MOEDAS DE PRATA
Georgino Rocha
Trinta são as moedas de prata que os chefes e os anciãos oferecem a Judas para entrar no processo urdido para eliminar fisicamente Jesus de Nazaré. A oferta é aceite e, de agora em diante, Judas Iscariotes funciona como um infiltrado discreto, mas eficaz. Rapidamente é localizado o sítio onde Jesus se refugia com os seus amigos mais próximos e onde a guarda do templo o prende para o levar à presença de Anás. Outros passos são dados, outras deslealdades são praticadas, outras acusações falsas são apresentadas. “É mais conveniente que morra um homem pela nação do que pereça todo o povo” – sentencia Caifás na fase mais crítica da decisão.
Trinta moedas de prata era o preço de um escravo. Este preço mostra o valor atribuído a Jesus e o apreço pelo gesto de Judas que tanto facilitava o triunfo dos adversários. O êxito do suborno fragiliza a resistência do grupo que acompanha Jesus e se dispersa. E fica a ser um símbolo de tantas outras situações que a história regista.
O recurso a benesses dadas a pessoas que interferem em operações deste tipo está na ordem do dia: Corrupção, eliminação física de inimigos, tráfico de influências, empresas-fantasma, roubos disfarçados de desvios, falcatruas, subornos, dilação no andamento de processos de justiça, deslocação de serviços administrativos, e um longo etc. A ponta do iceberg aparece, de vez em quando, nos meios de comunicação.