Caminhos de conversão de há muito abertos
António Marcelino
Falava da Igreja conciliar, da igual dignidade de todos os baptizados, da hierarquia como serviço, da necessidade de acabar com coisas que se introduziram na Igreja, alheias ao seu espírito e missão. E exemplifiquei dizendo, então, que mais que conferir dignidades humanas, era preciso promover intensamente a dignidade radical e a igualdade de todos os filhos de Deus. Havia na assembleia monsenhores feitos de fresco, mesmo ali à minha frente. Eu não sabia. Uma gargalhada alargada e os rostos fechados dos novos dignitários. No fim, o bispo disse-me fraternalmente: “Sabe, eles gostam!...” No mesmo tom e sentido fui testemunha de outros casos iguais. Passados mais de quarenta anos de Concílio, eles ainda gostam e Roma entra no jogo…
Numa cultura moderna e pós-moderna não se pode mais falar de Deus, mostrar um rosto novo da Igreja, enfrentar o drama do divórcio entre a fé e a cultura, como se vivêssemos em tempos de cristandade, como se os hábitos tradicionais e rotineiros pudessem gerar cristãos vivos e activos ou dar mais zelo apostólico a quem veste honras de vermelho ou recebe condecorações pontifícias.