de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 03 Dezembro , 2008, 18:05
A Prenda


Do Santa Claus, herdara o nome e a destreza física. O primeiro deslizava pelas planícies geladas da Lapónia, num trenó puxado por renas amestradas, numa correria expresso, para entregar as prendas a tempo e horas. O segundo fazia piruetas e cavalos com a sua bicicleta, na rua onde morava, para expandir o excesso de energia que o dominava.
Era vê-lo correr, com o rabito levantado, do selim, ou exibir o seu talento de malabarista, levantando a roda da frente, tal qual garboso cavalo, arqueando as patas dianteiras.
Era ele um adolescente cheio de vivacidade, com os fartos cabelos louros, caindo-lhe em anéis sobre os ombros, ou presos atrás, em rabo-de-cavalo, com ar desafiador perante a vida e muita contestação reprimida.
A vida fora madrasta para ele, em toda a extensão da palavra. A morte prematura da mãe precipitara a desagregação dos laços familiares, que aquela conciliara enquanto viva. O padrasto, remetendo-o para a sua situação de filho “adquirido”, restituíra-o à sua anterior condição de órfão de pai, agora da família inteira. Teria ficado sozinho no mundo, não fora a generosidade, a abnegação e o amor da avó materna, que desfrutava, há bem pouco tempo, a tranquilidade duma reforma bem merecida. Prodigalizava esforços, carinhos, para o compensar da falta prematura e súbita da mãe. Havia passado ainda pouco tempo após a sua morte, quando se avizinhava mais um Natal, na vida do protagonista desta história.
Na ânsia de lhe minorar o sofrimento e a falta do amor maternal, a avó inquiriu um dia, o neto, sobre a prenda que gostaria de receber. Foi enumerando coisas que fazem as delícias da criançada e que são habitualmente pedidas ao Pai Natal.
Escurecia-se-lhe o rosto, sempre que era interpelado sobre tal questão. O tom pesaroso e sombrio que o acometia evidenciava a nostalgia que perpassava na mente deste jovem.
Escusava-se a responder, permanecendo num mutismo prolongado. Um dia, depois de muito instado para dar a resposta, sem medo, sem contemplações, atirou, em desespero:
- Quero a minha mãe!
A torrente de lágrimas aprisionada no cárcere da tristeza jorrou livremente, inundando o campo que tanto quisera proteger!
Essa prenda, nem com toda a fortuna do mundo lha poderia dar!

Mª Donzília Almeida

01.12.08
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Marieke a 4 de Dezembro de 2008 às 13:36
Maria Donzília
Parabéns pelos textos que coloca neste blogue.
Quanto a este mais precisamente...não gostei..e não gostei..não foi pelo que escreveu mas sobre o que escreveu...fez-me ficar triste..eu também queria só esssa prenda
Um abraço
marieke

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