de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 12 Março , 2009, 17:53
Madalena Ferreira junto dos seus trabalhos

Na Gafanha da Nazaré, mais concretamente na rua Gil Vicente, Madalena Ferreira inaugurou, recentemente, uma Galeria de Artesanato, junto ao Café Calisto. Trata-se de um espaço, não muito amplo, que aposta em mostrar artistas da terra, e não só, onde é possível apreciar e adquirir trabalhos de várias técnicas e expressões, desde o artesanato à pintura a óleo, passando por escultura e arranjos florais.
Madalena Ferreira, que cultiva há muito o gosto pelos "trabalhos de agulha", não se contentou em expor as suas criações artísticas, que "o artesanato também é arte", como nos sublinhou, mas abriu as portas a outros artistas, das mais diversificadas áreas. Ainda convidou instituições, para que a acompanhem neste desafio, mas até agora só o CASCI respondeu.
Em resposta à nossa pergunta sobre a reacção das pessoas, garantiu-nos que tem sido a melhor possível. Pudemos confirmar isso mesmo, durante a visita que fizemos à galeria, vendo gente que chega, aprecia, pergunta e troca impressões sobre o que está exposto.
Madalena Ferreira utiliza trapilho, onde o colorido de restos de tecidos, bem combinados, sobressai em sacos e outras peças de várias formas e tamanhos, com venda garantida. "Só preciso de mais tempo para mais coisas fazer, até porque já tenho uma lista de encomendas", afirmou.
Como nota de realce, é preciso dizer que, neste espaço, o visitante pode dar-se conta de que na Gafanha da Nazaré há muitas pessoas vivem para a arte, nem todas suficientemente conhecidas. Apreciámos trabalhos de Xipó, Filipe Ribau, Isabel, Madalena Oliveira, José Calisto, Carlos Ferreira, Benilde Santos, Paula Ribau, Paula Cravo, Isa, Paulo Figueiras e da própria Madalena Ferreira, entre outros.
Entretanto, a Galeria de Artesanato abriu inscrições para cursos, a ministrar por Paula Ribau e Carla Figueiredo, tendo por base técnicas variadas, como pintura sobre tecido e em marfinites, massa de modelar e, ainda, a técnica do guardanapo, aplicada em materiais diversos. Os cursos vão funcionar com turmas de seis alunos.
FM
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Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 12 Março , 2009, 17:33

Está a decorrer, até domingo, o peditório nacional organizado pela Cáritas. A receita servirá para esta organização, a vários níveis, poder ajudar quem tem mais necessidade. Importa agora que ninguém fique indiferente, na certeza de que as nossas contribuições vão direitinhas para pessoas carentes do essencial para viver.
Garantiram-me, há dias, que a afluência de voluntários para este peditório não foi muito expressiva. Num país, como o nosso, cheio de reconhecidas generosidades, estranho esta indiferença. Talvez o excesso de trabalho e de preocupações tenham contribuído para isso. Mas se assim é, vamos agora responder com as nossas dádivas.
Todos sabemos que a crise afecta sobretudo os desempregados e as suas famílias. E são eles que, muitas vezes de forma envergonhada, recorrem à Cáritas. Por isso, paralelamente, podemos e devemos olhar para quem vive ao nosso lado, para descobrirmos quem passa fome. Esta será uma boa forma de colaborar com quem se preocupa com a pobreza no nosso país.

Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 12 Março , 2009, 17:15

O número de idosos aumenta na nossa sociedade e cresce a preocupação de realçar o seu valor e o seu contributo social.
Chega-se mais depressa à aposentação, vive-se mais tempo, existem melhores condições para defender a saúde, multiplicam-se iniciativas estimulantes que fomentam o interesse pela aprendizagem e aumento da cultura, proporcionam-se tempos de lazer que antes eram impensáveis, conta-se com a gente mais idosa para muitas actividades de voluntariado, os avós voltaram a ocupar um lugar na família que parecia esquecido, publicam-se livros e artigos em revistas sobre eles.
De figuras antes quase anónimas, os idosos passaram à ribalta das muitas atenções e preocupam-se com eles os políticos, as autarquias, as paróquias, o mundo da publicidade. Por razões diversas, é certo, mas a verdade é que se fala e se escreve sobre os idosos como nunca se havia feito. Há culturas onde os idosos são a expressão viva do património mais válido e mais significativo, os mestres por excelência, dado que, por vezes, mais se aprende com pessoas experientes e sábias, do que em livros eruditos.
Há um mundo numeroso de idosos internados em lares. Embora estes tenham cada vez melhores condições para os acolher, a verdade é que escasseia, frequentemente, a presença da família e o carinho dos filhos, a que têm direito e que ninguém compensa.
O ideal "Viver mais e melhor", título de um livro publicado há dois anos pela Editorial Presença, com o sub título "Uma longevidade activa na sociedade actual", ajuda a ver, a nível do corpo, do espírito e da sociedade, o caminho a seguir para que a vida dos idosos tenha mais sentido e qualidade.
Muitas paróquias, que vão na vanguarda das soluções sociais, parece não terem ainda sentido a necessidade de uma pastoral concreta com os idosos e para eles, que os ajude a crescer espiritualmente, lhes dê dimensão apostólica, os integre na comunidade com a riqueza da sua experiência, a sabedoria dos anos vividos e das dificuldades superadas.
Nasceu há décadas em França, e hoje está espalhado pelo mundo e que chegou já a diversas dioceses de Portugal, o "Movimento Vida Ascendente", que também se chama "Movimento Cristão de Reformados". O seu tripé é realista e aponta horizontes novos: Amizade, Espiritualidade, Apostolado.
A estrutura não é complicada e adapta-se, sem dificuldade, à idade e à mentalidade dos seus membros.
O realismo das comunidades cristãs não deixa que se menospreze ninguém que delas faz parte. Nem a atenção dos responsáveis lhes permite privilegiar apenas as crianças, os jovens ou os adultos, em fase de compromisso familiar ou profissional. Na Igreja, como na sociedade, os idosos são, também eles, protagonistas da sua história e da história do grupo ou da comunidade humana e cristã onde vivem e se inserem. Têm direito a serem ouvidos, a iniciativas que lhe dizem respeito, ao crescimento diário da sua vida e à participação nas actividades compatíveis da paróquia.
Não escondo o incómodo ao ver nas festas de Natal e de Carnaval, os idosos como se fossem crianças, quando levados a participar, em palco, nas brincadeiras próprias do tempo. O que vestem e o modo como falam e representam não é o deles. Uma reflexão séria sobre o seu mundo e o mundo das suas possibilidades, levá-los-ia, por certo, a outros modos mais consentâneos e respeitadores de participar.
O facto de haver hoje mais idosos, válidos, experientes e lúcidos, com capacidades, por todos reconhecidas, é um "sinal dos tempos" que necessita de leitura adequada e consequente. Se a Igreja acordar, ajudará outros a acordar também.
António Marcelino

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