de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Sábado, 03 Abril , 2010, 13:51

 

MOEDAS DE PRATA

 

Georgino Rocha

  

 

 

Trinta são as moedas de prata que os chefes e os anciãos oferecem a Judas para entrar no processo urdido para eliminar fisicamente Jesus de Nazaré. A oferta é aceite e, de agora em diante, Judas Iscariotes funciona como um infiltrado discreto, mas eficaz. Rapidamente é localizado o sítio onde Jesus se refugia com os seus amigos mais próximos e onde a guarda do templo o prende para o levar à presença de Anás. Outros passos são dados, outras deslealdades são praticadas, outras acusações falsas são apresentadas. “É mais conveniente que morra um homem pela nação do que pereça todo o povo” – sentencia Caifás na fase mais crítica da decisão.

 

Trinta moedas de prata era o preço de um escravo. Este preço mostra o valor atribuído a Jesus e o apreço pelo gesto de Judas que tanto facilitava o triunfo dos adversários. O êxito do suborno fragiliza a resistência do grupo que acompanha Jesus e se dispersa. E fica a ser um símbolo de tantas outras situações que a história regista.

 

O recurso a benesses dadas a pessoas que interferem em operações deste tipo está na ordem do dia: Corrupção, eliminação física de inimigos, tráfico de influências, empresas-fantasma, roubos disfarçados de desvios, falcatruas, subornos, dilação no andamento de processos de justiça, deslocação de serviços administrativos, e um longo etc. A ponta do iceberg aparece, de vez em quando, nos meios de comunicação.

 


Editado por Fernando Martins | Sábado, 03 Abril , 2010, 13:41

 

Da tradição da Páscoa, na região de Aveiro

 

Amaro Neves

 

 

É verdade que cada tempo tem seu rosto, isto é, cada geração marca o seu tempo… A geração que hoje conta mais de cinquenta anos bem recorda a Páscoa da sua juventude, quando, passado o sábado santo (que fechava com a “queima do Judas”), logo no domingo da Ressurreição, bem cedo, o “compasso” saía da igreja ao toque festivo dos seus sinos, sempre acompanhado de sineta que ia anunciando o progresso da caminhada paroquial – o pároco, em sobrepeliz branca, mais o juiz da igreja com a cruz enfeitada, e seus acólitos, todos vestidos com opas de cor vermelha – ao som estridente do estoirar de foguetes. E, de rua em rua e de casa em casa, o pároco a todos anunciava, festivamente: Jesus Cristo ressuscitou, aleluia, aleluia!

 

Por vezes, o compasso era acompanhado de música instrumental e de cânticos, e todas as paróquias da região participavam da grande festa comunitária em que se convertia esta vivência de fé, acorrendo as famílias às casas dos seus para, aí, partilharem da mensagem cristã e, depois, confraternizarem ao gosto e possibilidades da casa que os acolhia. Era lindo… ver como, em regra, a Natureza se engalanava em primavera radiosa, para dar mais cor e odores diferentes, ressuscitando também ela da “Quaresma invernal”!

 

Mas os tempos flúem… e hoje, mantendo-se aqui e além o mesmo espírito de fé, rareiam os compassos, sobretudo nas zonas urbanas, e quando saem à rua, raras vezes se vê o pároco da freguesia, em tudo substituído por grupos que a comunidade cristã organiza para levar, onde quer que haja uma casa aberta, em comunhão espiritual, a mensagem sagrada que consubstancia o pilar da Fé – Cristo Ressuscitou!

 


Editado por Fernando Martins | Sábado, 03 Abril , 2010, 12:20
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A cruz do mundo

 

Anselmo Borges

 

 

Se me não engano, foi Pinheiro de Azevedo quem, em 1976, instituiu o feriado de Sexta-Feira Santa. Penso que é um dos dias que mais fundo calam no coração dos portugueses. Sempre me admirou o facto de, perante a imagem de Jesus crucificado - queiramos ou não, é uma imagem de horror -, mesmo as crianças não entrarem em sobressalto emocional negativo. A partir do que sempre lhes foi ensinado, interiorizaram que ali está o amor. Jesus morreu como testemunha da verdade e do amor.

Um número incontável de homens e mulheres, nos 2000 anos de cristianismo, olharam para aquele crucificado e, no meio do seu sofrimento e angústia, nos becos sem saída da vida, perante os horrores brutos do mundo e da existência, receberam luz, esperança, alívio, inspiração.

 

In DN


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