1. Nos nossos dias, só o que tem futuro é que merece a caracterização de sustentável. Esta é uma ideia simples e na actualidade claramente assumida em múltiplos quadrantes da vida colectiva. Não ter sustentabilidade é não conseguir garantir um amanhã viável e promissor em ordem ao progresso. Neste sentido, a «tranquilidade» pode prejudicar se o rumo que se tem não garante a continuidade necessária. Aliar o humanismo e a serenidade com a garantia sempre urgente de futuro será, na verdade, a chave de solução mais eficiente. Lançando o olhar sobre tantas e tantas instâncias e colectividades, do mundo social ao associativo ou mesmo cultural, deparamo-nos com determinadas opções, ou ausência delas, que podem condicionar a verdade do melhor desenvolvimento para todos.
2. A coragem de mudar, no pressuposto da preocupação de implementar melhorias nos processos e nas finalidades, na procura da verdade e da justiça, é sempre caminho de profetas. Em tantas realidades são necessários impulsos positivos, estimulantes e efectivamente renovadores, não fundamentalmente na cosmética da imagem mas na essência das coisas. Também não mudar por mudar, como quem procura em tudo ler caminhos de reacção ao passado, diminuindo, por isso, a séria convicção. Quantas vezes se sabe que em imensas colectividades a abundância da tranquilidade pode significar aquela “paz podre” que poderá ter o nome de indiferença. No mundo actual uma renovada consciência existe de que cada um pode fazer a diferença, de que cada um tem um papel imprescindível na construção do bem comum. Mas, quem governa o barco, quem lidera o grupo, terá de ter essa capacidade de síntese estimulante.
3. Esta reflexão vem a talho de foice de um dia destes, ao ouvir na rádio os comentários a mais um empate do Sporting, da «tranquilidade» de Paulo Bento e do presidente leonino. De facto, também o excesso de tranquilidade «forever» pode perturbar os cordelinhos da sustentabilidade…
Alexandre Cruz