SABER SAIR A TEMPO
Falo deste caso, por ser paradigmático. Jardim Gonçalves foi, de facto, um banqueiro de visão, como sublinham os especialistas na matéria. Criou o maior banco privado português, mas não foi capaz de sair na hora certa, porque, pelos vistos, não sabe viver desligado do poder.
Ora isto acontece noutras frentes: na política, na solidariedade social, na comunicação social, no desporto, nas empresas e na religião, entre muitas outras. Olhando à volta, vejo pessoas que foram extraordinárias em várias frentes ou naquelas em que mais se envolveram, mas incapazes de compreender que o seu tempo já passou. Estão convencidas que sem elas é o caos, o fim das instituições que lideraram muitos anos. Pensam que não há quem possa ocupar os seus lugares. Sentem-se senhoras e donas do que puseram de pé ou ajudaram a erguer. Caem em angústias só de pensar que os seus lugares possam vir a ser ocupados por outros. Não têm humildade suficiente para deixar o barco que timonaram anos e anos, retirando-se para o merecido descanso. Acham que têm o direito e a obrigação de trabalhar até morrer, sem perceberem que podem estar a prejudicar a própria comunidade.
Se dúvidas tiverem, olhem, por favor, para o lado. Há pessoas destas por toda a parte.