de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Domingo, 27 Julho , 2008, 11:29

AUTOPSICOGRAFIA


O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só as que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.

Fernando Pessoa
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Marieke a 29 de Julho de 2008 às 00:10
Eu reponho com este..apesar de que gosto mais de Álvaro de Capos..é mais Mar



Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa


Um abraço Maria

Marieke a 29 de Julho de 2008 às 00:11
É Campos...ahhahhah..desculpe

Fernando Martins a 29 de Julho de 2008 às 00:35
Boa noite, Maria!

Amanhã vou colocar este poema com todo o destaque... Também não os posso pôr todos, não é?

Um abraço

Fernando Martins

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