A LÍNGUA PORTUGUESA
O livro da primeira classe estava dividido em duas partes: a primeira, de letra grada, era para aprender a ler; a outra, de letra miudinha, para praticar a leitura.
A fase inicial, depois do aeiou, consistia em “juntar as letras” - um t e um a...ta; e por aí adiante, percorrendo todos os sons; praticando de seguida os ditongos e os casos especiais...
Quando se dava o X e a seguir vinha a letra miudinha, era um alívio e uma satisfação de arromba! Ponhamos a ressalva de que era norma repetir integralmente toda a primeira parte, embora de forma mais rápida, de modo a que, chegando o Carnaval, se estava apto para o tal salto: estar capaz para a tal letra miudinha!
A minha memória, que por vezes me vai atraiçoando, fez-me presente que nesses tempos havia a “primeira dos cartões” - espécie de maldição: criança que encalhasse e não ultrapassasse os malfadados cartões, quase certo, não chegava a fazer exame da 3.ª classe!
A escrita ia acompanhando a leitura, na aprendizagem das letras e depois a copiar as palavras que se aprendiam.
Na 2.ª classe, continuava-se o treino da leitura, agora acompanhada pela cópia e de alguns ditados; iniciava-se a escrita de frases com respostas a perguntas, como iniciação à redacção.
A 3.ª era já uma classe de franca transição: apostava-se na redacção e no ditado, intercalados com a introdução de noções gramaticais.
Atingida a 4.ª classe, o treino era mais intensivo quer na leitura, quer no ditado e o maior cuidado também na gramática (na qual, se a quarta fosse “bem feita” se apreendiam noções que seriam válidas até ao 5.º ano do liceu, o actual nono ano! Só como cheirinho: conjugações pronominais e reflexas, vozes activa, passiva e perifrástica, sem esquecer a divisão de orações aos saltos e o nome predicativo do complemento directo...)
Como se vê era um programa exigente e que dava bem que entender, principalmente no ditado (onde o número de erros era muito limitado...).
[Certo que agora com o novo acordo ortográfico!...]
Manuel