Natal da Esperança
1.Disposição do espírito que induz a esperar que uma coisa se há-de realizar ou suceder.2. Expectativa.3. Coisa que se espera.4. Confiança.5. Relig. Uma das virtudes teologais.Dos dicionários1. Para os cristãos, a esperança é mola real da fé, que Deus não deixará de oferecer aos homens e mulheres de boa vontade. Predispondo-se a recebê-la, cada um dos que buscam o Todo-Poderoso precisa de cultivar o dom da espera, que também é, ano após ano repetido por esta altura, uma excelente ocasião que a Igreja nos proporciona para revivermos a esperança alguma vez já experienciada. Daí a beleza da quadra natalícia que atravessamos e que nos faz sentir que a meta esperada está à porta do presépio de Belém, onde a humildade humanizada nos aproxima indelevelmente uns dos outros.
A esperança, a tal disposição do espírito que nos induz a esperar que uma coisa se há-de realizar ou suceder, não é atitude espontânea e passiva. Muito menos inata. Ela precisa de ser aprendida e cultivada, educada e alimentada, para se tornar paciente e consciente de que Aquele que há-de vir se sinta bem em nós e connosco, alargando-se ao mundo inteiro, como reflexo da Estrela de Belém que a todos ilumina e aquece.
2. A expectativa de quem sonha um mundo novo, assente n’Aquele que é Caminho, Verdade e Vida, pode gerar a alegria que só nos enriquece. O saber que Jesus Cristo vem a caminho e ao nosso encontro, para secar lágrimas, acalentar sonhos de paz e ensinar fraternidade, mais valorizará a expectativa que nos envolve e nos entusiasma neste Advento de 2009.Tanto mais, quanto é certo que o mundo perdeu o Norte da justiça e teima em não encontrar caminhos de paz e de amor solidário, onde todos os filhos de Deus se comportem como tal, não havendo lugar para a mentira e para a morte de projectos de vida.
A expectativa que nos anima, que é certeza da alegria que vem com hinos de glória ao Deus-Menino, dá-nos vitalidade e coragem para lutar, com as armas da bondade e da compaixão, pelo Reino de Deus que pode estar, se quisermos, ao alcance de toda a gente que labuta na terra que nasceu a partir do paraíso.
3. A coisa que vivamente esperamos não é objecto que se use e deite fora, mas é Pessoa Divina, que perdura para além do tempo e do espaço. É Redentor de todos os homens, dando-lhes capacidade de multiplicação, de construção de uma nova humanidade. Mas ainda inteligência para penetrar nos segredos das ciências e do universo, vencendo barreiras até há pouco inultrapassáveis, perspectivando-se largas hipóteses de se atingirem metas nunca dantes imaginadas e de projectos impossíveis de conceber.
A Pessoa Divina, que há mais de dois mil anos se fez homem num ambiente tão humilde, ensinou-nos que a grandeza da pessoa não está no seu poder económico, político ou social, mas tão-só na sua capacidade e coragem para amar os feridos da vida, os excluídos por uma sociedade tantas vezes sem rosto nem alma.
4. A confiança, outro nome da esperança, tem de ocupar um lugar certo no coração dos homens e mulheres do nosso tempo. Confiança nos que nos rodeiam e connosco seguem os trilhos da vida. Confiança nas verdades que nos revelaram e que nos conduzem ao seio de Deus. Confiança nas palavras honradas dos que nos educaram e nos ensinaram que a verdade liberta. Confiança na ternura das crianças que ajudamos a caminhar nas estradas do bem e do belo. Confiança nos que pregam o respeito pela natureza e em todos os que os seguem. Confiança nas promessas da Igreja que nos acolhe. Confiança na vinda de Cristo, com toda a sua glória.
5. Segundo o Catecismo da Igreja Católica, “Quando Deus Se revela e chama o homem, este não pode responder plenamente ao amor divino por suas próprias forças. Deve esperar que Deus lhe dará a capacidade de, por sua vez, O amar e de agir de acordo com os mandamentos da caridade. A esperança é a expectativa confiante da bênção divina e da visão beatífica de Deus; é também o receio de ofender o amor de Deus e de provocar o castigo”.
A expectativa confiante da visão beatífica de Deus conduz-nos, por ofertas pedagógicas da Igreja, Mãe e Mestra, repetidas constantemente, a vivências enriquecedoras que nos abrem à aceitação da verdade plena. O Deus-Menino está a chegar ao estábulo de Belém para entrar no mundo. Importa que entre também no nosso coração. A visão beatífica de Deus começa aí.
Fernando Martins