de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Sábado, 29 Maio , 2010, 12:49

É POSSÍVEL FAZER UM BALANÇO DA VIAGEM DO PAPA?

 

Anselmo Borges

 

  

 

É possível fazer um balanço da viagem do Papa? O que aí fica não passa de breve tentativa. 1. Quem é que nos visitou? Um Papa que é um intelectual afamado, reconhecido por crentes e não crentes. Foi um dos peritos do Concílio Vaticano II.

Amigo do colega teólogo Hans Küng, seguiram caminhos diferentes a partir de 1968. Quando viu a ameaça do radicalismo ateu dos estudantes de Teologia, que consideravam a cruz uma "expressão da adoração sadomasoquista da dor" e o Novo Testamento um "meio de enganar as massas", deixou a Universidade de Tubinga e foi para Ratisbona. Hans Küng escreveu nas suas Memórias: "Ratzinger rejeitou totalmente aquele caos de 1968 e creio que foi esse o ponto decisivo da sua mudança para uma orientação conservadora."

2. A Portugal chegou como conservador. Trazia igualmente a fama de distante. Encontrei-me com ele uma vez em Roma e pareceu-me uma pessoa agradável, embora tímido. Confirmei que assim é: apareceu como um homem afável, um intelectual de grande estatura, mas humano e profundamente crente. Foi essa a imagem que deixou ao povo português. Mas ele também saiu diferente, mais humano - por vezes, emocionou-se. Afinal, a emoção sem razão é cega, mas a razão sem emoção é fria. A razão autenticamente humana é a razão sensível. Uma das palavras mais repetidas por ele foi compaixão. De facto, a razão não confrontada com o sofrimento pode tornar-se monstruosa.

 

In DN


Editado por Fernando Martins | Sábado, 22 Maio , 2010, 08:55

 

 

 

Bento XVI em Portugal — 1

 

 

Anselmo Borges

 

 

Fica aí o que, na minha perspectiva pessoal - as visões puras e neutras não existem -, o Papa disse de essencial na visita ao País. Retomarei o tema, em jeito de balanço, no próximo sábado.

 

1. Ainda no avião, foi frontal quanto à pedofilia, afirmando que "a maior perseguição à Igreja" não vem dos "inimigos de fora, mas nasce do pecado da Igreja". Face a esta questão "verdadeiramente aterradora", a Igreja precisa de "reaprender a penitência, aceitar a purificação, implorar o perdão" e vai colaborar com a justiça dos Estados.

 

2. Em plena celebração do centenário da República, afirmou a importância da separação da Igreja e do Estado. "A viragem republicana abriu, na distinção entre Igreja e Estado, um espaço novo de liberdade para a Igreja", que está disposta a "colaborar com quem não marginaliza nem privatiza a essencial consideração do sentido humano da vida". Os católicos devem intervir publicamente, pois "não se trata de um confronto ético entre um sistema laico e um sistema religioso".

 

3. No Terreiro do Paço, sublinhou que a fé cristã não se apoia nas estruturas, mas no Cristo vivo. Ele é a resposta para as questões radicais da existência: o amor, o sofrimento, a morte, o sentido último. Apelou a que cada cristão e cristã seja "uma presença irradiante da perspectiva evangélica no meio do mundo, na família, na cultura, na economia, na política" e exortou os jovens a serem testemunhas da alegria de Cristo, reconhecendo-o também nos pobres.

 


mais sobre mim
Julho 2023
D
S
T
Q
Q
S
S

1

2
3
4
5
6
7
8

9
10
11
12
13
14
15

16
17
18
19
20
21

23
24
25
26
27
28
29

30
31


arquivos
pesquisar neste blog
 
blogs SAPO