de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 07 Outubro , 2009, 14:28
Maria das Dores, Jorge Neves e Maria de Lurdes


O Banco do Tempo
é o único que não vai à falência


“Aqui, no Banco do Tempo (BT), não queremos dinheiro nem subsídios de ninguém, apenas queremos dar horas e receber horas; o BT é o único que não vai à falência.” No final da entrevista, Jorge Neves, um dos coordenadores do BT de Ílhavo, sintetizou de forma lapidar o que é esta estrutura, criada pelo Graal.
Aposentado das suas obrigações profissionais, pensava que ficaria livre, mas está completamente ocupado. “110 por cento envolvido em trabalhos de casa, pertenço ao Grupo Poético de Aveiro, digo poesia e estou no BT”, disse.
O “bichinho” da solidariedade surgiu-lhe quando o Diniz Vizinho, “que é o maior entusiasta deste projecto”, o convidou, em 2008, para o ajudar a reorganizar o Banco, que estava um tanto ou quanto adormecido, depois de ter sido criado em 2002.
As dificuldades que encontraram foram muitas, mas tudo se compôs e hoje já há 50 pessoas que aceitaram trocar horas, ao jeito do espírito de vizinhança, o qual está a perder-se com o corre-corre da vida dos nossos tempos.
Segundo Jorge Neves, “os ilhavenses mostravam-se um pouco cépticos, à espera do que isto iria dar; também mostravam algumas reticências em admitir que alguém entrasse em suas casas, para partilharem ajudas”. E acrescentou: “As pessoas gostam mais de dar do que pedir.”
Sabendo que é cada vez maior o número de idosos nas nossas comunidades, graças à esperança de vida que continua a crescer, Jorge Neves adiantou que muitos ficam “inactivos e descrentes da vida, caindo na solidão”. Torna-se necessário, por isso, envolver essas pessoas em tarefas que lhes dêem prazer. E explicou: “durante a vida profissional faziam sempre as mesmas coisas, deixando de lado gostos que ficaram à espera de poderem ser realizados; agora podem concretizá-los, porque têm tempo para isso; só precisam de ser estimulados, tarefa que nos cabe a nós.”
Recordou o caso de uma senhora que vive só, porque os filhos trabalham e residem longe. “Um dia foi apanhar umas folhas de couve ao quintal para uma sopinha; sentiu-se mal e caiu; sem poder levantar-se, ali ficou 24 horas, suportando o frio da noite e a angústia de não ter quem lhe valesse. Passado esse tempo, uma vizinha estranhou a sua ausência e foi encontrá-la naquela situação. Felizmente resistiu.”
“Este exemplo – sublinha – leva-nos a cultivar o gosto de olhar para o lado, porque a solidariedade não é nem pode ser uma palavra vã; tem mesmo de ser vivida e trabalhada 100 por cento, por cada um de nós e por toda a comunidade.”
Maria de Lurdes está no BT desde o início. A primeira fase foi desanimadora, mas agora, felizmente, há mais motivação. Neste momento dedica quatro horas semanais à confecção de bonecas, em colaboração com Maria das Dores, para serem enviadas para a Guiné.
Muito importante foi, sem dúvida, conseguir estimular um vizinho que ficou sem as pernas de um dia para o outro. Como é membro do BT, envolveu-o na tarefa das bonecas. “Quando lhe falei para colaborar, ele ficou muito emocionado”, frisou a Maria de Lurdes. E explicou: “O BT tem de olhar para casos de pessoas que estão em situação difícil e que precisam de incentivos, para não pensarem nas doenças.”
A Maria de Lurdes confessa que não gosta muito da cozinha. “Se puder fugir da cozinha, fujo!” Por isso, pediu ao banco alguém que a pudesse ajudar na confecção de comida para uma filha, que exerce a sua profissão no Porto. E lembrou que os pedidos e ofertas de horas têm de ser feitos no BT, directamente ou pelo telefone. “Isto não é um clube de amigos”, referiu.
Uma senhora aderente logo se prontificou a fazer aquilo que a Lurdes desejava. Como as trocas podem não ser directas, outros membros do banco trataram-lhe do jardim e pintaram-lhe uma parede. A Lurdes, contudo, já foi passar a ferro.
Maria das Dores, que colabora na confecção das bonecas, também aderiu ao BT desde a primeira hora. Ofereceu-se, no acto da inscrição, para estar com idosos necessitados de companhia, escrever cartas e ler a quem não o possa fazer, ajudar em tratamentos, seguindo instruções de enfermeiros, e cuidar de crianças.
Considera importantíssimo o espírito de entreajuda, o que a leva a falar do BT, com o objectivo de cativar mais gente para este serviço. Os que aderem precisam, naturalmente, de ser apoiados na integração. Mas a Maria das Dores ainda lembrou outras tarefas, entretanto programadas. Como Ílhavo é uma terra de marinheiros, sabe-se que muitos homens, com carro próprio, já não podem conduzir, estando impossibilitados de ver o mar e de passar pelas nossas praias. Pois isso vai ser feito, com alguém do BT a conduzir os seus carros.
Jorge Neves esclareceu que os membros do BT não são apenas pessoas reformadas ou aposentadas. “Temos bastantes com os seus empregos, incluindo crianças.” Crianças? E apontou três exemplos: “Uma, depois de ouvir histórias contadas pela avó, começou a contar-lhe as suas próprias histórias; outra veio ao banco pedir que lhe indicássemos uma colega que quisesse passear com ela de bicicleta; outra, menina de 13 anos, ofereceu-se para fazer fosse o que fosse; as primeiras tarefas foram passar a ferro no Lar de São José e andar com velhinhos nas suas cadeiras de rodas.”
O Lar de São José foi o aderente n.º 1. Nessa linha, o BT substitui alguma voluntária que falte, na hora de passar a ferro, e no Verão disponibilizou-se para conduzir o autocarro do lar, transportando os idosos para a praia e acompanhando-os.
O BT de Ílhavo está ligado ao Banco Central, coordenado pelo Graal. Há uma rede de 27 BT no país, todos motivados para apoiar a família e a conciliação entre a vida profissional e a vida familiar, através da oferta de soluções práticas da organização da vida quotidiana. Desta forma, pretende-se construir uma cultura da solidariedade, promovendo o sentido de comunidade, o encontro de pessoas que convivem nos mesmos espaços e a colaboração entre gerações. No fundo importa construir relações sociais mais humanas, valorizando o tempo e o cuidado dos outros, estimulando os talentos e promovendo o reconhecimento das capacidades de cada um.
Em Ílhavo, o BT mantém uma parceria institucional com a paróquia de São Salvador, contando com apoios pontuais da CGD (para a confecção de cartazes), Jornal Ilhavense e Rádio Terra (para a difusão dos ideais e projectos do banco) e Junta de Freguesia (para despesas de água, luz e telefone).

Fernando Martins
 

Editado por Fernando Martins | Sexta-feira, 04 Setembro , 2009, 19:04



O doente que visita outros doentes

Durante as minhas caminhadas matinais, por decisões de saúde, cruzo-me, por vezes, com um velho amigo, de 80 anos, que anda pelas ruas da Gafanha da Nazaré num carrinho eléctrico. Sei que foi afectado por uma doença rara que o impossibilitou de trabalhar, já há anos, dificultando-lhe a caminhada.
Hoje encontrei-o em conversa amena com um idoso, um pouco mais velho, mas também limitado. Nem com a bengala pode chegar para além do primeiro cruzamento, poucos metros ao lado da sua residência. Ao vê-los, interrompi a conversa que ambos travavam para os cumprimentar.
Depois das saudações e das habituais perguntas sobre o estado de saúde e de ânimo de cada um, abordámos a questão do carrinho eléctrico que o leva “para todo o lado”.
Com a doença, o meu amigo não podia sair de casa. Apenas o fazia quando precisava de ir aos médicos. As quatro paredes da sala onde estava habitualmente limitaram-lhe os horizontes, o que o deixava triste. Só a visita de familiares e amigos o animava.
Um dia acordou com a imaginação afiada, na procura de uma solução para a sua vida. E daí a comprar o carrinho foi um já. Agora, diz-me ele, já pode sair todos os dias, percorrer as ruas da Gafanha da Nazaré, olhar as pessoas, apreciar a vida agitada de muitos, encontrar-se com amigos, ir ao médico e à farmácia, ou fazer compras sem incomodar ninguém.
Contudo, de uma coisa se lembrou: sempre ficava muito contente quando alguns amigos ou familiares o visitavam. “E se agora fosse eu visitar os amigos doentes?”, concluiu. E foi mesmo.
Começou então a enumerar os que tem andado a visitar, dizendo da alegria que vê nos seus rostos. Alguns eu próprio até pensava que tinham morrido. E apenas lhe disse, com convicção: “Está a fazer uma grande coisa; deu-me uma grande lição.” E um largo sorriso encheu os seus olhos.
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Fernando Martins

Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 09 Julho , 2009, 16:41

“Mercearia & Companhia”
para 120 famílias de Aveiro
 

A rampa de acesso à zona de distribuição do cabaz “Mercearia & Companhia”, destinado a família carenciadas, já está bem composta. São 14.30 horas, de quarta-feira, dia em que as “Florinhas do Vouga” abrem as portas do espaço destinado a esta operação, de resposta concreta à crise económica que se tem agudizado nos últimos tempos, atacando de forma intensa os mais fragilizados da vida. Este corrupio começou em Março e não há sinais de que tenha de acabar em breve
Durante a semana, as técnicas do serviço social da instituição vão analisando os casos e determinam a quantidade e variedade de produtos alimentares a fornecer a cada agregado familiar para um mês. As “Florinhas do Vouga” ajudam deste modo 120 famílias devidamente recenseadas e outras que, na emergência, não podem ficar com fome.
Tudo isto, garante-nos a directora-geral da instituição, Fátima Mendes, graças à generosidade de empresas e particulares da região e, ainda, do Banco Alimentar Contra a Fome. A título de exemplo, uma empresa de congelados, da Gafanha da Nazaré, oferece, semanalmente, refeições pré-confeccionadas, um lavrador da Vagueira, freguesia da Gafanha da Boa Hora, dá legumes e fruta, e particulares entregam outros géneros alimentícios e dinheiro.
Como sublinha o presidente da direcção das “Florinhas do Vouga”, com sede em Aveiro, Padre João Gonçalves, “nós, aqui, somos apenas intermediários, entre as pessoas que dão e as pessoas que precisam”.
Segundo Fátima Mendes, a ideia da “Mercearia & Companhia” surge com a crise económica que se instalou no País. No Bairro de Santiago, a instituição tem ao dispor dos mais pobres uma “Cozinha Social”, com refeições a 1,50 euros para os que podem pagar e gratuitas para os outros, “a maioria”. Serve, em média, por dia, 100 almoços, e ao jantar um pouco menos. Recentemente, por razões que todos adivinham, o número dos que precisam de comer, sem possibilidade de pagar seja o que for, começa a aumentar. Esta situação torna-se incomportável para os serviços da “Cozinha”, sem capacidade para atender tanta gente. A opção passa a seguir por fornecer às famílias os géneros alimentícios, para confeccionarem as refeições em suas próprias casas.

Caudal de pedidos de ajuda
não tem diminuído

De forma tão simples, como à primeira vista parece, a “Mercearia & Companhia” nasce assim. Até hoje, sem haver indícios de diminuir o caudal de pedidos de ajuda, garante-nos Fátima Mendes.
Fátima, mãe de sete filhos, divorciada há sete anos, tem ainda quatro ao seu cuidado, de 18, 10, 8 e 7 anos, todos a estudar. Trabalha, mas os encargos familiares absorvem-lhe tudo quanto ganha. “E não chega, porque a renda de casa e outras despesas, que não posso evitar, levam quanto ganho”, disse. Não tem ajudas de ninguém e quando precisa recorre às “Florinhas”. “A vida está cada vez mais difícil e se algum de nós adoece, tudo se complica; todos os meses venho aqui para em casa não se passar fome”, referiu. E seguiu para o balcão de atendimento, porque estava na sua vez. Refeições pré-confeccionadas, arroz, massas, couves, açúcar, feijão e outros produtos que lhe encheram o saco que carrega nos braços.
Muito chorosa está Encarnação Oliveira, com o saco ainda vazio. Mas as lágrimas não são pela espera. É que no dia 17 de Junho morreu-lhe o seu “menino, Ricardo Miguel, de 26 anos, deficiente e muito doente”. Tempos antes, a sua história, em que pedia uma cadeira de rodas para o seu filho, noticiada no Jornal de Notícias, chega a Macau, onde um leitor se compromete a pagá-la. Já não foi preciso, com tristeza para toda a gente envolvida no caso. Agora, só gostaria de pagar a campa onde o seu “menino” está sepultado. Diz ela que são uns 1500 euros. E lá foi para o balcão onde são distribuídos os alimentos, por solícitas empregadas que tratam todas as pessoas pelo nome.
Para o director das “Florinhas do Vouga”, esta instituição nasceu há quase 70 anos, para responder aos problemas sentidos pelas pessoas pobres e desde essa altura não mais esqueceu a sua missão prioritária. “Durante muito tempo, pensou-se que a pobreza de há décadas não era como a pobreza de hoje; mas a verdade é que voltamos a encontrar pessoas verdadeiramente com fome, com necessidades; pessoas desempregadas, pessoas com péssimos recursos”. E adianta: “É certo que temos o RSI (Rendimento Social de Inserção), que beneficia muita gente, mas há sempre despesas que ultrapassam esse subsídio; aliás, o problema da fome vive-se cá em Aveiro, muito perto de nós.”

As “Florinhas do Vouga” estão
onde estão os mais pobres
 
O Padre João, que conhece a região como as suas mãos, não deixa de afirmar que as “Florinhas do Vouga” “estão onde estão os mais pobres; estamos exactamente na ponta da linha, para responder às necessidades primárias, e a alimentação é uma dessas necessidades”.
Lembrando o conhecido ditado de que é melhor dar a cana e ensinar a pescar do que dar o peixe, o director desta IPSS esclarece que está tudo muito certo, mas logo explica que “é preciso que haja peixe e rio para pescar com qualidade”, sendo garantido que “hoje temos tudo muito poluído: não há trabalhos, não há possibilidades de as pessoas singrarem sozinhas; por isso, estas realidades exigem respostas imediatas”.
Facilmente se verifica a proximidade existente entre quem recebe e quem dá. “Quem pede, não são pessoas anónimas, porque todas estão identificadas e têm nome; são pessoas realmente carenciadas”, adiantou o Padre João Gonçalves. E refere: “Claro que isto é uma ajuda; também encaminhamos as pessoas, quando sentimos que é preciso e urgente, para outros serviços e para outro tipo de respostas sociais.”
A directora-geral afirma ao nosso jornal que esta acção mobiliza quatro pessoas, na recolha e distribuição dos cabazes. Depois dos contactos durante a semana com os eventuais fornecedores, às quartas-feiras, de manhã, deslocam-se onde for preciso para levantar as dádivas. À tarde, tudo tem de estar preparado, para receber as famílias com problemas económicos, fundamentalmente marcadas pelo desemprego. “Se lhes fosse dada uma oportunidade de trabalho, não precisariam de nos procurar”, disse.
E sobre o nível social destas pessoas, o Padre João especifica: “São pessoas de nível social médio; pessoas que tinham trabalho e que agora não têm; não são os tradicionais pedintes.”

Fernando Martins
 
NOTA: Texto publicado no jornal SOLIDARIEDADE

Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 21 Abril , 2009, 09:21
O Bispo Auxiliar de Lisboa, D. Carlos Azevedo, pede a reinvenção da solidariedade, criando novas respostas para novas necessidades. A crise, que continua, exige mais atenção. Do Estado, mas também das comunidades locais. Ainda, naturalmente, das pessoas.

Editado por Fernando Martins | Domingo, 19 Abril , 2009, 19:22


O passado é importante e bom, mas é preciso preparar e rentabilizar o futuro


Celebrou-se, hoje, o oitavo aniversário da elevação da vila da Gafanha da Nazaré a cidade, com um programa de alguma forma simbólico, já que não estamos em maré de grandes festas. Também oito anos de cidade não são um número “redondo”, como agora se diz. Contudo, o hastear das bandeiras, junto à sede da Junta de Freguesia; a visita à Fundação Prior Sardo, na casa de Remelha; a passagem pela Via de Cintura Portuária; a participação na Missa das 11 horas, na igreja matriz; e o almoço de trabalho com entidades e dirigentes associativos, no Navio-Museu Santo André, constituíram um programa comemorativo condigno, que contou com a presença do presidente da Câmara Municipal de Ílhavo, Ribau Esteves, tendo como anfitrião o presidente da Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré, Manuel Serra. Associaram-se autarcas, o Prior da Freguesia, Padre Francisco Melo, e diversas entidades.
Na missa de acção de graças, o nosso prior aproveitou a oportunidade para lembrar que a freguesia e a paróquia nasceram juntas, tendo referido que as comemorações devem ser uma homenagem à “força de todos, mulheres e homens, que nesta terra trabalharam e continuam a trabalhar, para tornar esta sociedade, que vive entre a ria e o mar, de sabor a sal, cada vez mais próspera, inclusiva e justa, e onde a paz tem de ser a palavra de ordem”.
Questionado sobre como gostaria de brindar a nossa cidade e o seu povo, no próximo ano, altura em que se celebra o centenário da freguesia e paróquia da Gafanha da Nazaré, Ribau Esteves adiantou que o Centro Escolar e Educativo da Cale da Vila, “obra que começará nas próximas semanas, para ficar pronta em Março ou Abril de 2010”, será uma prenda importante. Isto, “porque a Educação foi e é sempre o nosso sector prioritário”, afirmou.
Garantiu que 2010 vai ser o ano do “arranque físico das obras de saneamento básico”, na Gafanha da Nazaré, “para acabarmos os 50 por cento da cobertura que nos faltam, ao nível da cidade”.


Referiu, a propósito desta questão, que, muito brevemente, vão ser tomadas decisões bastante significativas, envolvendo os 11 municípios da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA), sobre “o investimento na expansão das nossas redes de água e saneamento e de gestão dessas mesmas redes”.
O autarca ilhavense sublinhou que até final deste ano ficará concluída a obra de ampliação e remodelação do Centro Cultural da Gafanha da Nazaré, “para darmos melhores condições ao desenvolvimento cultural das populações desta cidade”. E logo acrescentou que há uma outra prenda, para beneficiar quatro instituições privadas, a chamada Casa da Música, que gostaria de oferecer no ano do centenário da freguesia e paróquia. As suas dúvidas prendem-se com o facto de ainda não ter conseguido realojar uma família que habita o edifício que se pretende aproveitar. “Há alternativa para o realojamento, mas falta convencer a referida família a aceitar a nossa proposta”, disse.
Ribau Esteves frisou que a Câmara quer assinalar o centenário com uma outra obra, muito significativa. Trata-se da qualificação do centro urbano da Gafanha da Nazaré, o que implica o arranjo do “troço central que envolve a igreja matriz, na Av. José Estêvão, e a construção, nos terrenos do antigo mercado, da nova sede da Junta e dos CTT”. Falta o financiamento da CGD, que tarda, para este objectivo, mas, “se não se for por aí, vamos procurar outra solução”, garantiu. E acrescentou: “É um objectivo com estatuto formal de prenda, na medida em que o nosso compromisso é que essa obra, o seu desenvolvimento e finalização, marque, de forma histórica, o centenário da freguesia.”


Na Fundação Prior Sardo, uma instituição criada pelo Prior José Fidalgo, para apoiar, sob as mais diversas formas, as famílias, Ribau Esteves, que foi o primeiro presidente da direcção, considerou “exemplar o trabalho de resposta às dificuldades” das pessoas. Ainda criticou o secretário de Estado do Ordenamento do Território, do Ministério do Ambiente, João Ferrão, por não ter disponibilizado uma parcela de terreno de 400 metros quadrados, da zona da Colónia Agrícola, para a construção de uma creche da Fundação, por considerar "irrelevante o projecto".
O presidente da Câmara de Ílhavo considerou que é fundamental que haja gente solidária, mas frisou que as instituições são precisas, tal como “são precisas regras para servir bem quem mais necessita, organizadamente”. E mais: "O passado é importante e bom, mas é preciso preparar e rentabilizar o futuro."

Fernando Martins

Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 12 Março , 2009, 17:33

Está a decorrer, até domingo, o peditório nacional organizado pela Cáritas. A receita servirá para esta organização, a vários níveis, poder ajudar quem tem mais necessidade. Importa agora que ninguém fique indiferente, na certeza de que as nossas contribuições vão direitinhas para pessoas carentes do essencial para viver.
Garantiram-me, há dias, que a afluência de voluntários para este peditório não foi muito expressiva. Num país, como o nosso, cheio de reconhecidas generosidades, estranho esta indiferença. Talvez o excesso de trabalho e de preocupações tenham contribuído para isso. Mas se assim é, vamos agora responder com as nossas dádivas.
Todos sabemos que a crise afecta sobretudo os desempregados e as suas famílias. E são eles que, muitas vezes de forma envergonhada, recorrem à Cáritas. Por isso, paralelamente, podemos e devemos olhar para quem vive ao nosso lado, para descobrirmos quem passa fome. Esta será uma boa forma de colaborar com quem se preocupa com a pobreza no nosso país.

Editado por Fernando Martins | Segunda-feira, 09 Março , 2009, 11:30
DANDO E DANDO-SE SEM ESPERAR RECOMPENSA

Sara, ao centro, com colegas


No fim-de-semana, 60 jovens do Arciprestado de Ílhavo participaram numa experiência de voluntariado social, programada com o título “Andar Solidário”. A experiência teve como painéis de fundo instituições do concelho, nomeadamente, a Obra da Criança, o CASCI e os Lares de São José, do Divino Salvador e de Nossa Senhora da Nazaré. A acção culminou na eucaristia dominical, às 11 horas, na Gafanha da Nazaré, presidida pelo Prior Francisco Melo, que coordenou o projecto.
Para o Prior da Gafanha da Nazaré, esta iniciativa, que se inseriu no Plano Pastoral do Arciprestado de Ílhavo, onde se concretiza o Plano Diocesano, teve, como objectivo, “despertar nos cristãos o sentido da caridade e da solidariedade”.
Este projecto envolveu 60 dos 300 jovens ligados à Pastoral Juvenil das seis paróquias do arciprestado, sendo certo que, vivências como esta, hão-de repetir-se, também noutras faixas etárias.

Animação no Lar de São José


O Padre Francisco adiantou que o voluntariado, “dando e dando-se sem esperar recompensa”, é fundamental no mundo em que vivemos, onde “tudo se paga e tudo tem um preço”.
A Sara, que cumpriu a sua tarefa no Lar Nossa Senhora da Nazaré, garantiu-nos que estava a ficar “mais informada”, acrescentando que assim se “construía como pessoa, recebendo mais do que dava”.
Para a Irmã Donzília, do Lar de São José, a presença dos jovens junto dos idosos é muito gratificante. Embora neste lar haja voluntários mais velhos, a realidade é que a juventude consegue “dar outra vida” a toda a gente. “Sinto no rosto dos idosos a alegria de ver os jovens com esta boa disposição”, disse.
Informou que nesta casa o aspecto da animação está assegurado por uma técnica, mas aos fins-de-semana fica tudo muito parado. Era interessante, por isso, que houvesse mais voluntários para suprir carências a este nível. “No Natal e no Carnaval, há sempre grupos que aparecem, porém, depois… durante o resto do ano, todos se esquecem…”, frisou.

Jogo na Casa da Criança

O Luís, que jogava basquetebol na Casa da Criança, considerou esta acção muito enriquecedora. Aqui, “encontramos a fragilidade da vida de muitos jovens acolhidos pela instituição; às vezes, nem nos apercebemos dos problemas por que passaram”, disse. Mas logo acrescentou que os viu felizes. Ao sublinhar a importância de sairmos dos nossos aconchegos para viver momentos como este, o Luís, questionou-se: “Nós, que temos tudo, como é que reagiríamos, se vivêssemos situações como as que alguns jovens da Casa da Criança viveram?”

FM


Editado por Fernando Martins | Sexta-feira, 06 Março , 2009, 11:20
Casa da Criança em Ílhavo


PARA UMA SOCIEDADE MAIS FRATERNA


A partir de hoje e até domingo, vai decorrer uma acção com a marca da pedagogia social. Uma equipa do Arciprestado de Ílhavo, constituída por 60 jovens, vai participar em tarefas de solidariedade, junto de diversas instituições do concelho. O mérito, como facilmente se compreenderá, está em proporcionar a alguns jovens uma experiência decerto muito enriquecedora para todos.
Quem dera que iniciativas como esta viessem a repetir-se, no sentido óbvio de levar os jovens, e não só, a olharem o mundo com o espírito da solidariedade, rumo a uma sociedade mais fraterna.
A acção termina no domingo, na igreja matriz da Gafanha da Nazaré, com uma eucaristia, às 11 horas.

Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 24 Fevereiro , 2009, 21:47
Nas Florinhas do Vouga (Foto do meu arquivo)

AS FLORINHAS DO VOUGA VIVEM A OUSADIA DA CARIDADE

"Setenta anos depois da sua fundação é outra a vida das crianças e das famílias e bem diferente a realidade humana e social de Aveiro. Mas continua a ser necessária esta Instituição. Como Instituição da Igreja, as Florinhas do Vouga vivem a ousadia da caridade evangélica, onde se espelha e afirma o amor de Deus pelo seu povo e como Instituição prestigiada e amada de Aveiro sentem-se ao serviço da cidade, da diocese e da região. Não pode ter limites nem demoras o serviço aos mais pobres. Os pobres não podem esperar. Que o digam os sem abrigo, que diariamente recebem a Ceia com calor! Não pode haver fronteiras no horizonte da missão que Florinhas do Vouga assumiu ao procurar fazer bem o bem, lá e sempre, onde for necessário. Que o digam tantas vidas sofridas, espelhadas no rosto das crianças da Creche, do Jardim de Infância e do A.T.L., na voz tantas vezes silenciada das famílias do Bairro de S. Tiago, dos carecidos de refeição ou de vestuário, no olhar ansioso de jovens e adultos em busca de um futuro digno e na procura preocupada de tantos outros que sabem que aqui encontram portas sempre abertas e gente de coração livre e disponível para iluminar caminhos de alegria e de esperança."
Do discurso do Bispo da Aveiro, no dia na inauguração

Editado por Fernando Martins | Domingo, 01 Fevereiro , 2009, 15:48
(Clique na imagem para ver melhor)


Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 07 Janeiro , 2009, 12:49

Não seria possível acolher
os sem-abrigo nos lares?

Face à crise económico-financeira, anunciada no mundo ocidental, o Papa já fez o seu apelo para que vivêssemos com sobriedade e em espírito de solidariedade. Os políticos e demais responsáveis pela sociedade também não se cansam de nos alertar para a necessidade de cuidarmos do futuro, ensaiando e levando à prática comportamentos de contenção nas despesas.
Por outro lado, importa implementar nas instituições de solidariedade social e de caridade uma redobrada atenção, no sentido de ajudarmos os que mais precisam.
Ontem, por causa do frio, até tendas foram montadas para proteger os sem-abrigo, reforçando-se a distribuição de roupas, outros agasalhos e alimentos quentes. Era o mínimo que se poderia fazer. Mas continuo a pensar nesta triste realidade, que nos leva a aceitar, como indiscutível inevitabilidade, a existência dos sem-abrigo.
Eu sei, por conversas que já mantive com alguns que prestam apoio aos que vivem na rua, que o problema é muito complexo. Por exemplo, há pessoas que se recusam, pura e simplesmente, a ingressar num qualquer lar. São pessoas marcadas por contingências diversas e complicadas, que as levam a optar por essa forma estranha de viver. Mas não seria oportuno que técnicos credenciados estudassem a fundo a questão, tendo em conta que cada caso é um caso, para que os sem-abrigo fossem acolhidos nos lares?

FM

Editado por Fernando Martins | Sábado, 20 Dezembro , 2008, 16:49

Bispo de Aveiro deseja presença da Igreja
mais atenta e solícita no mundo de hoje

O Almoço Solidário, promovido pelo Stella Maris, juntou hoje, 20 de Dezembro, 125 pessoas. Gente diversa que precisa, de facto, de quem se lembre dela. Bom bacalhau, com batatas e couves, tudo bem regado com azeite, vinho e sumos, mais doces variados, onde sobressaíram o bolo-rei, a aletria, o arroz-doce e o leite-creme, de mãos dadas com a generosidade de voluntários, fizeram deste almoço um bonito gesto de solidariedade.
D. António Francisco lembrou, a abrir a refeição, que “à volta da mesa nos sentimos mais família”. E foi essa a mensagem que todos aceitaram para esta quadra natalícia, prometendo cada um, decerto, no seu íntimo, levá-la à prática no dia-a-dia.
O Bispo de Aveiro, atento ao que o rodeava, olhou e viu, na decoração da sala, redes, âncora, farol, o presépio e uma imagem de Nossa Senhora, que nos revela “o rosto solidário de Deus”, nesta época “de sonhos e esperanças”, que todos acalentamos.
D. António lembrou o bem que no Stella Maris se faz e que “urge continuar a fazer”, valorizando “uma relação de comunhão entre as instituições da paróquia e da diocese”. E sobre o Natal de Cristo, manifestou o desejo de que ele faça nascer, nas pessoas, “energias e coragem para vencerem as dificuldades da vida”. Mas ainda sublinhou a necessidade de que a Igreja se torne “uma presença atenta e solícita no mundo de hoje”.
Dirigindo-se aos autarcas presentes, frisou a importância de todos criarmos “pontes de amizade, unindo os nossos esforços, para melhor servirmos as comunidades”.
Por sua vez, o presidente da Câmara de Ílhavo, Ribau Esteves, louvou o gesto de partilha, “num mundo cheio de dificuldades”, apelando ao esforço e à união de todos, “na procura de soluções novas para os problemas que vamos ter”. Adiantou que é nossa obrigação ajudar, verdadeiramente, os que mais precisam, “cuidando melhor dos mais pobres”. Mas ainda referiu a urgência de apoiarmos as instituições e o próprio Estado, criando mais empregos, “para sermos mais felizes”.
Joaquim Simões, presidente da direcção do Stella Maris, disse que este Almoço Solidário, preparado pelos dirigentes da instituição e suas famílias, com a colaboração de voluntários amigos, serviu para alimentar o “sentido familiar”, numa perspectiva de valorizar o espírito fraterno. E ao evocar o Natal de Jesus Cristo, referiu que ele é sinal visível do “encontro entre o Céu e a Terra”. Considerou, também, o esforço permanente de todas as instituições, quando promovem a partilha do pão e estimulam o lazer, a cultura e as mais diversas acções sociais junto das populações, sobretudo das mais carenciadas.

Fernando Martins

Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 18 Dezembro , 2008, 12:17

ATITUDES A TER EM CONTA

O tradicional jantar de Natal da Obra da Providência foi este ano um pouco diferente do que é habitual. A crise económica actual e o exemplo de uma certa parcimónia ditaram as suas leis. Juntando a isso o desejo da direcção de convidar não só os dirigentes, antigos dirigentes e funcionárias, mas também as suas famílias, levou a esta bonita opção. A refeição foi preparada, em grande parte, por todos. E à roda da mesa, então, todos se sentaram e conviveram, como se no melhor restaurante estivessem. Exemplo a aproveitar. Maria da Luz Rocha, uma das fundadoras, marcou presença no jantar, com todo o seu carinho pela instituição de que foi directora durante décadas. Uma outra fundadora, Rosa Bela Vieira, por razões de saúde, não pôde comparecer, mas o seu espírito esteve com toda a gente.
Logo a abrir, e depois das palavras de boas-vindas do presidente Eduardo Arvins, o Prior da Gafanha da Nazaré, Padre Francisco Melo, lembrou o nascimento da Obra da Providência, desejando que a chama da atenção aos outros se mantenha. A Obra da Providência, nasceu – referiu – como gesto de caridade. As fundadoras agiram enquanto vicentinas, pondo em prática o mandamento do amor.
As instituições ligadas à Igreja Católica não podem descurar essa faceta, sob pena de menosprezarem e de traírem a sua matriz cristã. Urge, pois, viver a solidariedade na caridade, sublinhou o Padre Francisco Melo. Aliás, ainda adiantou que as instituições de solidariedade social de cariz cristão devem em tudo mostrar a sua diferença, para melhor, no respeito pelo cumprimento das leis, na seriedade do seu agir, na atenção aos que mais precisam.
Outro momento significativo foi a entrega à direcção da Obra da Providência de um conjunto de dossiês, constituído por inúmeros documentos e fotos, que são o retrato histórico da vida da instituição, com mais de meio século de trabalho com os que precisam. Foi organizado pelas irmãs Ascensão Ramos e Margarida Lagarto, filhas de uma fundadora, Maria da Luz Rocha.
Durante o jantar, um dirigente da instituição, Eduardo Almeida, especialista em artes mágicas, brindou os convivas com alguns números do seu reportório. A vida, de facto, sem a alegria de alguma magia, não faz sentido.

FM

Editado por Fernando Martins | Segunda-feira, 15 Dezembro , 2008, 13:09
Solidariedade em acção

O Clube Stella Maris está a organizar um Almoço Solidário, a ter lugar na sua sede, no dia 20 de Dezembro, pelas 13 horas. Esta é uma iniciativa destinada a alguns utentes de três instituições, os quais vivem uma certa solidão. O Stella Maris conta sentar à mesma mesa 120 pessoas, com destaque para famílias que precisam da nossa solidariedade, durante momentos difíceis das suas vidas.

Editado por Fernando Martins | Sexta-feira, 05 Dezembro , 2008, 14:03
Eugénio da Fonseca, presidente da Comisssão Instaladora da Confederação Portguesa do Voluntariado, afirmou que "cerca de um milhão e meio de portugueses dedica parte do seu tempo na prática do voluntariado". E à ECCLESIA adiantou que este número não o surpreende, acrescentando que ainda há o voluntariado de proximidade “que não é possível quantificar visto que está no anonimato”.
Eugénio da Fonseca, que sabe como poucos, nesta área, o que diz, revela deste modo uma faceta muito importante da maneira de ser e de estar dos portugueses, desde sempre dados ao bem-fazer.

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