É sempre doce a lembrança que me fica
Das brincadeiras puras dessa infância
Que, recordada, assim a tal distância,
Tem um encanto bom que não se explica.
E a vã saudade um templo santifica
Onde guarda, para sempre, a tal fragrância
Que nem o Tempo, com a sua arrogância,
Desvirtua, molesta ou danifica.
Sinto no peito o repicar do sino
De todos os meus risos de menino
Que me invadem o corpo de candura.
Sei bem que nada fiz para o merecer
Mas queria, quando a luz se escurecer,
Por eles ser levado à sepultura.
Domingos Freire Cardoso