Possivelmente, de parte a parte, há razões subterrâneas ou ressentimentos acumulados que originaram fantasmas. E turvaram, primeiro os discursos, depois o olhar que, obviamente tem um alvo comum: o homem do nosso tempo. Da Europa. Que, quer se queira ou não, é um motor da civilização e cultura, um gerador único de história e fé no complexo xadrez, cada vez mais desmultiplicado, da humanidade.
As correntes espiritualistas do Oriente, os compactos raciais das Américas, as etnias de África, os novos sinais do mundo árabe, as perspectivas de Deus e do homem na filosofia actual – na teórica, mas sobretudo na prática – relançaram as grandes interrogações ao homem de hoje que os novos sinais emitidos pela economia, técnica, comunicações, valores, exaltações e perdas, exprimem de forma muitas vezes contraditória. E tornam, por isso, o homem carente de referências profundas de identidade.
Conhecer a Europa é um fascínio. Mas, no Norte ou no Sul, no Oriente como no Ocidente, não se entende o velho Continente sem o traço luminoso da fé cristã que desde o início o construiu, atravessou e o teve por companheiro numa marca inapagável para o resto do mundo. Seria bom que nestes cinquenta anos do Tratado de Roma, Cristianismo e Europa fizessem uma festa. Sem esquecer afinações que sempre se exigem num percurso longo, onde o humano e o divino se cruzam com naturais tensões.
Um dos grandes feitos da Europa nos pós-guerra foi juntar os inimigos. Um ponto que é a própria essência do cristianismo. E um princípio básico de entendimento. A partir daqui todos os passos de aproximação são possíveis.