Hoje, na Figueira da Foz, onde me encontro, soube da notícia triste do falecimento do Padre Lé. Embora o seu estado de saúde bastante abalado fizesse supor que o fim físico não estaria longe, a verdade é que é sempre doloroso ver partir um amigo e, mais que amigo, um confidente em horas decisivas da minha vida.
Recolheu ao seio do Pai, que o motivou toda a sua existência, depois de cumprir a nobre missão de servir os seus irmãos na fé e todos os homens de boa vontade. Com um estilo muito próprio, deixou marcas indeléveis no coração de muitos dos seus amigos.
Natural da Gafanha da Nazaré, assumiu a Gafanha da Encarnação como terra sua, mostrando-se continuamente empenhado na defesa daquilo que considerava justo, quer sob o ponto de vista religioso, quer social e cultural. Com ele, inúmeras vezes troquei impressões e discuti princípios na defesa de uma sociedade mais cristã.
Há meses, quando os incómodos de saúde já se faziam sentir, tive o privilégio de o entrevistar, em jeito de homenagem que ele bem merecia neste Ano do Sacerdote, estabelecido pelo Papa Bento XVI. Foi, penso eu, uma alegria para ele recordar factos e acontecimentos que protagonizou desde a sua infância até ao presente. Para mim, que prezava a sua amizade, foi-o sem sombra de dúvida.
Hoje, que nos deixou fisicamente, sinto que o Padre Lé continuará connosco, com o cabelo hirsuto e aquele linguajar de gafanhão, como quem está a discutir com um sorriso aberto e sonoro para enquadrar o ambiente.
Que Deus o receba na Sua Glória.
Fernando Martins