Paralelamente às celebrações oficiais ao nível mais alto do Estado, registo o silêncio na grande maioria das autarquias portuguesas, afinal um símbolo do Poder Local que se enraíza nas conquistas de Abril. Esse silêncio, malhas que a ignorância e a injustiça tecem, merece ser combatido. Realmente, sem o 25 de Abril, não teríamos um Poder Local tão expressivo e tão defensor dos interesses das nossas gentes.
Ouço e leio quanto baste para saber que o 25 de Abril tem defensores acérrimos e críticos ferozes. Uns e outros, ao que julgo, terão algumas razões para cantar vitórias e para manifestarem a sua tristeza. Ambas as situações encarnam beneficiados com a liberdade e condenados à pobreza.
Há tempos, entre amigos, falava-se disso. Um idoso ouvia em silêncio os prós e os contras do 25 de Abril, ao jeito de quem pensa que não tem voto na matéria. Ouviu, ouviu, e em determinada altura comentou secamente: “Está tudo muito bem; talvez todos tenham razão; mas eu não queria voltar atrás!”