1. A inauguração nestes dias de mais um mega centro comercial (Dolce Vita Tejo, inaugurado a 7 de Maio) continua a suscitar muitas e justas reflexões. Antes de mais, mesmo em cenários de crise, o novo espaço abre com 99% de ocupação, e estando apontado o retorno do investimento para longo prazo (15 anos). Claro que nada falta no novo espaço, havendo lugar privilegiado para a área de hipermercado além de toda uma variedade de serviços que vão crescendo nestas novas catedrais públicas que são os centros de consumo. Todas as marcas querem aparecer e reservar o seu lugar, as apostas da empresa promotora, a Chamartin Imobiliária, diz que o projecto está muito para além das crises ocasionais ou sazonais.
2. O investimento rondou os 300 milhões de euros, estando previstos cerca de 18 milhões de visitantes por ano e uma facturação estimada a mais de 280 milhões de euros. Tudo números tão altos que querem eles próprios ser atractivos e multiplicadores, não parecendo deixar qualquer sobra para o pequeno, para o campo e a aldeia, para o rústico, para o designado mercado tradicional. Ao olharmos para os países desenvolvidos do norte da Europa, observamos que conseguiram regular em ordem à preservação da loja, do mercado familiar e local, de modo a tudo não ficar centralizado unicamente nas mãos de alguns. Que significará a sedução nacional pelos grandes centros comerciais como se fossem o novo modelo de vida tido como moda de rico ou estilo citadino desenvolvido? Será reflexo do abandono rural da “terra” e do “campo”? Ter-nos-á faltado a devida regulação para não permitir toda esta centralização?
3. Nem saudosismos do passado, nem uma indiferença presente em relação ao tradicional e local que garanta a justa subsistência de tantas famílias… Talvez o “meio” esteja mesmo em fazer crescer, até pelas comunicações de internet, a rede de ofertas de bons produtos tradicionais (agrícolas) e serviços para que tudo não fuja para o hipermercado. Há vida para além...