
Nesse dia, tive oportunidade de escrever neste blogue uma breve reflexão sobre “O 25 de Abril e o futuro”. Acabava o meu texto da seguinte forma: ”Falar, nos dias de hoje, do 25 de Abril de 1974, é pensar e falar na capacidade que temos em regenerar o que tem que ser regenerado; aperfeiçoar o que tem que ser aperfeiçoado; na vontade em resolvermos as dificuldades e problemas que nos surgem e na qualidade de vida e de democracia que podemos prometer e cumprir, de forma competente, perante todos os cidadãos. Se assim não for, o 25 de Abril de 1974 será sempre passado sem sentido e um memorial de recordações e nostalgias que jamais poderão fazer parte do futuro.”
Perante isto, não posso estar mais de acordo com a frase do Presidente da República, já que um projecto de país e de uma sociedade jamais se esgotam no tempo. O futuro é, pois, o horizonte mais próximo, num projecto de um país, que, por via disso, nunca está acabado e cujas responsabilidades para as tarefas da sua contínua renovação e execução são transmitidas de geração em geração, ininterruptamente.
Neste seu discurso, Aníbal Cavaco Silva deu a conhecer um estudo, encomendado à Universidade Católica Portuguesa, “sobre as atitudes e comportamentos políticos dos jovens em Portugal”.
O estudo revela um “alheamento da juventude, que não pode deixar de nos preocupar a todos, a começar pelos agentes políticos. A começar por vós, Senhores Deputados. Se os jovens não se interessam pela política é porque a política não é capaz de motivar o interesse dos jovens. (…) Em todo o caso, o nível de informação dos jovens relativamente à política é de tal forma baixo que ultrapassa os limites daquilo que é natural e salutar numa democracia amadurecida.” Já gora, será só na vida política?
Compreendo as palavras do P.R. e os alertas que faz, em vista ao futuro e ao destino de Portugal. Contudo, não posso deixar de colocar algumas questões que o passado nos tem ensinado e das quais os políticos se parecem esquecer: É ou não é verdade que existe em Portugal uma falta grave de cultura de cidadania? É ou não é verdade que os partidos políticos são mais vendedores de ilusões do que cumpridores de promessas? É ou não é verdade que falar verdade custa a perca de muitos votos? É ou não é verdade que os Deputados, não prestam contas a ninguém do que fazem no Parlamento? É ou não é verdade que se tem dado a ideia que aprender e ensinar não exige disciplina e sacrifícios? É ou não é verdade que as pessoas querem é entretimento, começando no futebol e acabando nas telenovelas? É ou não é verdade que se tem desvalorizado a componente de memorização dos jovens? É ou não é verdade que o espaço familiar é cada vez mais ocupado pelo computador, a Internet ou as Play Stantion, em vez do diálogo familiar? É ou não é verdade que se vendem cada vez mais as chamadas revistas cor-de-rosa e sensacionalistas e decresce a venda da chamada “informação séria”? É ou não é verdade que temos uma democracia formal e conjuntural?
Estas questões são comuns a outros países, pelo que bem pior do que a baixa informação, política, dos jovens, e não só destes, tem sido a falta de qualidade e a mediocridade dos que têm gerido os destinos deste povo e deste país, ao longo das várias décadas de democracia. É difícil não fazer recriminações, como pediu o P.R., pois estas, agora, nada resolvem e o futuro não espera, e é este que conta! Até quando?