de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 17 Junho , 2009, 22:27
OS PARTIDOS PASSAM, O POVO PERMANECE

Deixei o país na manhã do dia seguinte às eleições. Já levava comigo os jornais cheios de números e comentários, euforias e pesadelos, justificações e profecias. A meio do dia, em espaço alemão, pude folhear outros jornais da Europa, que comentavam o mesmo tema, no mesmo tom. Lá como cá, uns, sem olharem às contradições em que caíam, outros, justificam os resultados com a crise social geral, outros ainda, com opiniões fixadas no modo de agir dos partidos, que os eleitores acabavam de castigar.
As leituras políticas são, por vezes, monocórdicas e superficiais, ditadas pelo imediato que exprime gosto ou desgosto. O exame das causas, porque exige ponderação, tempo e saber, raramente ultrapassa o trivial. Mesmo quando, de modo crítico, se tenta opinar sobre a crescente abstenção, o leque vai apenas da indiferença pelo acto eleitoral à opção mais agradável pela praia ou pelo passeio, do pouco conhecimento do que está em causa, à falta de confiança nos políticos profissionais. Porque tudo dito, nada muda.
Quem vota é o cidadão do povo. Gente de diferente sensibilidade e cultura, com experiências e projectos diversos, com histórias e intuições não coincidentes. Alguns fazem das coisas políticas uma paixão, carregada de interesses e por isso não faltam. Outros, vão por seu pé, mantendo vivas as dificuldades e agressões que levam consigo e a que nem sempre estão alheios os que se sentam nas cadeiras do poder se acaso esquecem o bem comum e o povo concreto. Se muitas coisas, no dia-a-dia, já se vêem a olho nu, por altura das campanhas eleitorais e depois da contagem dos votos, o quadro torna-se mais ilustrativo, e emoldurado pelo muito que se diz ou se cala.
A gente que decide votar ou anda alienada e ao sabor das opiniões dos seus, ou calada a aguardar atenta a hora de poder dizer, com o voto, a sua opinião determinante, sobre o que se passa no país e atinge a sua vida e a de muitos. As eleições não se ganham nem se perdem com comícios e cartazes, mas nas urnas. O que se grita nas campanhas, o que se diz e as pessoas que o dizem, apenas confirmam o que já se pensa e se sabe. Alguns eleitores, armadilhados contra os da outra cor, fecham os olhos e ouvidos e só dão razão aos seus. Então, as opiniões viram dogmas e as verdades do outro lado não passam de mentiras do seu. O povo sensato observa isto tudo e vai formando o seu juízo.
Mas, já não falta quem, relativizando o alcance das decisões políticas, sabe bem o caminho por onde não se pode ir porque não leva sequer a um bem possível para todos. Como percebe também a linguagem que não respeita ninguém e menos ainda os que pensam de outro modo, a agressão programada a sentimentos comuns e a valores indiscutíveis, a teimosia em impor decisões alheias à verdade e à realidade, o malabarismo das palavras ardilosas que não convencem, a desonestidade política que põe os interesses dos partidos acima do interesse nacional, a pouca seriedade de quem faz da democracia uma palavra que enche a boca, mas que, na prática, frequentemente a denega.
O povo tem intuições de horizontes largos que escapam aos políticos de vistas curtas e depressa esqueceram que “o povo é quem mais ordena”. Pelo menos nas urnas de voto não deixa que se mande nele, com a impunidade de décadas passadas e mesmo de tempos mais recentes. Ainda que abafado pelo poder que o não respeita, o povo já aprendeu a saborear a liberdade que ninguém lhe pode tirar. Assim, não lhe escapa a contra cultura que se lhe quer impor, o desrespeito pela família, seu maior bem, os ultrajes dos corruptos à sua honestidade, as mentiras com que o pretendem iludir, o orgulho de quem não o ouve, os problemas vitais sem solução, as portas do futuro fechadas aos jovens… Este povo também vota. Sabe pouco da Europa, mas sabe muito da vida. Conhece os políticos que ficam e aos que querem entrar. Sabe esperar e sabe dizer “basta!”. Os partidos passam, o povo permanece. Ele é riqueza sem dono. Quem não o escutar, nem respeitar, acaba sempre por ser julgado por ele.

António Marcelino
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Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 17 Junho , 2009, 15:32


1. Não é fácil o assunto, também porque os sucessivos sistemas que reflectem visões de educação o foram e vão complicando. A palavra de ordem é sempre a liberdade; educar na e para a liberdade. Educar na liberdade, significará o aceitar que ao projecto social e educativo pertencem um conjunto de valores plurais mas construtivos, e não um habitar na neutralidade do vazio que ao nada conduz. Sejamos objectivos, pensamos: é impossível a neutralidade na educação, tal a força imensa das subjectividades presentes. Pode parecer que a questão pouco importa, mas o esbatimento diluidor da Lei da Liberdade Religiosa numa neutralidade de exclusão do fenómeno sociorreligioso da comunidade social é o reflexo claro do fechamento intencional.

2. Na democracia das liberdades amadurecidas, por isso sempre inclusivas e autenticamente co-responsáveis, tudo deveria ser claro e transparente. Nada de obscuro tornearia e negociação. Atender-se-ia ao princípio de que as pessoas estão mesmo primeiro. Defender-se-ia a existência de programas com valores formativos de personalidades assertivas. Numa abertura de expressão de quem quer ser cidadão do mundo, convidar-se-iam todos os agentes cooperantes e colaboradores com a Escola e desta com as famílias e a comunidade social envolvente. Atender-se-ia ao essencial e às compensações a fim de dar às gerações da tecnologia muito mais lugar às sabedorias, filosofias, religiões. Despertar-se-iam os pais e as comunidades para intervirem mais, pois só participativos virão.

3. O transvazar da opção que quer ir torneando a lei da liberdade religiosa em passo de exclusão das sabedorias e religiões do espaço social, reflectindo a falta efectiva de liberdade inclusiva para com as pessoas, oferecer-nos-á um futuro mais sombrio, fechado, seco, com menores capacidades culturais, humanas e sociais. Lembramo-nos, infelizmente, da vida curta da disciplina DPS (Desenvolvimento Pessoal e Social)… Sim à EMRC!

Alexandre Cruz

Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 17 Junho , 2009, 14:59

“Com esta crise, a tecnologia vai sair a perder e vão ser valorizados os recursos naturais. Portugal tem tudo a ganhar investindo nos recursos que tem, fruto da nossa excelente localização geográfica. O sol, através do qual podemos reduzir a nossa factura energética; o mar, desenvolvendo ideias concretas para tirar partido dele; e a floresta, que com uma boa gestão pode multiplicar por dois ou três a sua capacidade…”

Carlos Martins, Presidente da Martifer

Citado pelo jornal i

Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 17 Junho , 2009, 14:32


Faz-nos falta quem escreva bem e com graça. Também com sentido de oportunidade. Um exemplo que vale a pena sublinhar está no jornal PÚBLICO e chama-se Miguel Esteves Cardoso. Leio-o regularmente.
Aqui fica uma passagem digna de registo:

“Falta fazer o elogio do sedentarismo. É o indesporto radical do nosso tempo. Define-nos. Delicia-nos. Sentamo-nos e sentimo-nos bem. Sentemo-nos pois.”

Miguel Esteves Cardoso

Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 17 Junho , 2009, 09:28

PRAIA DA FIGUEIRA

Quem passa pela marginal da Figueira da Foz, com mar e areal à vista, não pode deixar de reconhecer que as pessoas fazem falta. O tempo ainda não se convenceu de que tem de se pôr a jeito, oferecendo cor, calor e alegria ao pessoal que gosta de banhos. Mas estou em crer que, mais dia menos dia, ele há-de surgir em força, para prazer de todos nós.

Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 17 Junho , 2009, 09:21

Em Braga, nos dias 17 e 18 de Junho, o II Conselho Nacional dos Bens Culturais da Igreja reflecte e debate a problemática dos "Arquivos da Igreja: memória das comunidades ao serviço da sociedade". O assunto é importante e diz respeito a todos.
Expliquem-se os termos: Arquivo - centro dinamizador do respeito pelos nossos maiores, materializado na adequada atenção à preservação dos documentos, ao seu estudo e à sua divulgação (não mero depósito de papel envelhecido) / Igreja - comunidade de baptizados, comprometidos com a vida (não uma associação, um clube, ou um nicho de protagonismos ou de sossegos) / Memória - veículo de comunhão que projecta o futuro na firmeza da experiência (não um atá-vico impedimento da ousadia) / Comunidades - único lugar onde ser cristão é possível / Serviço - a dura realidade do amor (mesmo para quem não queira) / Sociedade - campo muito vasto do testemunho de vida cristã, feito de mulheres e de homens com valores porventura muito diferentes dos da Ecclesia.
Depois de toda a sensibilização para a importância do património documental da Igreja Católica, feita ao longo de anos, as comunidades eclesiais têm pela frente o enorme desafio de encontrarem as respostas mais adequadas - e justas - para que a salvaguarda e a fruição desse património aconteça com inteligência e entrega. Essas respostas passam pela institucionalização e dinamização de Arquivos, também eles geradores de cultura e marcadamente comprometidos com a evangelização e a pastoral.
Afectar recursos, humanos, técnicos e financeiros, aos Arquivos da Igreja será sempre uma epifania de respeito pelos que nos legaram a fé, mas também de respeito pelo que somos - como o somos e como nos verão - no seio de uma sociedade cada vez mais plural. Afinal, que testemunho de Igreja dão os nossos compromissos colectivos a respeito dos Arquivos?


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