Ouvi esta manhã, na Terra Nova, uma entrevista com membros da ORBIS, Carina e Pedro Neto, sobre as suas experiências de vida, no campo missionário e na área da cooperação para o desenvolvimento. O próprio entrevistador, habituado a conversar na Terra Nova com gente de todos os quadrantes, políticos, religiosos, sociais, artísticos e profissionais, deixou transparecer alguma emoção pelas histórias que ia ouvindo e estimulando.
O que eu quero aqui sublinhar é o empenhamento de muitos jovens, incansáveis na luta por um mundo melhor, com sacrifício, inúmeras vezes, das suas vidas privadas.
A Carina e o Pedro Neto bem procuraram sublinhar que são jovens como outros quaisquer, com gostos semelhantes a outros jovens. Mas não concordo inteiramente com eles, neste ponto. É que eles não se ficam pela vida fútil de tantos jovens que conheço. Vidas sem objectivos elevados, sem princípios solidários, sem preocupação pelos que mais sofrem, sem gosto por um mundo mais fraterno. A diferença está precisamente nisto. A Carina e o Pedro deixaram tudo para se enriquecerem no contacto com outras culturas, com pessoas que nada têm, para além do ar que respiram. Foram para se darem e acabaram por regressar mais enriquecidos.
Quando olho para tantos, jovens e menos jovens, que apenas cultivam o egoísmo, que passam a vida a olhar-se ao espelho para narcisicamente se envaidecerem, esses nunca saberão o que é contribuir para um mundo novo, mais humano. Mas reclamam da sociedade mais prazeres, riqueza, divertimentos estonteantes, trabalho sem esforço, liberdades para tudo.