de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 11 Agosto , 2009, 20:41
O regueirão


Escrevi hoje uma pequena história vivida há uns 60 anos. Pode lê-la aqui.

Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 11 Agosto , 2009, 20:33



Se dissermos que Deus é Amor, ninguém se espanta. A afirmação tornou-se até um pouco banal à força da repetição. Mas se dissermos que Deus é Humor, ficamos em estado de alerta, porque nos parece que alguém está a tentar entrar, no território de Deus, “pela entrada dos fundos” e não pela “porta principal”. A verdade é que o Amor não dispensa o Humor.

O cristianismo não é propriamente conhecido por ser a religião da alegria, e é uma pena. «O cristianismo seria muito mais credível se os cristãos vivessem em alegria», escreveu Nietzsche, e não podemos dizer que sem razão. O nosso testemunho fica muitas vezes refém de uma gravitas insonsa. Esquecemos demasiado o Evangelho da alegria que arrisca-se a tornar uma espécie de tópico marginal.

Por exemplo, quando citamos uma frase bíblica, raramente ela diz respeito à alegria. E, no entanto, a Bíblia é uma espécie de gramática do Humor de Deus. Por incrível que pareça, aquela biblioteca tão séria é também hilariante e está cheia de risos, embora esta dimensão seja, entre nós, escassamente referida. Há páginas que constituem um puro alfabeto da Alegria e muitos momentos que só são compreendidos por quem arriscar sorrir. É que a Revelação de Deus propaga-se numa dinâmica que é claramente jubilosa. Talvez tenhamos de levar mais a sério o verso brincado que o Salmo 2 nos segreda: «O que habita nos Céus, sorri». Ou perceber que a expressão crente é chamada a desenvolver-se como uma coreografia festiva, à maneira do que descreve o Salmo 33: «Alegrai-vos no Senhor, louvai o Senhor com cítaras e poemas, com a harpa das dez cordas louvai o Senhor; cantai-lhe um cântico novo, tocai e dançai com arte por entre aclamações».

O humor abre espaço nas nossas vidas à surpresa. Rimo-nos porque, sem esperarmos, uma palavra cheia de graça vem ao nosso encontro. Na verdade, também a Fé não é, de todo, uma experiência previsível, um mapa prévio muito detalhado, mas uma abertura ao inesperado de Deus que nos convoca...

José Tolentino Mendonça

Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 11 Agosto , 2009, 16:58

Comandante José Vilarinho, ao centro, num Polar-Bar

ITTOQOORTOMIT, para quem chega,
é como chegar ao fim do mundo

Espero que estas minhas linhas o possam encontra de boa saúde, assim como toda a sua família.
Deve pensar que me esqueci de si e dos leitores do seu blogue, mas não é o caso; apenas a rotina por aqui tem sido muito pesada e stressante, pois estes cruzeiros do norte são mais exigentes, a nível de horas na ponte; e no final, quem paga é o descanso.
De qualquer modo, não podia deixar de passar algumas imagens destes distantes destinos, que muito gosto de partilhar consigo e com todos os leitores do Pela Positiva.
Da minha parte, mais uma vez, um muito obrigado pela companhia feita através da blogosfera, pois é raro o dia em que não vou dar uma espreitadela, para saber coisas da nossa terra.

Paquete do Com. José Vilarinho


Estou quase no final da minha temporada. Dentro de 15 dias desembarco para férias. Estou a terminar uma viagem de 23 dias, que nos levou desde a Alemanha, subindo toda a Noruega, depois todo o Spitzbergen, até aos 80 graus de Latitude Norte.
Daí cruzámos para as distantes paragens da Gronelândia, descendo a sua costa Leste até a uma pequena cidade chamada ITTOQOORTOMIT, que, para quem chega, é como chegar ao fim do mundo.
Da Gronelândia cruzámos para a Islândia, Ilhas Faroes, de volta ao Sul da Noruega, e vamos terminar na Alemanha, de novo.
A subida da Noruega é feita através das passagens maravilhosas dos famosos Fiordes, onde cada cidade visitada parece um paraíso, tirado de um livro de histórias de encantar, onde não faltam as lendárias personagens Norueguesas, chamadas TROLLS, a dar-nos as boas-vindas.

Bebé em terra de muito frio


A natureza mistura, numa harmonia perfeita, neve, florestas, água doce originária dos degelos nas montanhas, criando lindíssimas quedas de agua, e, na base de tudo, água do mar.
Tudo isto torna os fiordes da Noruega algo único, que só visitando é possível apreciar devidamente, já que não há fotos que possam descrever tanta beleza.
No Norte da Noruega foi possível admirar um maravilhoso Sol da meia-noite, no Cabo Norte, e desde então praticamente não se encontram seres humanos, pelas remotas paragens dos Spitzbergen.
Ao chegar a Ittoqoortomit, uma pequena aldeia perdida no sul da Gronelândia, voltamos a encontrar pessoas, e aí muitos valores das riquezas materiais, tão importantes no mundo ocidental, perdem todo o seu valor, e somos levados a pensar, seriamente, quanto somos RICOS, sem muitas vezes darmos o devido valor a essa realidade.


Iceberg a caminho do Sul


A pobreza e as condições de vida destas 200 pessoas que ali vivem, em condições tão difíceis, principalmente no Inverno, são visíveis por todos os lados da aldeia.
São visitados apenas por dois navios de abastecimento duas vezes por ano, raramente são visitados por navios de cruzeiro, mas mesmo assim é possível ver alegria no rosto das crianças que brincavam com vários objectos e que alguns deles, no nosso civilizado mundo, são chamados lixo ou sucata.
As pessoas que se cruzavam nos caminhos sorriam, simpáticos e felizes, por poderem mostrar os seus bebés, as suas casas e os seus cães.
:
José Vilarinho
NOTA: Continua
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