de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 16 Dezembro , 2009, 18:45



O espírito do Natal alimenta a solidariedade e os gestos de generosidade e fraternidade. Não há que tirar-lhe esta riqueza, antes fazer que ela perdure, porque em todos os dias há gente que precisa e gente que pode ajudar. Os pobres, por exemplo, estão sempre disponíveis para ajudar sem papéis, sem juros, sem prazos, os mais pobres que eles.Não sei, porque normalmente não se diz, se na contagem dos milhões de lucros das grandes empresas, privadas ou estatais, há prevista alguma alínea destinada aos pobres ou às instituições que deles cuidam todos os dias. Dar a quem precisa é um gesto extraordinariamente rentável, do qual há gente que nunca não se apercebeu. Nada como pôr em prática, porque é este o modo pelo qual se mostra o valor das teorias.
António Marcelino



Sinal maravilhoso que enche o presente e o futuro


Tempos atrás, a palavra solidariedade não era muito do agrado de pessoas desconfiadas das palavras que mexiam com sentimentos, por se pensar, então, que elas eram pouco evangélicas e poluidoras de tradições religiosas. Para a baptizar, dado que cada dia se generalizava mais o seu uso, acrescentava-se à solidariedade a expressão “fraterna”. Assim não havia confusões e tentava-se para ela uma nova matriz, porventura menos laica. Também a gente grande que andava menos pelos espaços religiosos pretendia impô-la como um valor republicano, a contrastar com a caridade, de que então se falava com desprezo e displicência.
Estas guerrilhas de gente pequena foram ultrapassadas pelo tempo, que não respeita senão o que merece ser respeitado.
“A verdadeira solidariedade começa onde não se espera nada em troca”, diz o autor do “Principezinho”, Antoine Saint Exupery, um coração lavado que deu valor à paciência de quem sabe esperar, aos pequenos gestos de amor, à sabedoria em todas as suas formas. Publicou-se há pouco um livro, cujo título é ilustrativo e caminho aberto para quem olha os outros e o mundo com sentimentos de irmão e de pessoa responsável. “Não há futuro sem solidariedade” – assim se intitula. O autor é Dionísio Tettamanzi, arcebispo de Milão.
Mas mais do que uma discussão de palavras, embora já ultrapassada, interessam os gestos que as traduzem em vida. Acabamos de ter conhecimento destes gestos bem eloquentes e significativos.
Apesar do tempo ser de crise, o Natal aquece os corações e tira-os da indiferença. Foi assim que o Banco Alimentar contra a Fome recolheu 2500 toneladas de alimentos, mais de 30% do que no ano passado. Em 1992 tinham-se recolhido 17,4 toneladas.
A operação Natal 2009 contou com a participação de 27 mil voluntários. O voluntariado social é, também, uma forma de solidariedade que muitos vão descobrindo e lhes permite uma melhor respiração interior, que vem sempre ao encontro de quem faz bem sem olhar a quem, e sem esperar em troca senão a alegria de que muitos beneficiaram de uma ajuda, anónima e discreta.
Já existem em Portugal 17 Bancos Alimentares, integrados nos 282 que há no mundo.
A solidariedade social é um dos sinais dos tempos, mais visíveis e eficazes, ao alcance de todos os que andam por aí de olhos abertos e não dispensam, no seu horizonte habitual, os feridos da vida, que os tempos que correm multiplicam em espiral.
Milhares de instituições de solidariedade, sem fins lucrativos, respondem, diariamente, a carências sociais de toda a ordem. Têm elas de se guardar da rotina e do desvirtuamento, sempre perigosos e à espreita, quando alguns apoios vêm do Estado que, por si, não faz caridade e condiciona, muitas vezes, a solidariedade a burocracias com pouca gratuidade e a interesses nem sempre claros.
O espírito do Natal alimenta a solidariedade e os gestos de generosidade e fraternidade. Não há que tirar-lhe esta riqueza, antes fazer que ela perdure, porque em todos os dias há gente que precisa e gente que pode ajudar. Os pobres, por exemplo, estão sempre disponíveis para ajudar sem papéis, sem juros, sem prazos, os mais pobres que eles.
Não sei, porque normalmente não se diz, se na contagem dos milhões de lucros das grandes empresas, privadas ou estatais, há prevista alguma alínea destinada aos pobres ou às instituições que deles cuidam todos os dias. Dar a quem precisa é um gesto extraordinariamente rentável, do qual há gente que nunca não se apercebeu.
Nada como pôr em prática, porque é este o modo pelo qual se mostra o valor das teorias.

António Marcelino



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Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 16 Dezembro , 2009, 14:07

Leitura de texto ao jeito dos jograis

À volta da mesa  em espírito natalício


Ontem, no restaurante “Estufa” da Gafanha da Encarnação, teve lugar o jantar da Universidade Sénior (US). Directores e outros responsáveis, alunos e professores (ou todos alunos e todos professores) conviveram, em espírito natalício, tão propício à harmonia social e familiar.
Para além da refeição, sempre agradável, se bem confeccionada e servida, como foi o caso, houve a partilha de saberes e sabores, mas também a proximidade entre os comensais.
A abrir, o presidente da direcção da Fundação Prior Sardo, Hugo Coelho, recordou que a Universidade é, no fundo, uma “facilitadora de contactos” entre pessoas, com a preocupação de “fazer crescer” tudo e todos.



Carlos Duarte e Hugo Coelho

Manifestou o desejo de que num futuro próximo haja “novas condições de trabalho”, na linha de garantir o ambiente académico “em local próprio”. Disse que os convívios das quartas-feiras vão continuar, para celebrar aniversários e outros eventos, e afirmou que a US quer ser “ponto de encontro dos munícipes de Ílhavo”.
Não faltou a leitura de um texto, ao jeito de jograis, e o ensaio de cânticos de Natal, por iniciativa de Helena Matos, também autora do texto apresentado. Constata-se que, afinal, há potencialidades criativas nos alunos da universidade recentemente criada, para servir o município ilhavense.
A direcção ofereceu aos alunos o cartão individual, cuja utilização dará alguns direitos aos seus possuidores, noneamanete descontos em certos estabelecimentos comerciais e de serviços. Ainda foi oferecia uma prenda de Natal, uma miniatura da Fundaçãlo Prior Sardo, preparada, com todo o carinho, pelos directores e funcionários da instituição.




Recordando


Quando cheguei ao restaurante que herdou o nome de uma estufa que ali desenvolveu uma actividade bastante intensa na minha infância, dando trabalho a muita gente e promovendo a cultura da chicória, lembrei-me da azáfama que havia por esses tempos que já lá vão.
Tanto quanto me recordo, a “Estufa” adquiria a produção da chicória aos agricultores. A partir daí seria torrada para ser vendida como sucedânea do café, penso que em época de crise económica.


Fernando Martins

Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 16 Dezembro , 2009, 12:54

Confraria dos Ovos Moles


Confrades do Bacalhau e dos Ovos Moles


Decorreu no passado sábado, em Aveiro, a apresentação da nova Confraria denominada de OVOS MOLES DE AVEIRO, que teve como confraria padrinho a de S. Gonçalo. Presentes oito confrarias gastronómicas e enófilas, além da Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas e de muitos convidados .
No final das entronizações dos novos Confrades e dos Confrades de Honra, decorreu um cortejo que terminou no Museu de Santa Joana, com a distribuição de Ovos Moles por todos os presentes.

Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 16 Dezembro , 2009, 12:45


Álvaro Garrido, Director do Museu Maritimo de Ílhavo e professor da Universidade de Coimbra, recebeu ex-aequo, o prémio Almirante Sarmento Rodrigues, atribuido pela Academia da Marinha, pela publicação do livro Biografia Politica de Henrique Tenreiro.

Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 16 Dezembro , 2009, 12:09

NATAL, E NÃO DEZEMBRO

Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio,
no prédio que amanhã for demolido…
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos, e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.


Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave…
Entremos, despojados, mas entremos.
De mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
Talvez universal a consoada.

David Mourão-Ferreira
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