O insólito disto tudo está na vitória de António de Oliveira Salazar, por larga maioria. Porquê?
Terá havido algumas campanhas camufladas para que isto acontecesse? Como é possível que os portugueses tenham escolhido um ditador para ocupar o primeiro lugar dos nossos maiores? Como é possível que os portugueses tenham assim a memória tão curta, elegendo um homem que era avesso à democracia, aos partidos políticos, ao desenvolvimento cultural, social e económico? Terá tido o mérito de evitar a nossa entrada na guerra. Terá tido o mérito de endireita as finanças públicas. Terá sido um governante austero e incapaz de enriquecer de forma ilícita… Mas ninguém ignora que não perdoava a quem ousasse enfrentá-lo, a quem não alinhasse pelas suas opções. Não acreditava na democracia, nem na inteligência de outros políticos. Era um homem solitário, que lutou por um conceito de vida ligado ao “orgulhosamente só”.
Terá sido esta atitude o fruto de um certo mal-estar, provocado por algum descontentamento, em relação a erros da democracia que o 25 de Abril nos legou? Será que os portugueses ainda acreditam que o nosso progresso, a vários níveis, terá de passar por uma ditadura?
Claro que estou com curiosidade de saber o que vão dizer os nossos analistas políticos, historiadores e sociólogos. Como é que eles vêem esta escolha dos portugueses e porquê…