de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Sábado, 20 Junho , 2009, 21:21


Editado por Fernando Martins | Sábado, 20 Junho , 2009, 13:11

É interessante constatar que nos anos 60 e 70 os movimentos cristãos juvenis e universitários acalentavam um grande entusiasmo pelo compromisso social e político, discutiam-se acaloradamente as formas de participação política dos cristãos, qual o seu lugar e missão na edificação de um mundo novo ou de um mundo melhor. É verdade que houve ambiguidades e derivas, tornando-se a política não uma dimensão, mas o centro e, em alguns casos extremos, a totalidade, relegando para um plano secundaríssimo a função eminentemente espiritual da proposta cristã. Mas a verdade é que hoje se corre o perigo oposto: o de buscar apenas uma espiritualidade, desenhada à maneira de um bem-estar íntimo, ou intimista, em que a Fé se torna um assunto privado, uma gestão exclusiva do eu, onde as necessárias implicações históricas e colectivas não entram. Será possível conjugar um grande amor por Deus com um grande desinteresse pelos homens? A rarefação do entusiasmo e da presença dos cristãos nas várias dimensões da vida pública é um sintoma preocupante na Igreja portuguesa.
O Deus em que os cristãos crêm não plana acima das questões escaldantes da história: Ele aparece claramente comprometido com a justiça e uma ordem social de equidade, manifestando-se a favor dos mais pobres. A opção pelos pobres, a escolha preferencial pelos sem voz nem vez remonta ao próprio Cristo e ressoa claramente nos textos das origens cristãs. Como resume a 1 Carta de São João (1 Jo 4,20): «Se alguém disser: “Eu amo a Deus”, mas não amar o seu irmão, esse é um mentiroso; pois aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê». A Fé para ser vital tem de aceitar o risco de ser uma Fé encarnada. O Evangelho para ser vital tem de ser recebido como palavra transformante, como fermento colocado na massa. O cristianismo não coincide com nenhuma realidade política, mas em todas introduz uma tensão de amor, de justiça e de verdade. O cristianismo tem um sonho. Aqueles cristãos que dizem, “eu não quero sujar as minhas mãos na realidade do mundo”, como lembra Charles Péguy, “acabam rapidamente por ficar sem mãos”.

José Tolentino Mendonça
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Editado por Fernando Martins | Sábado, 20 Junho , 2009, 12:52

O Estado deve pagar a velhice de famílias ricas? O Estado é de confiança ou abusa? São questões pertinentes a que José Couto Nogueira responde hoje no jornal i. Vale a pena ler aqui. Ver Coluna Vertical, em Opinião.
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Editado por Fernando Martins | Sábado, 20 Junho , 2009, 10:59

Os sinais de festa indiciam folguedos adequados ao São João, santo popular muito querido dos portugueses, a par do também nosso Santo António e de São Pedro, o primeiro Papa do cristianismo. Não sou muito dado a festas de bailaricos, mas aprecio a alegria espontânea do povo... Bom São João para todos os figueirenses e veraneantes desta terra de muito mar, de muito sol e... de algum vento.
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Editado por Fernando Martins | Sábado, 20 Junho , 2009, 10:48

Hoje, em Assembleia Constituinte, pelas 15 horas, vão ser analisados e aprovados os estatutos do Coro da Catedral de Aveiro. A Assembleia vai ter lugar no salão do Centro Paroquial da Glória-Sé. São convidados os responsáveis pela Música Sacra das paróquias da Diocese de Aveiro.

Editado por Fernando Martins | Sábado, 20 Junho , 2009, 10:26
João Bénard da Costa


Mesmo os mais distraídos colocar-se-ão, nas situações-limite, as velhas perguntas: donde vimos?, para onde vamos?, quem somos? Porque a realidade nos aparece por vezes exultante e, outras, horrorosa, e morreremos, perguntamos: o que é verdadeiramente?, qual o sentido da existência?, que andamos cá a fazer?, que nos espera?
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Cada um de nós vivencia-se a si mesmo como presença de si a si mesmo: sou eu e não outro. Coincidimos, portanto, connosco mesmos. Mas, por outro lado, experienciamo-nos como não plena e totalmente idênticos. Somos nós mesmos e chamados a sermos nós mesmos, pois estamos ainda a caminho de nos tornarmos nós mesmos.

Precisamente deste paradoxo de sermos e ainda não sermos adequada e plenamente surge a nossa inquietação radical e a pergunta que nos constitui: afinal, o que somos?, quem somos?

Eu sou eu, mas ainda não sou o que serei. Cá está, portanto, a pergunta ineliminável: então, o que sou e quem sou? E que devo fazer para ser finalmente eu?

É assim que a pergunta pelo sentido não é uma questão adjacente, que pode colocar-se ou não. Ela é constitutiva do ser humano enquanto tal, questão fundamental da Filosofia, como viu A. Camus.

Sentido tem a ver com caminho, viagem e direcção - nas estradas, por exemplo, encontramos placas em seta a indicar o caminho e a direcção para alcançar uma meta, um objectivo, um destino. Qual é então o caminho e o sentido da existência humana? O que move a minha vida?

O Homem vem ao mundo por fazer e quer queira quer não tem essa tarefa constitutiva: fazer-se a si mesmo. E tanto podemos fazer de nós uma obra de arte como fracassar.

Einstein constatou que quem sente a vida vazia de sentido não é feliz e sobrevive mal. O Homem não pode viver sem sentido. Aliás, a existência humana está baseada na convicção do sentido. A sua própria negação ainda o afirma. No limite, não é possível o "suicídio lógico", pois quem pegasse numa arma para suicidar-se, porque tudo é absurdo, negaria o absurdo e afirmaria o sentido.

O famoso psiquiatra Viktor Frankl, fundador da logoterapia, mostrou, a partir dos estudos que realizou com base na sua terrível experiência nos campos de concentração nazis, que a exigência mais radical do ser humano é o sentido, razões para viver. Contra Freud e Adler, no mais fundo de nós, mais do que a exigência de prazer e de poder está a vontade de sentido.

Nos campos de concentração, verificou que sobreviviam mais aqueles que ainda tinham um sentido para a existência: reencontrar a família, realizar uma obra, lutar para que nunca mais acontecesse o intolerável. O que significa que o sentido não está em nós, mas fora. Se estivesse em nós, não se colocaria a questão, pois estaria sempre presente. O sentido está no encontro com o mundo e com os outros: é saindo de si que o Homem vem a si. Dá um exemplo: quando se começa a ver pequenas manchas à frente do olho, é bom ir ao médico, pois está doente: o olho é intencional, isto é, não foi feito para se ver a si mesmo, mas o que não é ele. Paradoxalmente, só saindo de si é que o Homem encontra sentido. É o amor que dá sentido. Por isso, sente a vida como tendo sentido quem vê a sua existência reconhecida. A nossa vida não tem sentido, quando não vale para ninguém.

A existência caminha de sentido em sentido - o que vamos realizando. Mas, um dia, somos confrontados com a pergunta: qual é o sentido de todos os sentidos? Este é o núcleo da questão religiosa: o quê ou quem dá sentido último à existência, para que não fique na situação da ponte que não encontra o outro lado, a outra margem? Porque, sem o Sentido último, os caminhos de sentido não vão dar a lado nenhum.

"Conhecer Deus" era a maior esperança para João Bénard da Costa, que, por isso, podia dizer: "Acredito que esta vida não pode acabar aqui: nada faria sentido, para mim, se assim fosse."

Anselmo Borges
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