de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Sábado, 23 Fevereiro , 2008, 09:27
Não é todos os dias que encontramos homens íntegros no exercí-cio de funções relevantes e mesmo na vida de todos os dias. Sei que os há. Mas na política, área mais visível, embora haja pessoas respeitáveis, são mais, na minha opinião, as que agora dizem uma coisa e amanhã o seu contrário.
Guilherme d’Oliveira Martins é uma personalidade polivalente e multifacetada. É socialista, escritor, foi ministro dos Governos de António Guterres e deputado, é docente universitário, confe-rencista, militante católico, presidente da Centro Nacional de Cultura e Presidenta do Tribunal de Contas.
Fala sobre literatura, história, direito, filosofia, política, arte e religião, entre outros assuntos, sempre com elevação. Já Eduardo Prado Coelho, que o admirava, sublinhava a sua cultura global. Quando foi nomeado para o Tribunal de Contas, logo surgiram vozes de protesto pelo facto de ele ser socialista. Que iria pactuar com o Governo, era o mínimo que dele se esperava. Mas esses arautos da desgraça, que vêem nos outros aquilo que são, enganaram-se.
Guilherme d’Oliveira Martins, como pessoa honesta, não perdeu tempo com esses críticos. E uma vez no Tribunal, começou a exercer as suas funções com a independência que o caracteriza. Na sequência de outras decisões, em que reprovou contas do Governo de José Sócrates, também o Tribunal a que preside não deu luz verde a um empréstimo que a Câmara Municipal de Lisboa queria contrair para pagar dívidas. Choveram os protestos. Mas Guilherme d’Oliveira Martins já respondeu que se limitava a cumprir a lei. E disse mais: se não concordam com ela, os legisladores que a alterem.

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