de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Sábado, 02 Janeiro , 2010, 21:53
Após 11 anos de proibição, os arrastões portugueses vão poder voltar a pescar bacalhau na Terra Nova, o lugar mítico onde nasceu uma das mais arreigadas tradições gastronómicas nacionais. Enquanto o peixe não chega, fomos ouvir as histórias de quem já por lá andou a pescar e sofrer




Navio-Museu Santo André

Quando, em 1943, fez a primeira campanha do bacalhau na Terra Nova, João Laruncho de São Marcos, o capitão São Marcos, com 90 anos feitos no mês passado, liderava um comboio de embarcações no qual seguiam vários lugres navegando à vela e dois barcos a motor, o São Ruy e o Santa Maria Madalena. Era segundo piloto numa embarcação com 125 homens, o São Ruy, e sentiu-se "chocado" por, em pleno século XX, se andar "ainda a pescar daquela maneira, sem nenhuma evolução".

"Os pescadores dormiam três horas e passavam 20 no mar, ao frio. Primeiro as mãos calejavam e depois gretavam e ganhavam pus por todos os lados. Mas tinham de continuar a trabalhar. Aquilo nem era considerado doença, era trabalho. Lavavam as mãos com água oxigenada e continuavam", conta.
O capitão São Marcos já tinha andado no Mediterrâneo, onde viu de perto a metralha do mundo em guerra, mas, nas paragens geladas do mar canadiano, reinava uma paz relativa. "Em Génova passei um mau bocado, mas na Terra Nova nunca houve confusão, apareciam era muitos destroços de navios afundados", recorda. Dentro dos homens, porém, a batalha naval estava apenas a começar. Esperava-os a dureza das condições de pesca, os frequentes ciclones, as tempestades que "custavam a gramar". "Mas nunca pedi nada a deus. Não acredito. Habituei-me, isso sim, a chorar só para dentro. Os homens choravam com o sofrimento, mas só para dentro, que chorar para fora era feio."

Por Jorge Marmelo

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Editado por Fernando Martins | Sábado, 02 Janeiro , 2010, 19:11
Perante esta relação de Os 50 autores mais influentes do século XX, não há dúvida de que temos lido muito pouco. Falo por mim e por muitos que gostariam de ler muito mais... Há, afinal, tantos autores que esperam por nós!

Editado por Fernando Martins | Sábado, 02 Janeiro , 2010, 15:27


Edward Schillebeeckx
Deus é um luxo

A última vez que o encontrei foi em 1988, em Nimega (Holanda). Recebeu-me na sua cela bem modesta, e, embora a saúde já não fosse particularmente boa, concedeu-me tempo para uma longa conversa. E foi aí que lhe lembrei a sua afirmação de que Deus não é uma necessidade, mas um luxo. Ele confirmou: "Sim. Abusou-se de Deus, da palavra Deus, no sentido de que Deus foi funcionalizado, posto em função do homem, da sociedade, da natureza... Ora, a natureza, o homem e a sociedade não têm necessidade de Deus para serem o que são. Mas, por outro lado, o luxo da nossa vida humana é, por exemplo, poder receber um ramo de flores. Não é uma necessidade. É um gesto completamente gratuito. É essa a grande experiência humana."
Edward Schillebeeckx morreu na véspera de Natal, no passado dia 23, em Nimega. Tinha 95 anos. Frade dominicano, foi um dos teólogos católicos mais prestigiados do século XX. Preparou e inspirou decisivamente o Concílio Vaticano II, concretamente nalguns dos seus documentos mais importantes, referentes à Revelação e ao diálogo da Igreja com o mundo. Ao velho aforismo "Fora da Igreja não há salvação", E. Schillebeeckx contrapunha: "Fora do mundo não há salvação." Co-fundador da revista Concilium, que continua a ser publicada em várias línguas, a sua influência impôs-se muito para lá da Teologia, tendo, por isso, recebido o Prémio Erasmus. Crítico da Igreja oficial, concretamente da política eclesiástica do Vaticano na nomeação dos bispos, para ter de novo uma Igreja uniforme, enfrentou por três vezes a Congregação para a Doutrina da Fé e denunciou os seus métodos. Definiu-se, no entanto, como "um teólogo feliz".


Perguntas fundamentais: Que significado tem ainda o cristianismo para o nosso mundo secularizado?, que futuro para a Igreja? Resumiu-me o essencial: "O ecumenismo das religiões deve ser sustentado por um ecumenismo de toda a humanidade sofredora. O sofrimento injusto: eis o grande problema." Assim, "diria que o grande desafio, portanto, o futuro do cristianismo depende da presença dos cristãos e, por conseguinte, da Igreja, no futuro do mundo, nas necessidades dos homens e das mulheres. É necessário que a Igreja se não interesse apenas por si mesma, mas que se desligue de si mesma e olhe para o mundo dos homens". "Refiro-me a todo esse processo em prol da justiça, da paz e da salvaguarda e defesa da criação."
Quando lhe perguntei quais as forças que disputam o futuro do mundo actual, respondeu que há sobretudo três grandes dinamismos: "Por um lado, há o positivismo, sobretudo o positivismo científico, a tecnocracia; por outro, há esse misticismo a-político, a interioridade pura, sem relação com o mundo, com a sociedade; finalmente, as religiões, as grandes religiões mundiais, que, cada vez mais, redescobrem as suas fontes e raízes. Há aí, cada vez mais, uma ligação entre a mística e o compromisso político e social."
Esta era, para ele, a religião verdadeira, que vive do vínculo indissolúvel de ética e mística, e que tem também de ser racional. É certo que hoje "há também toda uma tendência irracional contra tudo o que é da razão. Mas eu sou contra isso. É necessário aceitar a razão enquanto tal, pois é também um motor libertador. Trata-se, porém, da razão que é esclarecida, estimulada pela consciência do sofrimento. Caso contrário, a razão é totalmente fatal e funesta para os seres humanos. Mas, quando a razão é estimulada pelo facto do sofrimento incrível no mundo, é uma razão iluminada não só pela fé, mas também pelo sofrimento injusto".
O pensamento de E. Schille- beeckx centra-se nas experiências negativas e de contraste. "Neste contraste, o homem experiencia que a situação tal como se apresenta - de maldade, de injustiça, de sem sentido -, tem de ser mudada. Nesta experiência de contraste, temos já implicitamente a perspectiva do positivo no negativo." Aí, tem de intervir a praxis solidária libertadora, que pode abrir-se à esperança fundada de que a palavra última pertence a um mistério divino indisponível de salvação, ao Deus vivo que liberta.

Anselmo Borges

In DN






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Editado por Fernando Martins | Sábado, 02 Janeiro , 2010, 11:54

Igreja da Gafanha da Nazaré, inaugurada por essa altura

No dia 2 de Janeiro de 1914 tomou posse a primeira Junta da Paróquia. Elevada à categoria de freguesia, em 1910, a Gafanha da Nazaré começa a ganhar forma de comunidade organizada. Os membros da primeira Junta têm nomes conhecidos. Tivemos o privilégio de conhecer alguns. Um deles, Manuel José Francisco da Rocha, era o meu próprio avô materno. Em ano de centenário, é justo pensar na homenagem que estes gafanhões merecem.

FM

Leia a Acta da tomada de posse aqui.
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Editado por Fernando Martins | Sábado, 02 Janeiro , 2010, 11:42



«O País real, que quer trabalhar, que quer uma vida melhor, espera que os agentes políticos deixem de lado as querelas artificiais, que em nada resolvem os verdadeiros problemas das pessoas.
É tempo de nos concentrarmos naquilo que é essencial, com destaque para o combate ao desemprego.
Não é tempo de inventarmos desculpas para deixarmos de fazer o que deve ser feito.
Estamos perante uma das encruzilhadas mais decisivas da nossa história recente. É por isso que, em consciência, não posso ficar calado.
Em face da gravidade da situação, é preciso fazer escolhas, temos de estabelecer com clareza as nossas prioridades.
Os dinheiros públicos não chegam para tudo e não nos podemos dar ao luxo de os desperdiçar.»




NOTA: Vamos ser optimistas, esperando que os Partidos assumam, em pleno, as suas responsabilidades patrióticas. Que aprendam a dialogar, para que o País não caia no descrédito. Resolvam os problemas, para que ninguém, de fora,  nos venha obrigar a traçar caminhos de sobrevivência.

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