de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 05 Junho , 2007, 11:42


Cinema: o meu amigo Manoel



Entre os meus amigos conta-se Manoel de Oliveira, um cineasta a que ninguém fica indiferente. Conhecido por muitos como autor de obras extensas e difíceis de acompanhar é, sobretudo, um realizador multifacetado, que tem percorrido os mais diversos géneros, trabalhado narrativas em diferentes ritmos e revelando sempre uma enorme competência cinematográfica.
Começou com "Doura Faina Fluvial", em 1930, seguindo-se diversas curtas metragens até 1942, data da sua primeira longa bem famosa, "Aniki Bobó". Nos vinte anos seguintes apenas um par de curtas metragens, uma das quais, "O Pão", em duas versões. A partir de 1962 a sua carreira intensifica-se progressivamente, até criar o espantoso ritmo de um filme por ano, que desde os anos 80 caracteriza a sua carreira.
Para além do drama "Vale Abraão" - como vários outros dos seus filmes tomando por base Agustina Bessa Luís e um dos seus trabalhos mais cotados - passou pela comédia, como "A Caixa", a reconstituição histórica e o romance e, também, por apontamentos até certo ponto autobiográficos como "Viagem ao Princípio do Mundo" e "Porto da Minha Infância", este último com uma vertente humorística muito considerável e em que retoma o trabalho de actor, que preencheu o início da sua carreira e "meio papel" em "A Divina Comédia", substituindo Ruy Furtado que morreu antes do filme terminado deixando muitas sequências em aberto.
A desconfiança do público português levou muito tempo a ser dissolvida. "Aniki-Bobó" vinha de uma época distante e filmes excelentes, como "Francisca" ou "O Sapato de Cetim" não eram de leitura fácil para a generalidade do público. Primeiro em França, depois em outros países (incluindo os Estados Unidos) o génio criador de Oliveira começou a ser reconhecido e divulgado, o que tornou inevitável o despertar mais forte do público português, sobretudo o mais cinéfilo. O nível de divulgação foi aumentando, sem nunca atingir a dimensão merecida. Mas mesmo para quem põe reservas ao autor e ao seu estilo Manoel de Oliveira é hoje unanimemente considerado o melhor cineasta português e, acrescente-se, o mais produtivo.

Francisco Perestrello
:
Manoel de Oliveira recebe o Prémio de Cultura Padre Manuel Antunes de 2007
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