de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Domingo, 04 Janeiro , 2009, 12:51

JÚLIO CIRINO:
Uma vida dedicada ao Atletismo com muita paixão

Quando contactei o Júlio Cirino, estava ele a chegar de uma viagem à Guiné-Bissau, onde se deslocou na qualidade de formador de treinadores de Atletismo. Antes, andou por Espanha, Hungria e Croácia, entre outros países. Em breve irá a Cabo Verde e Angola.
Membro da IAAF – Federação Internacional de Atletismo Amador, dá o seu contributo do muito que sabe, ensinando alunos universitários e treinadores de Atletismo, sobretudo na área dos Lançamentos, de que se tornou especialista, no país e no estrangeiro.
Júlio Cirino esteve ligado à FPA – Federação Portuguesa de Atletismo, entre 1997 e 2007, como treinador nacional de Lançamentos. Presentemente, é colaborador da mesma federação, para os sectores do Peso e Disco, abrangendo jovens com idades compreendidas entre os 13 e os 17 anos.
Em conversa com o Júlio, percebe-se facilmente a sua paixão por este desporto, paixão que começou ainda jovem, como atleta de meio-fundo, sobretudo nos 1500 metros obstáculos. Chegou a ser detentor do recorde nacional dos 1000 metros, no âmbito escolar, com a marca de 2’ 41’’, mais tarde batido pelo Fernando Mamede, com 2’ 39’’.
A sua grande campeã foi Teresa Machado (de que falaremos em breve), possuidora de um palmarés invejável, tanto em Portugal, como nos campeonatos da Europa, do Mundo e nas Olimpíadas. Mas não se pense que o fim da carreira desta atleta corresponde ao fim da paixão do Júlio Cirino.
Aposentado da sua actividade profissional, não está conformado e continua à procura de potenciais campeões. Hoje, tem sob sua orientação sete atletas no Peso, Disco e Martelo. E diz, com a certeza de quem conhece do que fala, que todos eles poderão vir a participar em competições internacionais, “ao mais alto nível”, se forem “persistentes e se seguirem as suas orientações”.
Na altura em que começou no Atletismo, não havia na Gafanha da Nazaré qualquer clube que se interessasse por esta modalidade desportiva. E no Distrito de Aveiro, em 1966, só havia o Estarreja e o Espinho, o que o levou a recorrer ao primeiro, para poder praticar o desporto da sua eleição. Mais tarde, recebe convites do Benfica, do Sporting e do Futebol Clube do Porto, optando por este último, por ser o que ficava mais à mão. Neste clube, conseguiu alguns recordes do Norte, em 1500 metros obstáculos.
A tropa, cumprida em Lisboa, levou-o a virar uma página na sua vida desportiva, optando por aprender com o mítico Prof. Moniz Pereira. Desse mestre, diz que colheu frutos “fundamentais para a sua função de treinador”, como “A pontualidade, a disciplina que impunha e a teimosia que o levava a chegar onde queria”. E recorda uma célebre frase ouvida ao mestre: “Se dispensassem os atletas das suas ocupações profissionais, da parte da manhã, os resultados do nosso Atletismo seriam outros.” À sombra desse princípio, Carlos Lopes começou a mostrar a sua têmpera de campeão, dando enormes alegrias aos portugueses.
Sobre o trabalho desenvolvido na Gafanha da Nazaré, Júlio Cirino lembra que, em 1972, a convite de João Fidalgo e de José Alberto Loureiro, dirigentes do Grupo Desportivo da Gafanha, aceita colaborar como treinador. Um mês depois, já tinha 87 jovens, entre os 10 e os 16 anos, a treinar no campo do Forte. E sublinha: “O recrutamento foi feito através do TIMONEIRO; batíamos à porta das famílias, para se obter autorização, e os treinos começaram, com muito entusiasmo.”
“Por falta de energia eléctrica, os treinos não podiam continuar a partir de Novembro. Mas com a colaboração do Padre Domingos, prior da Gafanha da Nazaré, foi possível utilizar o salão paroquial. A seguir, passámos ao Mercado. E com a iluminação do campo do Forte, voltámos de novo para lá”, esclarece.
Reconhecendo que pela sua vida de treinador já passaram mais de 1000 atletas, Júlio Cirino frisa que a Teresa Machado foi a sua campeã mais credenciada. Apareceu-lhe, em 1986, por indicação do Leopoldo Oliveira, ao tempo professor de Educação Física.
Informado das potencialidades da Teresa, soube orientá-la, levando-a a obter resultados nunca antes alcançados por atletas gafanhões, em especial nos Jogos Olímpicos de Barcelona, Atlanta, Sydney e Atenas, que o nosso entrevistado teve o prazer de acompanhar.
Paralelamente à sua actividade de treinador, Júlio Cirino participa em inúmeros congressos, seminários e acções de formação, nacionais e internacionais, tanto para aprender como para ensinar, como o atestam os muitos diplomas, medalhas e troféus.
Diz que ao longo da vida aprendeu bastante pelo estudo e pelo convívio directo com grandes treinadores, de que destaca, para além de Moniz Pereira, Raimundo Fernandez, espanhol, que o levou a acompanhar, de perto, a selecção cubana de Atletismo, e Renato Carnevali, um italiano que o ensinou a planificar treinos intensos e curtos, que conduzem a excelentes resultados.
Júlio Cirino já escreveu dois livros: um sobre “O Corredor de Meio-Fundo – Fundamentos Gerais” e outro sobre “Fundamentos Gerais do Treino para Lançadores”. Na forja está “O Lançamento do Peso – da Iniciação ao alto Rendimento”. E tem ainda, em preparação, “Histórias da Minha Terra”, o seu primeiro trabalho fora da área desportiva.

Fernando Martins
Nota: Texto publicado no TIMONEIRO

Editado por Fernando Martins | Domingo, 04 Janeiro , 2009, 12:34
1.Em cada início de um novo ano renascem as esperanças de um mundo melhor. No coração do homem, esta ânsia renova-se, desde que o ser humano tomou conta do mundo. Ainda é assim nos tempos que correm. Será assim nos tempos vindouros.
Para além das contingências das épocas, o futuro está, seguramente e em grande parte, nas mãos dos homens. Só eles, sem ambições desmedidas, poderão ser agentes activos do seu futuro, que tem de passar pela construção de uma sociedade mais solidária.
Nestes primeiros passos de 2009, marcados por crises económicas e guerras que parecem sem fim à vista, ouso acreditar que o velho ditado, “Depois da tempestade vem a bonança”, acabará por triunfar, para bem da humanidade. Sempre, naturalmente, com o contributo de todos, em especial de gente que aposte no bem, no belo, mas ainda na paz, na justiça, na verdade e na fraternidade.
Para todos estes vai o meu Sinal + deste primeiro domingo de 2009.

2. O meu Sinal + vai também para o Presidente da República e para a sua Mensagem de Ano Novo. Bem ordenada e lida sem gaguejar, com frontalidade e sentido de Estado. Disse verdades e apelou à verdade para enfrentar a crise. Teme, como todos tememos, o desemprego, a pobreza e a exclusão social. Condenou a pregação de ilusões e a insistência em políticas desastradas. Disse que se gasta mais no país do que aquilo que se produz. Mas não deixou, também, de nos alertar para a necessidade de cultivarmos a esperança, olhando para o essencial, a que urge dar prioridade. “Este é o tempo de resistir às dificuldades, aos obstáculos, às ameaças com que cada um pode ser confrontado”, afirmou Cavaco Silva.

FM

NOTA: Em cada domingo do ano, esta minha nova rubrica vai sublinhar os acontecimentos ou as pessoas que mais se distinguiram, pela positiva, na minha óptica.
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Editado por Fernando Martins | Domingo, 04 Janeiro , 2009, 12:12

DATAS DE BACALHAU- 2

NO PRINCÍPIO...

Caríssima/o:


Como bem se compreenderá não está no meu entendimento a pretensão de grandes explicações ou profundos esclarecimentos; apenas e só me limitarei a apontamentos ligeiros que nos poderão ajudar a fazer uma leitura da pesca do bacalhau através da nossa vida e ...história. Tentativa de outro calibre ultrapassa a minha pesca à linha...
Assim sendo, iniciemos a pescaria.
Como se verá a nossa relação com o bacalhau é anterior ao início da nossa nacionalidade...

Século IX- “Em todos os portos Bretões e Normandos, havia um considerável comércio de bacalhau fresco, frescal e salgado; como se sabe também que a sua exportação em barricas para os países mediterrânicos e portos do Levante remonta a essa época”.
Histórias Desconhecidas dos Grandes Trabalhadores do Mar, Valdemar Aveiro, Papiro Editora, Porto, Novembro 2006, p. 20 [De futuro será referenciado: HDGTM, 20]

Século XII- “D. Henrique o Navegador, estava sem dúvida ao corrente do conhecimento geral da navegação nessas paragens [Labrador e Terra Nova], pois em sua vida continuaram a desenvolver-se as relações entre as coroas portuguesa e dinamarquesa, atestadas pelo casamento de uma sua prima com o rei Erik da Dinamarca.
No século XII já uma filha de D. Sancho I casara com Valdemar II, rei da Dinamarca.”
História da Pesca do Bacalhau: por uma antropologia do “fiel amigo”, Mário Moutinho, Editorial Estampa, Lisboa, 1985, pp. 17/18 [HPB, 17/18]

Século XIII- “Berengária, filha de D. Sancho I, casou na Páscoa de 1214, com Waldem da Dinamarca.
Leonor, filha de D. Afonso II, sobrinha da anterior, casou [em 1229] com outro príncipe dinamarquês.


A partir do século XIII, muito provavelmente devido a alterações climatéricas – desvios de correntes, etc. - o bacalhau começou lenta e progressivamente a desparecer, rarear, primeiro no Mar Cantábrico, depois na Biscaia e a seguir na Mancha, acabando a pesca por cair nestas zonas para níveis desencorajantes”. [HDGTM, 22]

1353 - “Na condição de portugueses, já como nação e reino independente, o primeiro acordo de pesca que se conhece entre nós remonta ao século XIV, mais concretamente ao ano de 1353, firmado entre D. Afonso III de Portugal e Eduardo III de Inglaterra, autorizando, por um período de 50 anos, as caravelas pesqueiras portuguesas [de Lisboa e do Porto] a pescar nas costas de Inglaterra e a demandar portos, assim como os da Bretanha, sem qualquer risco ou impedimento, conquanto pagassem os respectivos direitos ao senhor do país. A assinatura dum tratado deste género só se compreende se a actividade piscatória tivesse já adquirido alguma magnitude em anos anteriores.” [HDGTM, 22; HPB, 15 e Oc45, 67 (Oceanos, n.º 45, Janeiro/Março 2001, Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses)]

A vós o dizer se vale a pena prosseguir nesta rota...

Manuel
NOTA: Foto da capa da revista OCEANOS

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