novos problemas, novos caminhos de acção».

Um comunicado enviado à Agência ECCLESIA dá conta que, para além dos bispos portugueses, estarão presentes dois delegados de cada diocese, "particularmente responsabilizados no campo da pastoral social".

A jornada que começa na tarde desta Segunda-feira e termina no dia 18, Quinta-feira pelas 14 horas, vai contar com a ajuda de "alguns professores da Universidade Católica Portuguesa", do Secretário da Comissão de Assuntos Sociais da Conferência Episcopal Francesa, o Pe. Jacques Turck, entre outras individualidades.

O mesmo comunicado aponta que as conclusões das Jornadas serão apresentadas à comunicação social na tarde de Quinta-feira, às 14 horas. O Pe. Manuel Morujão, porta-voz da CEP afirma ainda que "eventualmente serão abordados alguns pontos da breve Assembleia Plenária dos Bispos que terá lugar na manhã do dia 18".

Na conferência de imprensa estará presente D. Jorge Ortiga, Presidente da CEP, o Vice-presidente, D. António Marto, o Pe. Manuel Morujão, secretário da CEP e ainda D. Carlos Azevedo, Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social.

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Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 08 Abril , 2009, 19:40

Páscoa - Vitória da vida

Com mera naturalidade e numa primeira sensação, verificamos que a morte nos aparece a prevalecer sobre a vida. Foi o que aconteceu com Jesus Cristo, naquela sexta-feira, 7 de Abril do ano 30. Com imenso amor, Ele amou de tal modo os homens e as mulheres que deu a vida por eles. Depois, quando parecia evidente que tudo ia terminar em derrota, eis que Deus intervém poderosamente e ressuscita o seu Filho e Servo fiel. Não há poder humano que resista ao querer de Deus.
É esta a mensagem do dia de Páscoa para os cristãos e para as pessoas de boa vontade. A vitória da vida surge mesmo através da morte. Assim como a bela rosa se abre entre espinhos, a linda flor de nenúfar cresce no meio dos pantanais e a esperança vence qualquer crise, também a vida em autenticidade manifesta-se naturalmente pelo testemunho alegre da fé em Cristo e pelas obras de serviço aos irmãos. A Deus, que é o Vencedor e o Senhor da Vida, pertence sempre a última palavra, que é a palavra da vitória. Neste ano paulino, recordo o que escreveu o apóstolo na primeira carta aos coríntios (15, 54-57): - «A morte foi absorvida na vitória»; por isso, «dêmos graças a Deus, que nos dá a vitória por Jesus Cristo.»
Nesta data singular, inundada de alegria festiva, faço votos sinceros por uma Páscoa muito feliz, como expressão de júbilo tanto no seio das nossas comunidades e das nossas famílias, como no íntimo de todas as pessoas que, por qualquer motivo, vivem connosco, nas cidades, vilas e aldeias da nossa Diocese de Aveiro.
Aveiro, 8 de Abril de 2009
António Francisco dos Santos,
Bispo de Aveiro

Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 31 Março , 2009, 15:33



"D. Manuel Clemente não é o primeiro cujas homilias são editadas. Há antigas tradições de que António Vieira é seguramente um dos principais patronos. E aqui no Porto, também não é uma novidade absoluta: basta lembrar D. António Ferreira Gomes. Por que razão então sublinho este gesto? Porque não é comum, como já disse. Mas sobretudo porque revela uma maneira diferente de exercer as suas funções. Quem publica, quer ser lido. Quem lê, reflete e pensa. Quem pensa, verifica o pensamento dos outros, dos autores. Quem comenta, acrescenta qualquer coisa. Por outras palavras, quem edita, submete-se ao julgamento dos leitores, quer dialogar com eles, dispõe-se à discussão e expõe-se ao escrutínio. Não se satisfaz com a palavra catedrática, não pretende que acreditem apenas na autoridade do magistério."
Ler todo o texto aqui
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Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 18 Fevereiro , 2009, 21:05
No dia 26 de Fevereiro, quinta-feira, entre as 18.30 e as 19.30 horas, vai ser homenageado o antigo Bispo de Aveiro, D. Manuel de Almeida Trindade, falecido em Agosto do ano passado. A homenagem insere-se no âmbito do Ciclo Aveirenses Ilustres e terá lugar no auditório do Museu da Cidade. O palestrante convidado vai ser o actual Bispo de Aveiro, D. António Francisco dos Santos.
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Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 17 Fevereiro , 2009, 21:04
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Uma Igreja renovada na fidelidade e no amor
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Na sua Mensagem Quaresmal, o Bispo de Aveiro, D. António Francisco, lembra que é na Páscoa de Jesus que somos chamados a viver a “nobreza dos seus sentimentos, a audácia dos seus gestos, a entrega corajosa da sua paixão, a alegria jubilosa da sua ressurreição.”
Recomenda, depois, que “A Quaresma surge como um tempo especial para contemplarmos o modelo de vida que Jesus nos comunica”, o que constitui “uma oportunidade privilegiada para intensificarmos a renovação da Igreja diocesana”, no sentido de a tornar, “no mundo, farol de esperança para todos”, servindo “com desvelo os mais pobres.”
Pode ler toda a Mensagem aqui

Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 20 Agosto , 2008, 09:39

D. Manuel faleceu em Coimbra

UMA VIDA LONGA E CHEIA DE JESUS CRISTO

Recebi ontem, 5 de Agosto, cerca das 20 horas, a triste notícia do falecimento de D. Manuel de Almeida Trindade, primeiro Bispo Emérito de Aveiro, em Coimbra, onde fixou residência depois de ter deixado Aveiro, em 1988.
Depois dessa data, nos aposentos que lhe destinaram, no Seminário onde fora aluno e reitor, aí continuou a sua caminhada de cristão como nós e de Bispo para nós. Não só rezando e meditando, mas também lendo e escrevendo, aproveitando inúmeros apontamentos e registos que guardou ao longo da sua vida de seminarista, presbítero e bispo, partilhando com os seus leitores vivências, testemunhos, impressões, emoções e saberes, na perspectiva de um apostolado consciente e responsável.
D. Manuel entrou em Aveiro precisamente na época conciliar (Vaticano II), tendo participado nos seus trabalhos, ainda antes de ser ordenado bispo. Por isso, D. Manuel esteve perfeitamente identificado com a renovação da Igreja proposta pelo concílio, por muitos considerado o fulcro da maior revolução eclesial do século XX.
Porém, se foi importante esse facto, de que veio a beneficiar toda a vida da Igreja Aveirense, pessoalmente atrevo-me a recordar, hoje, tão-só o bispo que me marcou pelo seu trato simples e afável, o teólogo que me fez pensar nos mistérios e na grandeza de Deus, o homem que era capaz, sem qualquer dificuldade, de falar com a criança ingénua e com o idoso carente de ternura e de compreensão. Ainda com o culto e com o inculto, seguindo o princípio de que é mais importante ouvir do que falar. Lembro também que era pessoa atenta à sua obrigação de concluir qualquer conversa com um conselho oportuno, com uma admoestação fraterna, com um preceito evangélico pertinente.
D. Manuel, que algumas vezes me segredou ser cristão connosco e bispo para nós, parafraseando Santo Agostinho, manteve, com muita simplicidade, uma postura humilde, a par de um sentido de fraternidade evangélica muito grande. Teólogo atento aos ventos da história, aberto às preocupações e anseios das pessoas, das quais se considerava igual, manifestava a todo o momento, com terna naturalidade, a missão profética de que estava investido, que o levava a intervir, na praça pública, com determinação, enfrentando poderes que ousaram menosprezar o estatuto e os valores da Igreja, que sentia ser sua obrigação defender, quer como presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, quer como bispo e como cidadão, posição de que nunca abdicou.
Homem de proximidade, encantava quantos com ele se relacionavam, e nas visitas pastorais procurava usar uma linguagem que fosse compreendida por todos, letrados ou analfabetos, jovens e menos jovens.
Um dia escrevi um texto sobre o seu livro “Memórias de um Bispo”, obra repleta de vivências e de testemunhos, de pessoas e acontecimentos, que retrata uma vida cheia de amor a Deus e aos homens seus irmãos. Recomendei-o para leitura “obrigatória” de férias. D. Manuel teve então a gentileza de me endereçar um cartão simpático, com considerações elogiosas, que eu estava longe de esperar e de merecer. “… De todas as recensões a sua foi uma das que mais gostei. Apanhou-me todo! … Aqui lhe deixo um abraço de sincero agradecimento e também de louvor por ter apanhado a alma do livro.”
D. Manuel era assim.
Partiu agora para a Casa do Pai, ao fim de uma vida longa e cheia de Jesus Cristo. Uma vida que deu vida à Igreja Aveirense. Uma vida que nos legou a todos marcas indeléveis de paz e bem, da Graça de Deus e do sentido apostólico.
Que Deus o acolha no seu seio, com muita ternura…

6 de Agosto

Fernando Martins

Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 17 Abril , 2008, 11:47

Se compararmos a vida a uma maratona, D. Manuel de Almeida Trindade está a entrar na recta final para o centenário do seu nascimento. Completará 90 anos de vida no próximo dia 20 de Abril. O seu natal foi em Monsanto, mas saiu de lá com apenas três anos de idade. No livro «Memórias de um bispo», da sua autoria, D. Manuel de Almeida Trindade realça: “Ficou-me na memória a configuração do penhasco recortado no horizonte azul do céu, e também a de alguns ciclópicos que eu avistava da janela da nossa casa”.


Pode ler todo o texto de Luís Santos, na Ecclesia e no Correio do Vouga

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