de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Domingo, 30 Novembro , 2008, 09:49
José Estêvão (1809-1862)

Homenagem justa ao grande tribuno aveirense

No dia 12 de Março de 1860, iniciou-se a construção da primeira estrada que atravessa a região da Gafanha, ligando os estaleiros ao Forte da Barra. Foi concluída em 30 de Abril de 1861. Estas são as informações da Monografia da Gafanha, do Padre João Vieira Rezende.
Começou em Aveiro, em 1855. Posteriormente, seis anos depois, chegou ao Forte. A seguir, passou à Barra, atravessando uma ponte de madeira, junto ao Forte Novo. Por fim, atingiu a Costa Nova.
Na área da Gafanha da Nazaré, foi baptizada com o nome de Avenida Central, passando, já nos nossos dias, a Avenida José Estêvão, numa oportuna homenagem ao grande tribuno.
A este propósito, até se conta uma história interessante, que terá sido protagonizada por José Estêvão. Recorda João Evangelista de Campos, em “Achegas para a Historiografia Aveirense”, que o grande orador há muito reclamava a ligação rodoviária entre Aveiro e Costa Nova. Vai daí, conseguiu trazer um dia um grupo de deputados, “dos mais refilões”, para verificarem essa urgência. “Embarcados num saleiro, começou a viagem com um tempo regular.”
Entretanto, na hora do regresso, quando saíram da Costa Nova, “levantou-se um ventinho”, que foi aumentando. As “marolas” obrigavam o barco a baloiçar perigosamente; com os viajantes a mostravam medo, José Estêvão sossegou-os dizendo-lhes que, “se tivessem ido de bateira, seria muito pior”. E “quando já iam ao largo da cale”, a atmosfera começou “a mostrar sinais de que a trovoada se aproximava”. O medo apoderou-se ainda mais dos convidados, “com o barco a baloiçar e a trovoada a ribombar”. Então, José Estêvão lá anuiu ao pedido dos deputados, dizendo-lhes que regressariam a Aveiro, “se eles dessem a sua palavra de que estavam convencidos da necessidade de se construir a estrada e de que defenderiam (…) essa construção”. E isso terá acontecido, porque o medo era muito.
A ser verdade, não há dúvida de que o nosso tribuno era muito esperto. Tão esperto, que até “encomendou”, para essa viagem, um temporal capaz de convencer os “deputados refilões” da premência da estrada, de que a nossa actual Avenida José Estêvão faz parte.

Fernando Martins

Editado por Fernando Martins | Domingo, 30 Novembro , 2008, 09:28


A PROVA DE PASSAGEM DA 2.ª PARA A 3.ª CLASSE


Caríssima/o:

Pudesse eu dar-vos imagens de boa qualidade do que vos pretendo transmitir! São pouco mais que borrões o que resta desses longínquos acontecimentos: papéis amontoados, amarrotados, amarelecidos, desbotados, ratados alguns...
Foi em 1949 que fiz a passagem para a terceira classe!
O ambiente era o mesmo do escrito anterior, apenas com uma ligeira diferença: os escolares já não são principiantes! E com esta confiança e a certeza de que tudo vai correr muito bem e até é fácil terão, muitas vezes, de encarar com o nariz torcido a tinta que escorreu do aparo e pôs uma borrata logo ali no meio da cópia! Certificado de pouco cuidado? Pouca destreza? Desleixo e desmazelo? Oh! Céus! Ninguém repara que a caneta não está em condições e o 'prevaricador' choroso vai mostrar à Professora a 'obra prima'! “Não faz mal... Anda pr'à frente...Isso não tem importância! É só um pingo!” Era mesmo só um pingo mas as lágrimas pegadas aos olhos aumentaram o tamanho... Vamos então continuar e seja o que Deus quiser, mas agora mais cuidadinho!
Depois da cópia, vinha o ditado e depois a redacção; pronto, a parte escrita feita sem precalços... para além do que aí fica.
Um pequeno intervalo e vamos à matemática, às contas e aos problemas; isso é canja. Pois é, mas cuidado que aquele que é um barra atrapalhou-se e passou mal a resposta!
Por fim o desenho na última página e a prova escrita concluída.
Mais descontraídos e confiantes, tudo termina com a leitura...
Resultados afixados na porta com a aprovação de todos e de todas, seguiu-se o jogo das escondidas pelos carreiros da vizinhança da Escola do Ti Bola... e amanhã a liberdade era total: as férias!



O EXAME DA 3.ª CLASSE



Há dias em conversa alguém me dizia que o Professor Carlos era baixo e pequenote... Fiquei perplexo! Na minha ideia ele era um 'gigante'... Foi assim que me ficou retido na minha infantil imaginação quando o contemplo ao lado da minha Professora que o aguardava à porta da Escola acompanhada por outra que também fazia parte do júri. Apareceu montado na sua bicicleta e a 'fotografia' que a minha memória reteve mostra-o como um homem grande!
E o caso estava sério: tínhamos um Professor a presidir ao nosso exame da terceira classe, o exame do 1.º grau!
Todo ele eram sorrisos e palavras de estímulo, mas sempre era um... homem!
O papel utilizado na prova escrita era em tudo semelhante ao das provas finais realizadas por nós nas primeiras classes, mas agora começava-se logo pelo ditado, com a prova da caligrafia por baixo; na página seguinte, redacção; três problemas verificavam os conhecimentos nessa área e terminava-se com um desenho (o tal vaso... ou um copo...)
A prova escrita estava feita... logo à tarde é que vão ser elas!
Comida a buchita do almoço, ala para o pequeno alpendre e nada de correrias nem de saltos; olhávamos uns para os outros e parecíamos mesmos as ovelhas e os cordeiros que vinham para a festa de Nossa Senhora da Nazaré: também elas e eles não conheciam a sorte que lhes estava reservada.
Entrámos e vimos e ouvimos que o senhor Professor fazia perguntas como as da nossa Professora e ria e animava-nos e afinal foi de festa o ambiente que rodeou a afixação do edital com os resultados: “Todos os alunos e alunas submetidos ao exame da 3.ª Classe foram aprovados” ... e seguiam-se as assinaturas dos elementos do Júri.
E nós sabíamos que este exame do 1.º grau era importante porque ainda no ano anterior quase todas as meninas deixaram a Escola e, dos rapazes, dois ou três não voltaram que foram trabalhar. As férias esperavam por nós, em Outubro logo se veria como era!

Manuel

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