de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Sexta-feira, 16 Outubro , 2009, 14:35


José Carlos Seabra Pereira, catedrático da Faculdade de Letras da Universiadade de Coimbra, vai estar em Ílhavo no próximo dia 24 de Outubro, sábado, pelas 18.30 horas,  no museu, para proferir uma conferência, subordinada ao tema Humanismo cívico e horizontes universais em Camões, inserida nas comemorações  do 8.º aniversário da ampliação e remodelação do Museu Marítimo de Ílhavo. A iniciativa é da Câmara Municipal e da Confraria Camoniana de Ílhavo.
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Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 06 Outubro , 2009, 17:59


1. Olhando os sinais do mundo, para além da agitação de campanha do nosso quotidiano mais próximo, valerá a pena reparar em importantes passos andados na UNESCO. Se a educação, nos países de liberdade democrática, é apresentada como o factor essencial de progresso humano e social, então as instâncias mais amplas na proposta de indicativos para a educação hão-de ter lugar de referência central. A UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), cujo lugar-sede é em Paris, é uma dessas organizações primordiais que têm emanado continuamente e com pertinência documentos, recomendações e conclusões a propósito das mais variadas matérias.

2. A UNESCO foi fundada a 4 de Novembro de 1946, «com o objectivo de contribuir para a paz e segurança no mundo mediante a educação, a ciência, a cultura e as comunicações». Com propósitos tão nobres o seu lugar haveria de sair reforçado, sendo os seus preciosos documentos resgatados do público especializado para o público em geral. Por vezes é estranho observar como, quer na sociedade do conhecimento e da comunicação, quer nos designados sistemas educativos formais, ainda há tão pouco lugar para estes grandes documentos estruturantes, pensados por investigadores de diferentes formações e culturas. Como é possível que sobre determinados assuntos de plena actualidade haja tão pouco lugar para o pensamento daqueles que já passaram pelas mesmas dúvidas socioeducativas que hoje temos?

3. A UNESCO a 23 de Setembro elegeu para directora-geral a diplomata búlgara Irina Bukova. É a primeira mulher eleita para a responsabilidade de presidir à UNESCO. Do seu programa de ideias destacam-se, no espírito das raízes da organização, o respeito pela cultura da paz e o património cultural como factor de desenvolvimento. Eleição que honra a instituição em fase de renovação e que poderá despertar a comunidade para que o lugar da UNESCO seja a casa de cada um.

Alexandre Cruz

Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 01 Outubro , 2009, 00:20


“Há uma desmesura
que nos explica
como portugueses”


Clericalismo e Anticlericalismo

"Clericalismo e anticlericalismo são fenómenos coexistentes e próprios de uma sociedade confessional. A cristandade presumia que toda a sociedade era católica. A partir dos séculos XVII e XVIII, começa a dar lugar a esta sociedade, em que cada um foi requisitando para si a capacidade de decidir. O que embatia com a sociedade clericalmente tutelada. Esse anticlericalismo vai paredes-meias com a afirmação da autonomia. Outra vertente faz parte da exigência dos crentes de que aqueles que têm mais responsabilidades na Igreja também procedam de maneira mais conforme com essas responsabilidades. Já no século XVI isto se encontra numa figura tão crente como Gil Vicente, na crítica ao clero, que tem a ver com o contraste entre o que a pessoa se propõe e o que pratica. Há ainda quem tenha uma visão secularista da sociedade, que não quer qualquer espécie de clericalismo."

António Marujo

Leia toda a entrevista aqui

Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 08 Setembro , 2009, 12:47

Gazela Primeiro


Importante gesto de consideração institucional


A Câmara Municipal de Ílhavo e o Museu Marítimo  foram galardoados com o título de “Membros Honorários da Philadelphia Ship Preservation Guild”, organização não governamental americana proprietária e gestora do Lugre Gazela Primeiro. Esta honrosa distinção foi entregue ao presidente da CMI, Ribau Esteves, no passado dia 8 de Agosto de 2009, por Eric Lorgus, presidente daquela instituição.

Recorde-se que Eric Lorgus participou na sessão comemorativa dos 72 anos do Museu Marítimo de Ílhavo, onde apresentou uma exposição relacionda com o trabalho sobre o Gazela Primeiro.

Este foi um importante gesto de consideração institucional, que serve para aprofundar um relacionamento mútuo, visando a preservação do Gazela Primeiro, a realização de uma viagem a Ílhavo/Portugal e o trabalho de promoção dos valores do Mar na Sail Training International.

Esta relação institucional nasceu da Regata dos Grandes Veleiros realizada em Setembro/Outubro de 2008, ligando Falmouth, Ílhavo e Funchal.

Fonte CMI

Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 25 Agosto , 2009, 19:16
Veneza

A lista dos que aliaram o seu nome ao de Veneza é uma espécie de Almanaque Gotha do Espírito. Citar São Marcos, Marco Polo, Bellini, Palladio, Carpaccio, Ticiano, Tintoretto, Veronese, Montaigne, Shakespeare, Galileu, Monteverdi, Vivaldi, Tiepolo, Canaletto, Longhi, Goldoni, Guardi, Rousseau, Casanova, Sade, Da Ponte, Goethe, Mozart, Chateaubriand, Turner, Stendhal, Byron, Sand, Ruskin, Wagner, Nietzsche, Manet, Monet, Proust, Diaghilev, Mann, Stravinsky, Chanel, Morand, Pound, Heidegger, P. Guggenheim, Hemingway, Braudel, Sartre, Visconti, Losey, Highsmith, Solers, Agamben, Cacciari, Pamuk é ter a certeza de uma incompletude definitiva.
Ler toda a crónica aqui
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Editado por Fernando Martins | Segunda-feira, 13 Julho , 2009, 16:47
"Espaço Convívio" (Foto de arquivo)

Nota: Clicar na foto para ampliar


TRADIÇÕES DA CULTURA POPULAR PORTUGUESA


No próximo domingo, dia 19, pelas 15 horas, no salão paroquial da igreja matriz da Gafanha da Nazaré, vai ser apresentado um espectáculo por um grupo de seniores, do “Espaço de Convívio”, apoiado pela Junta de Freguesia, alusivo a tradições da cultura popular portuguesa, de conteúdo socioeducativo.
Convidam-se todos os gafanhões, de todas as idades. A entrada é livre.

Editado por Fernando Martins | Segunda-feira, 13 Julho , 2009, 11:33
Museu de Roterdão

.Foi inaugurada no passado dia 4, no Museu Marítimo de Roterdão, a exposição "A Campanha do Argus", mostra itinerante do Museu Marítimo de Ilhavo, que assim se internacionaliza, com outras exposições, que irão decorrer em Espanha e Canadá. O Museu Marítimo de Roterdão é um dos mais visitados da Europa.

Foto de Afonso Duarte

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Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 09 Julho , 2009, 10:02

PARA COMBATER A EXCLUSÃO SOCIAL
E PARA PROPORCIONAR A POSSIBILIDADE
DE APRENDER E ENSINAR


Por iniciativa da Fundação Prior Sardo, o concelho de Ílhavo vai ter a sua Universidade Sénior, aberta a todos os cidadãos com mais de 50 anos de idade. Os professores serão voluntários, assentando essa colaboração no princípio de cidadania. “O programara terá uma abrangência que permita atingir as expectativas do maior número possível de pessoas”, conforme refere um comunicado que me acaba de chegar.
Segundo o mesmo comunicado, “os objectivos passam por proporcionar um espaço cultural, educativo e formativo àqueles que encaram o aprender como uma procura natural de permanente e constante crescimento”.
Pretende-se, como é óbvio, “desenvolver o convívio salutar e útil entre os cidadãos, combater a exclusão social e proporcionar a possibilidade de aprender ou ensinar, promovendo um processo de aprendizagem ao longo da vida”.
A Universidade Sénior Fundação Prior Sardo aposta numa abrangência municipal, sendo certo que as aulas serão ministradas em Ílhavo e nas Gafanhas da Nazaré e Encarnação. O programa será anunciado no website da Fundação Prior Sardo, www.fpriorsardo.org, durante a presente semana. A sua abertura está prevista para Setembro, pelo que as inscrições podem começar a ser feitas.
Para este projecto, a Fundação Prior Sardo estabeleceu parcerias com a Câmara Municipal de Ílhavo, Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré, Junta de Freguesia de São Salvador, Junta de Freguesia da Gafanha da Encarnação, Rádio Terra Nova, Cooperativa Cultural e Recreativa da Gafanha da Nazaré e, ainda, com a Escola Profissional de Aveiro.

Editado por Fernando Martins | Domingo, 28 Junho , 2009, 10:46
Entrevista publicada na RevistaÚNICA do EXPRESSO
:

(Foto de Tiago Miranda)

"É PRECISO OUVIR O SILÊNCIO DO MUNDO"

"Num dia de denso calor, no fresco jardim da York House, em Lisboa, o madeirense José Tolentino Mendonça, 43 anos, padre e poeta, mas sobretudo, um pensador livre, parou o tempo para falar de utopia. Um homem que admira os místicos, escreve sobre sensualidade e sabores na Bíblia e gosta de cidades. Em Nova Iorque, observa a multidão "numa coreografia de Pina Bausch". Nos mosteiros, escuta a profundidade do silêncio. Esta entrevista é atravessada por essa luminosidade."
Ler toda a entrevista aqui

Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 04 Junho , 2009, 23:09

A importância da Terra Nova só seria reconhecida se ela se calasse

A Rádio Terra Nova (RTN-105FM), como a grande maioria dos órgãos de comunicação social, está, desde há muito, a encontrar sérias dificuldades para sobreviver. O fenómeno é conhecido, mas nem por isso as comunidades locais, nas quais ela se insere, se mobilizam para a apoiarem. Como nos dizia Vasco Lagarto, seu principal responsável desde a primeira hora, as pessoas e instituições só reconheceriam a importância da RTN se ela se calasse de vez.
“Toda a gente se habituou à ideia de que a rádio está ali, que funciona 24 horas por dia, e só reclamam quando há um programa que vai para o ar com uns dez minutos de atraso ou quando, por qualquer razão, não há possibilidades de fazer a cobertura de provas desportivas ou de outros eventos”, salientou.
O director da Terra Nova garante que a rádio só se mantém em actividade porque existem algumas pessoas que lhe dedicam o seu tempo, mas urge compreender que há “encargos e que é preciso chegar ao fim do mês com meios financeiros para os suportar”, referiu.


A RTN nasceu na década de 80 do século passado, num período de baixa de preços dos equipamentos de emissão. Um pouco por todo o mundo, e em Portugal também, surgiram rádios locais, muitas vezes direccionadas para simples bairros. Pretendia-se divulgar iniciativas de instituições dos mais variados ramos, que nunca tinham vez nem voz nas rádios nacionais. O boom das “rádios piratas” foi de tal ordem elevado, que as entidades oficiais não tiveram qualquer hipótese de impedir o seu funcionamento.
Em 12 de Julho de 1986, a RTN, mesmo sem baptismo, foi para o ar, na sede da Cooperativa Cultual. Diz a sua história que eram 11.30 horas de um sábado. “Ligámos apenas um amplificador e passámos música gravada”, recorda Vasco Lagarto.
Em 31 de Dezembro de 1988 “calou-se”, por imposição do processo de legalização entretanto iniciado. Mas em 26 de Março de 1989, num domingo de Páscoa, agora com alvará e com as exigências de legislação entretanto aprovada, reiniciou as suas emissões, assumindo um projecto voltado para as realidades culturais e sociais das comunidades envolventes, num raio de acção que hoje chega aos 50 quilómetros.
Posteriormente, adoptou o nome Terra Nova, não só em homenagem a quantos viveram a saga da Faina Maior – pesca do bacalhau – nos mares do mesmo nome, mas ainda por reflectir o sonho de quantos apostam numa terra nova, no respeito pelo progresso sustentado e pelos direitos humanos.

Rádio Terra Nova aposta na WEB

Reconhecendo que os princípios que enformaram as rádios locais estão um pouco “adulterados”, o director da RTN reafirma que não consegue conceber o projecto Terra Nova sem as componentes da primeira hora. E adianta que actualmente há muitas que, por força das dificuldades económicas, cederam a antena a grandes rádios nacionais, ficando o nome como pequena “máscara”. Essas rádios nacionais operam assim, ”aproveitando as sinergias da sua dimensão, para atingirem o mercado local da publicidade”.
Vasco Lagarto insiste na ideia de que a ligação da RTN à sociedade é importante. “Isto é uma coisa que ao longo do tempo tem vindo a diminuir; as pessoas cada vez mais se interessam menos por aquilo que acontece à sua volta e pela riqueza da sua própria comunidade”, frisou.
Questionado sobre a atracção exercida por outros meios de comunicação social, nomeadamente a Internet, o director da Terra Nova admite que tal possa estar a acontecer. Porém, sublinha de imediato que a RTN também se adaptou a essa realidade, ocupando o seu espaço na WEB (www.terranova.pt), onde regista um sucesso que não pára de crescer, com um milhão de visitas por mês, sendo 80 por cento de Portugal e as restantes do estrangeiro.
A RTN, que opera nos 105 FM, procura reflectir nos seus conteúdos a vida concreta, a vários níveis, dos concelhos à volta de Ílhavo, sendo garantido que “é isso que nos diferencia de qualquer outra rádio de outra região, quer seja local, quer nacional”, garante o nosso entrevistado.
Entretanto, numa constante procura de ligação às mais diversas instituições, Vasco Lagarto não perde a oportunidade de sensibilizar toda a gente para uma envolvência mais dinâmica, tanto sob o ponto de vista técnico como humano, tanto científico como económico. Assim, apresentou um projecto no Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, no sentido de criar “uma relação mais próxima, mais pessoal, entre a comunidade (neste caso o mundo inteiro) e a própria rádio”. E acrescentou: “Ficámos surpreendidos quando, no fundo, cinco alunos se entusiasmaram pelo projecto, estando então a fazer um esforço, na perspectiva de criar uma nova página com aquelas funcionalidades.”
Sobre a ligação da Terra Nova a outros projectos de comunicação social, Vasco Lagarto admitiu que houve, há anos, a ideia de criar um jornal, “esperança que ainda não se perdeu”, até porque o que é produzido na rádio poderia ser aproveitado para isso. A questão, que “não saiu da agenda”, talvez possa voltar a ser equacionada, “quando a rádio completar 25 anos”.



Rádios Locais também fazem serviço público


O Estado apoia a indústria automóvel e aquilo que tem a ver com a preservação do emprego. Depois, apoia a RDP e a RTP, porque cumprem um serviço público. E todos nós, os que pagamos energia eléctrica, contribuímos, mês a mês, para isso. Mas todas as rádios locais, que exercem esse papel, nada recebem. “Eu posso achar que a RDP faz serviço público, mas as rádios locais também o fazem”, frisou. E explica: “Quando divulgamos as actividades das associações e outras organizações estamos a fazer serviço público, coisa que a RDP não faz, porque considera como sua comunidade local o grande centro urbano que é Lisboa.”

Fernando Martins

Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 21 Maio , 2009, 13:53

Morreu João Bénard da Costa, li hoje na comunicação social. Um homem brilhante do cinema e da cultura em geral. Gostava de o ler e de o ouvir nos seus discursos bem elaborados, com o seu quê de poesia e de profundos conhecimentos da história e do mundo. Foi católico assumido. Depois, desiludido, passou ao grupo dos vencidos do catolicismo. Mas nem por isso deixou de abordar imensas facetas do cristianismo, sobretudo as ligadas às diversas artes. Falava e escrevia sobre cinema e sobre artes como poucos.
FM

O PÚBLICO diz assim:

Divulgador de cinema, director da Cinemateca Portuguesa desde 1991, Bénard da Costa nasceu a 7 de Fevereiro de 1935.
A Cinemateca Portuguesa anunciou em comunicado que o corpo do seu director, João Bénard da Costa, estará na Igreja de S. Sebastião da Pedreira, em Lisboa, ao final da tarde de hoje. Numa última homenagem ao cinéfilo que dirigiu a instituição desde 1991 (e que era membro da direcção desde 1980), a Cinemateca – que suspende hoje as suas sessões – vai projectar, em data e hora a anunciar, o filme da vida de Bénard: Johnny Guitar, de Nicholas Ray. Num inquérito de jornal em que lhe pediam para dizer qual o seu filme preferido, Bénard respondia: Johnny Guitar, de Nicholas Ray; porque era ele; porque era eu”.
“Os filmes da sua vida e o seu filme da vida não se distinguiam, e traziam sempre ecos afectivos, memórias culturais, reflexos dos debates que também viveu”, escreve a direcção da Cinemateca no comunicado. “João Bénard da Costa viu muitos filmes, todos os filmes, uma vida inteira de filmes, mas também via sempre filmes que mais ninguém via, porque neles descrevia o que lá estava e não estava, isto é, aquilo que não era aparente e óbvio antes de o lermos nos seus textos”.
Leia mais aqui

Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 21 Maio , 2009, 11:26

A cultura ganha uma nova importância na vida política e económica contemporânea. O desenvolvimento humano não é compreensível nem realizável sem o reconhecimento do papel da criação cultural, em ligação estreita com a educação e a formação, com a investigação e a ciência. O que distingue o desenvolvimento e o atraso é a cultura, a qualidade, a exigência - numa palavra, a capacidade de aprender. Deixou de fazer sentido a oposição entre políticas públicas centradas no Património histórico, por contraponto à criação contemporânea. A complementaridade é óbvia e necessária. Basta olharmos os grandes marcos da presença humana ao longo do tempo para percebermos que há sempre uma simbiose de diversas influências, de diversas épocas, ligando Património material e imaterial, herança e criação. A nova Convenção-Quadro do Conselho da Europa sobre o Património cultural, assinada em Faro em Outubro de 2005 e já ratificada por Portugal, é um instrumento inovador da maior importância, onde pela primeira vez se reconhece que o Património cultural é uma realidade dinâmica, envolvendo monumentos, tradições e criação contemporânea. Segundo este documento, a diversidade cultural e o pluralismo têm de ser preservados contra a homogeneização e a harmonização. E se falamos de um «património comum europeu», como realidade a preservar, a verdade também é que estamos perante uma construção inédita e original baseada na extensão da dimensão tradicional do Estado de direito, no apelo à diversidade das culturas, no aprofundamento da soberania originária dos Estados-nações, na legitimidade dos Estados e dos povos, na criação de um espaço de segurança e de paz com repercussões culturais e numa maior partilha de responsabilidades nos domínios económico e do desenvolvimento durável.

Guilherme d’Oliveira Martins,
Leia mais aqui
Presidente do Centro Nacional de Cultura
In Património, Herança e Memória. A cultura como criação.
Ed. Gradiva
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Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 22 Abril , 2009, 12:35

Talvez não haja muito que contar, meus filhos, porque não são muitas as coisas que aconteceram, no espaço de uma sempre breve vida, que valha a pena reter e transmitir. Ao contrário, a arte de esquecer a inutilidade em que se traduz a maior parte das inquietações que consomem o nosso tempo, reduz as recordações a tão pouco que muitas vezes se contam num gesto, e sem palavras.

É assim que os que se amam, e até os que se odeiam, adoptam uma espécie de código secreto e breve que resume num instante anos de convívio. Porque quase tudo se concentra num resumo sem grande importância, depois de ter parecido que justificava canseiras demoradas, debates prolongados, vigílias de angústia, pontos finais. Nisso se gasta a maior parte daquilo que chamam o nosso tempo, e que é simplesmente a nossa vida, que é em unidades de vida que o tempo se mede. Entretanto, descura-se o essencial nos nadas a que não sabemos que nos obriga. É por isso que os livros de memórias tantas vezes parecem mais um protesto do que um testemunho, às voltas com a espuma do tempo, tempo perdido, tempo doado, unidades de vida.

Páginas consagradas ao tempo perdido, repletas das anotações raivosas do que não a valia a pena ter sido dito ou feito, e que teimam em nos fazer partilhar numa espécie de vingança indiscriminada contra as gerações futuras. Não gostaria de recordar nada que se inspirasse numa fraqueza humana, nem de contar senão aquilo que anda ligado, na minha experiência, às pessoas e coisas que me pareceram tocadas pelo sopro da sobrevivência.

Adriano Moreira
In A Espuma do Tempo - Memórias do Tempo de Vésperas, Ed. Almedina
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Editado por Fernando Martins | Sexta-feira, 10 Abril , 2009, 11:48
Entrada do Museu


Escavações do exterior do Museu

Reprodução de uma gravura de George Landmman

O Museu Municipal de Arqueologia de Albufeira abriu ao público em 20 de Agosto de 1999. Está localizado no núcleo antigo da cidade, na Praça da República, em edifício do século XIX.
O museu oferece ao visitante a evolução histórica desta região, desde a pré-história até ao século XVII, e integra a Rede Portuguesa de Museus, com data de inscrição de 2003.
Com entrada gratuita, a visita proporciona ao visitante o registo de alguns dados curiosos, nomeadamente, sinais da presença, no Sul de Portugal, do homem do paleolítico e do neolítico, mas ainda da idade dos metais.
Os meus olhos fixaram-se na colonização romana, onde se assinala que Santa Eulália e a praia dos Aveiros (Atenção a este vocábulo) estão identificadas com a exploração dos recursos marinhos.
Brincos, anzóis, armas de ferro, mosaico romano, pilastras e colunas, telhas de sepulturas e outros restos que são rastos de gente que veio de Roma.
A civilização islâmica também deixou vestígios que ainda perduram no quotidiano das gentes actuais, havendo prova disso em inúmeras povoações.
A idade moderna apresenta também diversos elementos que vale a pena visitar. Há no piso superior um colecção de gravuras de George Landmman (1780-1854), pintor inglês que registou várias paisagens portuguesas. Permitam-me que deixe aqui uma sugestão: se passarem por Albufeira, passem pelo Museu.

Editado por Fernando Martins | Segunda-feira, 06 Abril , 2009, 16:47
O SEU PRIMEIRO CONTO ENTRA NO PLANO NACIONAL DE LEITURA

João Alberto Roque, 47 anos, professor de Biologia e Geologia na Escola Secundária da Gafanha da Nazaré, contista, inscreveu dois primeiros prémios no seu currículo literário. O primeiro alcançado no concurso Matilde Rosa Araújo, patrocinado pela Câmara Municipal da Trofa, em 2006, com o conto “Pirilampo e os deveres da escola”, e o segundo no concurso António Feliciano Rodrigues (Castilho), organizado pela Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, Funchal, em 2008, com “O primeiro passo na Lua”.
O “Pirilampo e os deveres da Escola” foi editado com ilustrações de Helena Zália e entrou já no Plano Nacional de Leitura (PNL). “O primeiro passo na Lua”, para além da edição por conta da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, tem já agendada publicação na Editora Nova Vega, esperando o autor que o seu conto veja a luz do dia a 20 de Julho de 2009, quando perfaz 40 anos sobre a chegada do homem ao satélite da Terra.
João Roque sempre gostou de escrever, mas foi no Timoneiro, há anos, que descobriu a sua veia ficcional, quando alimentava, mensalmente, a rubrica “À volta de um provérbio”. Os anos foram passando, até que alguém colocou na escola onde lecciona um cartaz anunciando um concurso literário da Câmara da Trofa. “Aquilo desafiou-me; eu era capaz de escrever e de concorrer; em dois ou três dias tinha o conto escrito e quando o acabei gostei muito do que tinha escrito; pedi à colega Cláudia Ribau que o ilustrasse e enviei o trabalho; surpreendentemente, acabei por ganhar.”

Para o nosso entrevistado, os concursos têm de interessante a certeza de que o que escrevemos “vai ser lido por alguém; alguém que, em princípio, tem capacidade crítica; no concurso da Trofa, por exemplo, o júri era constituído por gente de pergaminhos: António Torrado, Viale Moutinho, Armandina Maia, António Pontes (vereador da autarquia) e, sobretudo, Matilde Rosa Araújo, que representou, para mim, uma satisfação muito grande”.
Questionado sobre as fontes de inspiração, João Roque garantiu-nos que o seu filho David e uma gatinha abandonada no quintal da família foram os inspiradores do “Pirilampo e os deveres da escola”. E porque “a minha filha mais pequena, a Cecília, também merecia uma história, outra nasceu, e depois mais outra e outras...”
Sobre o sentido pedagógico que ressalta nos seus contos, o professor Roque lembra que os seus textos reflectem, naturalmente, os temas das disciplinas que lecciona. “Há sempre algo de autobiográfico”, acrescenta.
Quando escreve para crianças e adolescentes, tem normalmente uma preocupação educativa, embora alguns autores defendam que o principal é divertir. No entanto, frisa que, “se o escritor conseguir as duas coisas, ser educativo e divertido, então é oiro sobre azul”.
Diz que a escrita brota nele “por intuição”, mas admite que “pode escolher palavras mais simples, para que o texto seja mais fácil de entender por quem o vai ler”.
Considera que o filho David, de 12 nos, é o seu principal leitor, de quem recebe as primeiras impressões, mas não deixa de referir que também gosta de ler os seus contos à filha Cecília.
Não tendo sido um pai habituado a inventar histórias para adormecer os filhos, João Roque insiste na ideia de que prefere escrevê-las. Contudo, esclarece que nos seus escritos “haverá um bocadinho desses pais que gostam de as contar”. E a propósito do que escreve para a Cecília, salienta que se baseia “em pequenas coisas do dia-a-dia, com carácter pedagógico”.
Quando a faceta de contista se manifestou com os prémios conseguidos, e com a natural divulgação que os mesmos justificaram, este professor da Secundária da Gafanha da Nazaré começou a ser solicitado por diversas escolas, em especial para responder às muitas questões postas por alunos que já leram o “Pirilampo e os deveres da escola”, graças à entrada do livro no PNL.
Considera, por isso, que este facto é uma indiscutível mais-valia, “em termos de o conto poder ser lido por mais crianças”. Mas isso também lhe traz a obrigação “de manter o nível”, disse.

Fernando Martins


OS CONTOS PREMIADOS




No conto “Pirilampo e os deveres da escola”, David era capaz de ficar esquecido a brincar com qualquer coisa insignificante, ou a olhar para uma mosca ou ficar à janela a ver as plantas crescer no jardim... até os seus dedos podiam ser tanta coisa diferente que não precisava de mais nada para se entreter durante largos minutos. Ele sabia que tinha de fazer os trabalhos que a professora mandava mas... distraía-se com tanta facilidade!
Na escola, a professora pediu aos meninos que fizessem uma redacção. Sobre que havia de ser a do David? Sobre a sua gatinha, claro! Fez a redacção tão depressa que a professora ficou espantada. Estava bem feita e até tinha o desenho da gata e o pormenor da sua cauda com a ponta branca.
“O primeiro passo na Lua” leva João Alberto Roque a apoiar-se em marcas da história, para assinalar a chegada do primeiro homem ao solo lunar. Neil Armstrong, o astronauta dos EUA, pronunciou então uma frase que ficou célebre: “Este é um pequeno passo para o homem; um gigantesco salto para a humanidade.”
No conto, o autor consegue envolver um rato na expedição. Antecipando-se ao astronauta americano, o rato, com o seu fato espacial, dá o primeiro passo na Lua. De facto, “Este é um pequeno passo para o homem, mas um salto gigantesco para um rato.”

FM

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