Liberdade de exprexão na imprensa portuguesa
A Comissão de Ética da Assembleia da República continua afanosamente as audições sobre o que tem sido a liberdade de expressão na imprensa do nosso país. Não sei se é correcto e ético exibir, como o tem feito, de portas abertas a toda a comunicação social, o que se diz e ouve, permitindo um “lavar de roupa suja”, que nos mostra um retrato degradante da sociedade em que vivemos.
As audições, no todo ou em parte, que ouvi, não passam, por regra, de acusações e de vinganças que suscitam outras acusações e ameaças de recursos a tribunais, para defesa da honra de quem se sente injuriado.
Penso que as comissões de inquérito deviam agir de forma menos teatral e com mais recato, porque de maus espectáculos estamos todos fartos. Imaginem só o que resultará destas tristes cenas. Creio que os processos nos tribunais vão disparar substancialmente, ficando à espera de julgamentos, se os houver, lá para as calendas.
Concordo que as comissões parlamentares actuem no sentido de ficarem a conhecer as realidades da sociedade, mas sem terem a preocupação de substituir os inquéritos judiciais, pois só a Justiça tem o direito e a obrigação, a meu ver, de julgar, condenando ou absolvendo, os que desrespeitam as leis portuguesas.
Agora, andarmos para aqui a assistir a estes espectáculos onde se pressente que há baixezas morais em Portugal, entre quem devia ser exemplo de integridade cívica, não leva a porto nenhum. No fim das audições, para além dos “podres” publicamente publicitados, o que fica? Nada.
Fernando Martins