de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Domingo, 09 Novembro , 2008, 23:28
Confesso que começo a ficar baralhado. Fui professor e continuo muito ligado à classe. Temas como escola, ensino, educação, alunos, professores e comunidade educativa continuam a ter um lugar especial na minha mente. Bem tento ficar de fora, alheando-me do que se passa à minha volta, ao nível do ensino e da educação, mas não consigo. De todo…
Perante a realidade das gigantescas manifestações de descontentamento dos professores, não posso ficar indiferente. Não consigo. E se a isto juntar o que ouço de alguns professores, com esgares de revolta e de tristeza, não devo ficar calado. Este país não pode continuar alheio ao diálogo; não pode aceitar a incapacidade, permanentemente demonstrada por parte dos responsáveis, para se sentarem, de uma vez por todas, à volta de uma mesa, para se acabar com os tristes espectáculos que todos estão a fazer passar para os alunos. Quando os professores e os governantes não conseguem entender-se, gritando, em altos berros, as suas razões, que hão-de as crianças e jovens pensar?
Eu sei que há professores muito honestos e muito esforçados; eu sei que há professores muito competentes e muito criativos; eu sei que há professores que trabalham por vocação, numa entrega diária; mas sei que o contrário também é verdade. Os primeiros, no entanto, estarão em grande maioria. Disso tenho a certeza absoluta. Já por lá passei.
Por estes dias tenho ouvido diversos docentes, de vários graus de ensino. Todos se queixam do excesso de burocracia, o que os impede de se entregarem mais e melhor àquilo que gostam de fazer: ensinar; muitos se queixam de alunos indisciplinados e pouco estudiosos; diversos contestam a arrogância e a prepotência do ministério; outros tantos sentem-se desesperados pelo clima desgastante do dia-a-dia, que lhes destrói a serenidade necessária para ensinar e motivar os alunos, para a descoberta e para a aprendizagem.
Deste meu recanto, de professor aposentado, apetece-me pedir a quem nos governa que ouse ouvir os professores, para que o caos acabe. E ao Presidente da República suplico que, pensando muito nos alunos, converse com o primeiro-ministro. É urgente encontrar uma saída para este drama nacional. As nossas escolas precisam de paz. Todos ganharemos.

Fernando Martins

Fernando Martins a 10 de Novembro de 2008 às 19:13
Minha boa amiga

O que me entristece mais é ver a dificuldade que há em se sentarem a uma mesa para dialogar. Perante esta dificuldade, o que sentirão os alunos? Como se pode propor o diálogo aos jovens, se ele não é praticado pelos responsáveis do ensino em Portugal? Estaremos a formar gente para o antidiálogo? Penso que sim. E não é verdade que o antidiálogo gera a prepotência? Também penso que sim.

Um abraço

Fernando Martins

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