O aperfeiçoamento da Humanidade depende do aperfeiçoamento de cada um dos indivíduos que a formam. Enquanto as partes não forem boas, o todo não pode ser bom. Os homens, na sua maioria, são ainda maus e é, por isso, que a sociedade enferma de tantos males. Não foi a sociedade que fez os homens; foram os homens que fizeram a sociedade.
Quando os homens se tornarem bons, a sociedade tornar-se-á boa, sejam quais forem as bases políticas e económicas em que ela assente. Dizia um bispo francês que preferia um bom muçulmano a um mau cristão. Assim deve ser. As instituições aparecem com as virtudes ou com os defeitos dos homens que as representam.
Teixeira de Pascoaes,
in citador
por Maria Donzília Almeida
Após a revolução de Abril, apoderou-se dos Portugueses um fervor revolucionário e igualitário que viria a produzir os seus efeitos práticos. Considerando que a organização do ensino em Portugal obedecia a critérios fascistas, a divisão dos alunos por escolas de cariz diferente, as Escolas Comerciais e Industriais, versus Liceus, mais por estatuto económico, que por vocação ou capacidades, haveria que mudar-lhe o rumo.
Conceberam os ideólogos da revolução, que a sociedade não deveria ser estratificada e se deveria dar a mesma oportunidade a todos, independentemente da classe social donde se era oriundo. Assim, foi dado um golpe duro às instituições de ensino, acabando com a clivagem entre ensino técnico e ensino liceal. Ia ser uma alegria formar uma sociedade de doutores, que o resto não interessava!
Quando precisássemos de um técnico, de um electricista ou de um mecânico, recorríamos às páginas amarelas, que por um passe de mágica haveriam de nos dar resposta!
Foi assim que nasceu o ensino unificado, que durante anos atirou pessoas para as universidades, ignorando, por completo, as necessidades técnicas do país.