de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 03 Novembro , 2009, 21:22


Rua Direita, em Aveiro

As curvas  da rua direita

1. Há ruas direitas em muitas terras e várias cidades. Umas melhor conservadas que outras, também mediante aqueles que as percorrem. Embora o nome seja «rua direita», a verdade é que as curvas acompanham esse caminho, o que exige atenção redobrada, também tendo em conta de onde se vem e para onde se vai. Se fôssemos a escrever a história de cada Rua Direita e recuássemos meio século que fosse, ficaríamos surpreendidos em como essa rua foi um autêntico eixo estruturante, um caminho que ora unia localidades ora estabelecia ligação directa e eficaz dentro da própria localidade. Mas, como é claro, com o desenvolvimento, tudo foi crescendo e nem sempre se conseguiu preservar o “direito” dessas ruas, o que obriga a conduções bem mais atentas.

2. Como em tudo quanto é conduzir toda a atenção é pouca. Quanto mais para a condução da vida por caminhos repletos de curvas. Falemos da Rua Direita que une a Estação da Luz a Aveiro. Não só em noite das bruxas, como no passado fim-de-semana, em que acidentes mortais pelas altas horas da madrugada deixam todos em estado de choque. Não se pense que existe algo contra a liberdade de entretenimento; pelo contrário, tudo quanto é diversão saudável é bem-vinda! Mas a pergunta sobre a saudabilidade das altas noitadas de discoteca, sobre as horas que abrem ou fecham, sobre os seus volumes de som, de álcool, de fumos, de… Tudo enrolado à mistura não há biologia humana que resista, já dizemos, à centésima estação de tanta luz que encandeia depois quem quer uma Rua Direita que o leve a casa.


3. É urgente mudar os roteiros: em vez de se pensar só nas consequências, pensar antes nas causas de tudo ou até nas possíveis faltas de causa que levem à cegueira na alta noite de condução. O problema é preocupante, não só pelos que ao longo dessa Rua Direita volta e meia são assustados com os estrondos da noite mas principalmente pelo acontecimento que vitimiza uns e entristece outros. É possível mudar este cenário?!

Alexandre Cruz

Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 03 Novembro , 2009, 12:19



UM MUNDO EM TRÂNSITO
E UMA IGREJA EM RENOVAÇÃO


Saiu há pouco mais um livro de Georgino Rocha, padre da Diocese de Aveiro e docente universitário,  sob o título “Intervenção da Igreja na sociedade portuguesa contemporânea”, com prefácio de D. Manuel Clemente, Bispo do Porto. Trata-se de um trabalho que vem na sequência de muitos outros, em que o autor, estudioso profundo de temas eclesiais com incidência, óbvia, na sociedade, e vice-versa, nos oferece “contributos para a emergência da democracia”, com a “leitura de um percurso com luzes e sombras”.

D. Manuel Clemente sublinha que nesta obra “encontramos referências múltiplas e concatenadas que não podem ser esquecidas, para nos compreendermos como cidadãos e crentes, quase a cumprir-se a primeira década do terceiro milénio”.

Diz que todos “ganharemos então com a leitura destas páginas. E com a atenção redobrada a alguns percursos pessoais, como aqueles que o autor refere, de padres e leigos”.

Na Apresentação, que deve ser lida numa perspectiva de se ficar a saber o que se vai encontrar na leitura, serena e reflexiva, Georgino Rocha lembra que “A acção da Igreja portuguesa, designadamente a do seu Episcopado, tem sido analisada e caracterizada, a partir de ângulos muito diversos e, por vezes, contrastantes”, especialmente desde o liberalismo, atingindo “fases históricas cruciais na instauração da República, na vigência do Estado Novo, na implantação e consolidação do regime democrático”.

Afirma  que, com a entrada no III Milénio, nasce uma nova etapa, marcada pela “mudança de época” e pelo “papel da sociedade mediática e da globalização económica, deixando em aberto novas fronteiras e desafios à ética social na vida pública”.

Os textos que integram este trabalho, de teor académico mas dirigidos a todos os que sentem necessidade de conhecer as causas e as consequências das intervenções da Igreja em cada tempo da história dos homens, no nosso País e não só, apresentam-se sistematizados e mostram como é complexa a “marcha para a democracia”, no dizer do autor.

Com data de 26 de Abril, dia da canonização de D. Nuno Álvares Pereira, Georgino Rocha oferece, logo a seguir à Apresentação, um excerto da Conferência Episcopal Portuguesa sobre esse acontecimento que colocou o nosso Santo Condestável nos altares, onde se sublinha que D. Nuno “optou corajosamente por ser parte da solução e, numa entrega sem limites, enfrentou com esperança os enormes desafios sociais e políticos da Nação”.

Os dez capítulos desta obra abordam, com riqueza de pormenores e evocação de factos, inúmeros temas de diversas épocas, desde a Concordata de 1848 à Rerum Novarum e desta ao advento da República. Depois, da 1.ª República à revolta de 1926.

O Estado Novo, sua implantação, consolidação e desmantelamento; da Revolução do 25 de Abril ao fim do século XX, com a democracia em construção; e a sociedade portuguesa no início do milénio, bem como o magistério social da Igreja, entre 2000 e 2004, são assuntos que não podem nem devem ser ignorados pelos que estão empenhados na construção de um mundo melhor.

O catolicismo social português e os católicos na transição democrática (1973-1982); a pastoral social e a função da Cáritas, numa sociedade em mudança, convidam-nos a uma reflexão, sempre importante. Conclui o seu trabalho com Gaudium et Spes: o paradigma conciliar, numa perspectiva de “um mundo em trânsito” e de “uma Igreja em renovação”.

Fernando Martins

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Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 03 Novembro , 2009, 12:10

Chaminé de cerâmica

Quando caminho pela cidade de Aveiro, é frequente encontrar marcas simbólicas do passado, que me ajudam a reviver momentos da azáfama fabril no meio urbano. Impensável nos tempos de hoje, em que as zonas industriais proliferam, e bem, por todo o País. Neste caso, a chaminé de uma cerâmica, que deu trabalho e arte a muita gente, está no seu sítio próprio, para ali fazer memória.
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