A liberdade sindical faz parte da democracia, mas a manipulação partidária dos sindicatos já é discutível. Não sei até que ponto é legítimo os partidos políticos interferirem na vida dos sindicatos. Eu gostaria mais que os sindicatos fossem independentes dos partidos, agindo em conformidade com os interesses dos seus membros. O problema, real, é que não tem sido assim, sobretudo nas grandes centrais sindicais. Todos sabemos que é assim.
Carvalho da Silva, líder há anos da CGTP, não estará disposto a aceitar a intromissão do PCP na vida daquela central sindical, com imposições a nível da constituição das listas directivas e da estratégia programática, conforme denuncia o PÚBLICO. “A novidade é que Carvalho da Silva não está disponível para ver cerceada a autonomia de acção da CGTP, ao nível quer da sua actuação quer do colectivo da sua direcção. Alguns responsáveis sindicais contactados pelo PÚBLICO sustentaram mesmo que não faz sentido ter sido seguido todo um caminho de autonomização da CGTP em relação ao PCP, que se concretizou, por exemplo, no facto de não só a direcção mas o próprio secretário-geral serem eleitos em lista pelo congresso, para agora aquele partido vir tentar minar essa autonomia impondo nomes e condições. E salientam que se o líder da CGTP é eleito, encabeçando uma lista, e não apenas cooptado como foi no passado, isso significa que ele tem uma legitimidade que não pode ser questionada por nenhum partido, nem nenhuma organização sindical”, acrescenta aquele diário.