de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Domingo, 17 Janeiro , 2010, 19:40

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Editado por Fernando Martins | Domingo, 17 Janeiro , 2010, 10:02

Gérard David - Bodas de Caná - séc. XVI


O VINHO DA FESTA


A festa de casamento dos noivos acaba de modo feliz. O episódio ocorre em Caná da Galileia. Obedece a um ritual bem definido para celebrar o amor conjugal – sinal publicamente reconhecido do amor de Deus por toda a humanidade. Os protagonistas são o chefe de mesa, os serventes e alguns convidados, dos quais se destaca Maria e seu filho Jesus. Nazaré.

Tudo corre bem, até que Maria dá conta de que o vinho está prestes a faltar. Cheia de solicitude e com muita discrição, comunica-o a Jesus. Após umas palavras de interpelação, Maria diz aos serventes: “Fazei tudo o que ele vos disser”. E o inesperado acontece: Surge vinho novo em abundância e da melhor qualidade. E a festa cresce de intensidade e de ritmo. A acção de Jesus havia dado um apoio decisivo às carências dos noivos, à busca de soluções dos intervenientes, à alegria dos convivas.

João – o narrador do episódio – regista o facto não apenas pelo seu valor histórico, mas sobretudo pelo seu alcance simbólico. É este alcance que lhe interessa: mostrar a mais valia da presença de Deus no casamento religioso e concretizar esta presença em Jesus Cristo e na sua atenção às situações concretas.



Uma boda de casamento sem vinho é, no nosso contexto sócio-cultural, uma anomalia inaceitável. O normal é que sobre comida e bebida. Mas esse risco ocorre na sociedade e nas comunidades cristãs. Sobretudo na família e no seu núcleo original – o casal heterossexual. E então, surge o vazio que provoca o impasse e semeia o pânico. Nesta situação, o coração humano não se sente bem e tenta encontrar saídas para a penúria e para a crise em que se encontra. São saídas sempre precárias e instáveis.

O vinho de qualidade junta dois elementos preciosos: a água enquanto riqueza natural e a intervenção de Jesus, o amor humano e a graça divina, a pessoa e Deus, o momento e o seu alcance definitivo, o casamento e o sacramento. Junta-os e gera uma unidade tal que constituem uma só realidade.

A vida será uma festa em que o amor estável e fiel dá sentido a tudo o que acontece, quer seja programado pelo casal, quer provenha de surpresas ocorrentes. Amor que brota do coração humano, mas tem a sua fonte em Deus, como o vinho novo de Cana a teve na intervenção de Jesus. Amor que, diariamente, necessita de cultivar a frescura original e irradiar de forma contagiante e apelativa. Amor que desabrocha na valentia da liberdade alicerçada na verdade e na responsabilidade.

Georgino Rocha
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Editado por Fernando Martins | Domingo, 17 Janeiro , 2010, 00:28
PELO QUINTAL ALÉM – 4



O NABO


A*

Zé M.ª Parrachoche
Manuel Nunes Sarromão e Maria Augusta
João Encante
Plácido


Caríssima/o:

«O nabo e o peixe, debaixo da geada crescem.»
Vem a propósito, pelos gelos que temos sentido...

a. Este ano os nabos do nosso quintal são muito bichosos, muito feios e pouco se aproveita da cabeça; valha-nos a rama e... esperemos pelos grelos.

e. Ali pela Borda era uma fartura.
Nesta quadra do ano, não fora o nabo e a fome apertaria mais forte por meados do século passado, alturas daquilo a que os letrados chamam pomposamente de «grande guerra».
E não era só para nós, as crianças, que deambulávamos sempre perto do Esteiro. Crus e à dentada, a nossa dieta preferida; quando cozidos com a rama e o carapau de «três vinte e cinco», torcíamos o nariz... Também para o porco que estava no curral, os nabos substituíam a batata que escasseava.
Parece que os terrenos arenosos propiciavam boas colheitas...

i. O nabo é barato, saudável e fácil de preparar e de cultivar ( mesmo em solos pobres).
A cabeça tem as honras, mas talvez não se saiba que as folhas de nabo, que muitos cozinheiros não aproveitam, são mais nutritivas do que as raízes.
Muitas pessoas servem os nabos frescos ou cozidos, mas eles também podem ser assados, cozidos no vapor ou fritos. Pelo sabor doce e ao mesmo tempo picante, o nabo pode ser usado em saladas, cozidos, sopas e pratos de legumes.




o. Benefícios do nabo para a saúde: fonte de vitamina C, cálcio e potássio; pode proteger contra certos tipos de cancro.
É também uma boa fonte de fibras solúveis com poucas calorias e que ajudam a controlar os níveis de colesterol no sangue.
Há quem recomende o nabo, fresco ou na forma de suco, xarope ou emplastro ( aplicado no peito) para tratar bronquites e dores de garganta. Será que trata mesmo?
Mas não há bela sem senão e o nabo pode causar flatulência.

u. Nativo da Europa e Ásia Central, o nabo foi cultivado pela primeira vez no Médio Oriente há 4.000 anos.
Bem, como estamos sempre a aprender, talvez os dois recortes que seguem nos tragam alguma novidade.
Em Coimbra, «[o] dia do cortejo da Latada tem inicio logo pela madrugada, no Mercado D. Pedro V. Aqui, os Quartanistas vão "simpaticamente" roubar os nabos às vendedeiras do mercado. Tarefa que nunca é fácil, pois, tão audaciosa operação dos quartanistas que tentam roubar o nabo, obviamente, que leva a uma reacção das vendedeiras do mercado: vassouradas, baldes de água fria (supõe-se que seja água fria), e as vendedeiras a ralhar com quem tenta roubar o nabo.

De tarde, temos o cortejo.
Os padrinhos "enfeitam" os caloiros e começa o desfile desde a Alta Universitária até à Portagem. Durante o cortejo, os caloiros vão comendo os nabos roubados pela manhã no mercado, pois, dizem as lendas, o quartanista que chegue à portagem com o nabo por comer, jamais terminará o curso...»
E quem há aí que ainda se lembre daquela nossa tradição das abóboras?

Pois, agora é a festa do Hallowe'en ...
O certo é que, segundo dizem, «esta tradição vem de uma lenda em que um homem de nome Jack, no dia da sua morte, foi chamado pelo diabo visto ter sido mau toda a sua vida.
No entanto, o diabo sabia que ele lhe iria fazer a vida um “inferno” e decidiu livrar-se dele: Jack andaria pela Terra, de noite, com uma lanterna feita a partir de um nabo.
Assim o nabo ficou conhecido como a “lanterna de Jack”.
A tradição nos Estados Unidos mudou o nabo ... para abóbora.
As crianças, na noite de Hallowe’en, depois de fazerem uma careta à abóbora, metem uma vela lá dentro e põem-na à janela para assustar os vizinhos.»

Onde nos pode levar um nabo!...

Manuel

* E a todos Aqueles e Aquelas que como estes os nabos semearam nas terras da Borda.

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