de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 27 Novembro , 2008, 17:18


Refiro-me à Acção Católica. Celebrou agora os 75 anos de existência em Portugal. Foi e continua a ser, na Igreja e para a Igreja, grande escola de formação de leigos militantes, que enriquecem tanto a comunidade cristã, como tornam presente, na sociedade, o Evangelho feito vida.
A minha história está ligada à Acção Católica desde 1958. Padre novo, acabado de regressar de Roma, onde fizera também, por iniciativa própria, estudos relacionados com esta, logo fui designado assistente de movimentos operários e, depois, de diversas estruturas diocesanas. Conheço a história e a realidade da Acção Católica, admiro e continuo a seguir a sua metodologia, experimentei ao vivo o dinamismo que a instituição traz consigo desde sempre, tentei dar-lhe força e lugar na acção pastoral, sofri os seus momentos difíceis, estou-lhe grato pelo número de leigos cristãos que nela se formaram. Pela sua têmpera e coragem, creditaram a acção da Igreja nos diversos meios sociais e em situações diversas em que a militância dos leigos cristãos era não apenas um desafio, mas também um risco, conscientemente assumido.
A Acção Católica hpje, em Portugal, lamentavelmente, não tem a expansão de outros tempos. Os movimentos operários continuam os mais resistentes, porque a vida os oprime mais. As alterações sociológicas dos chamados meios sociais são por demais evidentes. O mundo da escola encontrou derivativos mais propensos a aspirações pessoais, mas menos exigentes e duros, frente aos desafios e compromissos da vida concreta. Mesmo assim, continua a haver, pelo país fora, militantes de qualidade e de horizontes largos, tanto no meio rural agrário, como no mundo escolar, no meio independente e nas associações profissionais.
O Vaticano II assinalou a importância da Acção Católica. Os bispos portugueses também a afirmaram sem reservas. As mudanças sociais e culturais realçaram a sua importância. Porém, os caminhos do laicado parecem agora andar noutra direcção.
A crise vivida na mudança não foi bem lida por muita gente responsável, que mais apontou nos desvios inevitáveis, que no rumo que sempre levara e que fazia parte da sua identidade. Só não pisa o risco em momentos de perplexidade, quem não suja os pés no lamaçal da vida..Até os bispos, lá atrás e num momento difícil, votaram pelo seguro, à revelia da história e do testemunho dos que continuavam a acreditar na Acção Católica porque a conheciam por dentro, nela tinham trabalhado e sabiam ler os sinais e o sentido dos ventos.. Estes votaram vencidos, em contra mão da maioria vencedora. Com o coração a sangrar, mas com a esperança em ponto alto, aguardando a luz da profecia.
A história da Igreja e do laicado apostólico não se faz, entre nós, sem olhar a Acção Católica. O governo de há décadas perseguiu-a, quis pôr-lhe mordaças, anotou os que a acompanhavam e pôs-lhe os rótulos condenatórios de então. Gente da Igreja, sempre a houve, que não gosta de ventos fortes que sacodem e acordam, dei apoio aos governantes. Mas só a verdade faz história. E essa fez-se, a seu tempo.
Quantos jovens formados na Acção Católica, hoje adultos ainda na primeira linha! Quantos outros descobriram e andaram rumos novos nas suas vidas! Quanta gente houve, a acender, corajosamente, o fósforo que rompeu trevas e desmascarou rotinas e mentiras! Quantos projectos solidários inovadores, aparentemente temerários, que mostraram que a fé se vive fora dos templos e não no aconchego dos mesmos! Quantos padres, com militantes ao seu lado, venceram crises, abriram caminhos pastorais novos, contagiaram colegas! Sempre houve cegos e surdos e hoje também os há.
Outros movimentos laicais surgiram na Igreja. Parece que alguns ainda não entenderam que a vocação de leigo, é de ser cristão no mundo e animador evangélico das estruturas sociais. A AC é movimento de fronteira e sem ela as fronteiras estão desguarnecidas.
António Marcelino
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Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 27 Novembro , 2008, 11:09
Fotos da capa do livro de Armando Tavares da SilvaJornal aveirense

27 de Novembro de 1908


D. MANUEL II foi recebido em Aveiro com grande entusiasmo

Há precisamente 100 anos, D. Manuel II visitou Aveiro, onde foi recebido com grande entusiasmo, tendo-se realizado festas de extraordinária imponência; esteve presente o Bispo-Conde de Coimbra, D. Manuel Correia de Bastos Pina, seu padrinho de baptismo, que recebeu o monarca à porta da igreja de Jesus, conforme lembra o Calendário Histórico de Aveiro.
Por sua vez, Armando Tavares da Silva, catedrático aposentado da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, diz, no seu livro "D. Manuel II e Aveiro – Uma visita Histórica (27 de Novembro de 1908)", que houve “cerimónias, festas e realizações populares”. Acrescenta que “D. Manuel II esteve ainda presente no distrito de Aveiro por mais duas vezes pouco antes do 5 de Outubro de 1910. A primeira para uma demorada permanência no Buçaco, no Verão desse ano, e a segunda para as comemorações do primeiro centenário da batalha do Buçaco, em Setembro de 1910”.
Mas se é verdade que as festas foram imponentes, com a adesão popular e das autoridades, também é certo que a oposição se manifestou contra a visita, denunciando as altas despesas que ela comportou.
No livro de Armando Tavares da Silva, pode ler-se, citando O Commercio do Porto, que as festas foram brilhantes, "cumprindo comtudo especialisar os numeros da noite, isto é, o fogo, as illuminações e a marcha, que chegaram a exceder a espectativa dos proprios organizadores".
Depois, adianta: "Passava das nove horas quando se deu por finda esta brilhante festa, que decorreu tão cheia de enthusiasmo como de distincção."
Por sua vez, O Democrata, que havia considerado a visita como “Real bambochata”, descreveu com sarcasmo o que viu, sublinhando que “a academia de Aveiro foi reforçada com collegas do Porto e de Coimbra”; referiu que “o sr. Dr. Jayme Silva […] animando com a sua voz cavernosa as frias gentes [estava] sempre prompto a defender o régio vizitante d’algum attentado… feminino. O povo não acclama […], move-se para ver o moço rei que […] ostenta vistosas condecorações […]”
Aqui fica este breve apontamento para tornar presente a efeméride, não vá ela ser esquecida por toda a gente. Para mais informações, clicar em Armando Tavares da Silva

Fernando Martins

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