VERDADE E PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
NÃO ESTÃO EM LEILÃO
António Marcelino
Pilatos, já meio perturbado pela recomendação da esposa que pedia que não se deixasse envolver nas acusações e, cada vez mais baralhado pelas contradições dos acusadores e pelos gritos da gentalha, quis que fosse Jesus, o acusado, a esclarecer a situação. Mas Ele apenas afirmou: “Vim ao mundo para dar testemunho da verdade. Quem é da verdade escuta a minha voz”. E Pilatos, ainda mais perplexo, apenas disse, em ar de pergunta de que não esperou resposta: “Que é a verdade?”
Este é o drama da sociedade actual: a verdade perdeu a cotação, foi posta a leilão, interessa a poucos conhecê-la e, quando se procura ou se pergunta por ela, não se espera pela resposta de quem a pode testemunhar e propor feita vida.
Será que alguma vez a vida pode ter sentido de dignidade e garantia de futuro se apenas se basear em sentimentos e opiniões avulsas, ou se construída à margem da verdade objectiva e de princípios fundamentais, única forma de ter consistência e futuro?
“O apelo corajoso e integral aos princípios é essencial e indispensável”, recordou Bento XVI aos bispos portugueses. Uma recomendação apta para fazer caminho todos os dias.
O ambiente social, pejado de mentira, deixou-se inquinar por interesses pessoais e de grupos, para os quais a verdade será sempre incómoda e, por isso, desprezada.