de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Domingo, 30 Novembro , 2008, 09:49
José Estêvão (1809-1862)

Homenagem justa ao grande tribuno aveirense

No dia 12 de Março de 1860, iniciou-se a construção da primeira estrada que atravessa a região da Gafanha, ligando os estaleiros ao Forte da Barra. Foi concluída em 30 de Abril de 1861. Estas são as informações da Monografia da Gafanha, do Padre João Vieira Rezende.
Começou em Aveiro, em 1855. Posteriormente, seis anos depois, chegou ao Forte. A seguir, passou à Barra, atravessando uma ponte de madeira, junto ao Forte Novo. Por fim, atingiu a Costa Nova.
Na área da Gafanha da Nazaré, foi baptizada com o nome de Avenida Central, passando, já nos nossos dias, a Avenida José Estêvão, numa oportuna homenagem ao grande tribuno.
A este propósito, até se conta uma história interessante, que terá sido protagonizada por José Estêvão. Recorda João Evangelista de Campos, em “Achegas para a Historiografia Aveirense”, que o grande orador há muito reclamava a ligação rodoviária entre Aveiro e Costa Nova. Vai daí, conseguiu trazer um dia um grupo de deputados, “dos mais refilões”, para verificarem essa urgência. “Embarcados num saleiro, começou a viagem com um tempo regular.”
Entretanto, na hora do regresso, quando saíram da Costa Nova, “levantou-se um ventinho”, que foi aumentando. As “marolas” obrigavam o barco a baloiçar perigosamente; com os viajantes a mostravam medo, José Estêvão sossegou-os dizendo-lhes que, “se tivessem ido de bateira, seria muito pior”. E “quando já iam ao largo da cale”, a atmosfera começou “a mostrar sinais de que a trovoada se aproximava”. O medo apoderou-se ainda mais dos convidados, “com o barco a baloiçar e a trovoada a ribombar”. Então, José Estêvão lá anuiu ao pedido dos deputados, dizendo-lhes que regressariam a Aveiro, “se eles dessem a sua palavra de que estavam convencidos da necessidade de se construir a estrada e de que defenderiam (…) essa construção”. E isso terá acontecido, porque o medo era muito.
A ser verdade, não há dúvida de que o nosso tribuno era muito esperto. Tão esperto, que até “encomendou”, para essa viagem, um temporal capaz de convencer os “deputados refilões” da premência da estrada, de que a nossa actual Avenida José Estêvão faz parte.

Fernando Martins

Editado por Fernando Martins | Domingo, 30 Novembro , 2008, 09:28


A PROVA DE PASSAGEM DA 2.ª PARA A 3.ª CLASSE


Caríssima/o:

Pudesse eu dar-vos imagens de boa qualidade do que vos pretendo transmitir! São pouco mais que borrões o que resta desses longínquos acontecimentos: papéis amontoados, amarrotados, amarelecidos, desbotados, ratados alguns...
Foi em 1949 que fiz a passagem para a terceira classe!
O ambiente era o mesmo do escrito anterior, apenas com uma ligeira diferença: os escolares já não são principiantes! E com esta confiança e a certeza de que tudo vai correr muito bem e até é fácil terão, muitas vezes, de encarar com o nariz torcido a tinta que escorreu do aparo e pôs uma borrata logo ali no meio da cópia! Certificado de pouco cuidado? Pouca destreza? Desleixo e desmazelo? Oh! Céus! Ninguém repara que a caneta não está em condições e o 'prevaricador' choroso vai mostrar à Professora a 'obra prima'! “Não faz mal... Anda pr'à frente...Isso não tem importância! É só um pingo!” Era mesmo só um pingo mas as lágrimas pegadas aos olhos aumentaram o tamanho... Vamos então continuar e seja o que Deus quiser, mas agora mais cuidadinho!
Depois da cópia, vinha o ditado e depois a redacção; pronto, a parte escrita feita sem precalços... para além do que aí fica.
Um pequeno intervalo e vamos à matemática, às contas e aos problemas; isso é canja. Pois é, mas cuidado que aquele que é um barra atrapalhou-se e passou mal a resposta!
Por fim o desenho na última página e a prova escrita concluída.
Mais descontraídos e confiantes, tudo termina com a leitura...
Resultados afixados na porta com a aprovação de todos e de todas, seguiu-se o jogo das escondidas pelos carreiros da vizinhança da Escola do Ti Bola... e amanhã a liberdade era total: as férias!



O EXAME DA 3.ª CLASSE



Há dias em conversa alguém me dizia que o Professor Carlos era baixo e pequenote... Fiquei perplexo! Na minha ideia ele era um 'gigante'... Foi assim que me ficou retido na minha infantil imaginação quando o contemplo ao lado da minha Professora que o aguardava à porta da Escola acompanhada por outra que também fazia parte do júri. Apareceu montado na sua bicicleta e a 'fotografia' que a minha memória reteve mostra-o como um homem grande!
E o caso estava sério: tínhamos um Professor a presidir ao nosso exame da terceira classe, o exame do 1.º grau!
Todo ele eram sorrisos e palavras de estímulo, mas sempre era um... homem!
O papel utilizado na prova escrita era em tudo semelhante ao das provas finais realizadas por nós nas primeiras classes, mas agora começava-se logo pelo ditado, com a prova da caligrafia por baixo; na página seguinte, redacção; três problemas verificavam os conhecimentos nessa área e terminava-se com um desenho (o tal vaso... ou um copo...)
A prova escrita estava feita... logo à tarde é que vão ser elas!
Comida a buchita do almoço, ala para o pequeno alpendre e nada de correrias nem de saltos; olhávamos uns para os outros e parecíamos mesmos as ovelhas e os cordeiros que vinham para a festa de Nossa Senhora da Nazaré: também elas e eles não conheciam a sorte que lhes estava reservada.
Entrámos e vimos e ouvimos que o senhor Professor fazia perguntas como as da nossa Professora e ria e animava-nos e afinal foi de festa o ambiente que rodeou a afixação do edital com os resultados: “Todos os alunos e alunas submetidos ao exame da 3.ª Classe foram aprovados” ... e seguiam-se as assinaturas dos elementos do Júri.
E nós sabíamos que este exame do 1.º grau era importante porque ainda no ano anterior quase todas as meninas deixaram a Escola e, dos rapazes, dois ou três não voltaram que foram trabalhar. As férias esperavam por nós, em Outubro logo se veria como era!

Manuel

Editado por Fernando Martins | Sábado, 29 Novembro , 2008, 13:15



Grupos, Movimentos, PALOP, Coros,
Voluntariados… a Caminho do Natal

1. Sublinhemos a palavra caminho, pois não há meta sem percurso, nem triunfo sem esforço dedicado. Estamos diante de um tempo novo que se quer revestir de novos desafios para todos nós. A aceitação corajosa de captarmos os convites permanentes que nos são propostos poderá transfigurar todas as coisas. Mas o essencial não virá do exterior, sim do interior do coração… Este, quando na sua beleza generosa aceita ser parte da construção, do fazer caminho edificante e não do parar na indiferença ou no criticismo que deita a perder os novos horizontes…
2. O tempo de Advento aparece diante de todos nós como uma oportunidade sempre única, até de dar o justo sentido às palavras. Natal não significa coisas mas atitudes, num renascimento espiritual que se abre aos outros e a Deus com novo ardor. Demos tempo à vida, numa vida que deve ter tempo para tudo. Sem o alimento espiritual – que depois se manifesta nos valores vivenciais – o caminho fica aquém do ideal. Este passa pelo reconhecimento de que Deus nos veio visitar e veio para ficar connosco, ser Natal para sempre!
3. Todos somos convocados! Para uma melhor aceitação vivencial temos muitas ajudas, começando pelo Profeta Isaías, passando pela figura emblemática de João Baptista e sentindo em Maria o aconchego do acolhimento. Não haverá Natal sem caminho de aperfeiçoamento. Acolhamos em nós aquele “choque espiritual” que nos poderá despertar para toda a Esperança! Esperança, valor fundamental que também norteará o caminho diocesano… Passo a passo, todos juntos, aceitemos as etapas que nos conduzirão ao verdadeiro Natal! Acolhamos o Convite:

CONVITE: Advento Natal CUFC :
3 Dez: 18.30h Celebração
21h Serão para conhecer os Jovens Sem Fronteiras
Alexandre Cruz
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Editado por Fernando Martins | Sábado, 29 Novembro , 2008, 12:48

Momento musical para este sábado de chuva e muito frio. Que a beleza da melodia e a força expressiva do artista possam aquecer o espírito de todos os meus amigos. A sugestão veio do poeta Orlando Figueiredo, meu prezado amigo e familiar,

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Editado por Fernando Martins | Sábado, 29 Novembro , 2008, 12:05
Se há ciência que prima pela variedade de certezas (ou dúvidas?), a economia é uma delas, andando de braço dado com a política. O que uns defendem outros condenam. Por isso, acho que importa ler o possível para nos decidirmos pelo que acharmos melhor. Às vezes podemos acertar.
"Em Portugal, Teixeira dos Santos diz que o Governo vai estimular a economia através do investimento público. Ou seja, vai desperdiçar dinheiro em projectos de duvidosa rentabilidade que já eram contestados antes da crise financeira. As debilidades da economia portuguesa são conhecidas. O peso do Estado é elevado, os serviços públicos de saúde e educação são ineficientes, a justiça não funciona e o sector privado está sobrecarregado de impostos e de burocracia. Perante isto, o Governo recorre à solução fácil de atirar dinheiro para a economia, agravando o défice e o endividamento público."
Ler ESTÍMULOS de João Miranda, Investigador em Biotecnologia

Editado por Fernando Martins | Sábado, 29 Novembro , 2008, 11:55

No lançamento do livro A Sexualidade, a Igreja e a Bioética. 40 anos de Humanae Vitae, de Miguel Oliveira da Silva, procurei reflectir sobre o paradoxo de, sendo o cristianismo uma religião do corpo - não diz a Bíblia que Deus criou os seres humanos em corpo e viu que era muito bom e não confessa a fé cristã que Deus assumiu em Jesus a corporeidade humana e que ela está presente, pela ressurreição, no seio da Trindade? -, em boa parte a má vontade contra a Igreja radicar na sua relação com o sexo. Como admitir, por exemplo, mesmo quando a saúde e a própria vida ficam ameaçadas, a proibição do preservativo?
O que envenenou a relação da Igreja com a sexualidade foi o choque entre o poder e o prazer, porque o prazer pode abalar o poder.
Concretamente, há a doutrina do pecado original, entendido não como o primeiro de todos os pecados - todos pecam -, mas como um pecado herdado de Adão e transmitido por geração, portanto, no acto sexual.
Depois, com a reforma gregoriana, século XI, foram-se erguendo as três colunas sobre as quais assenta, segundo Hans Küng, o paradigma católico-romano: papismo (poder centrado no Papa), celibatismo (celibato obrigatório por lei para os padres), marianismo (devoção a Nossa Senhora como compensação).
Como se determinou que tudo o que se refere ao sexo é por princípio matéria grave e como, por outro lado, não há ninguém que não tenha pelo menos pensamentos relacionados com o sexo e só o sacerdote ou o bispo podem perdoar os pecados, a confissão acabou por tornar-se não um espaço de reconciliação e paz, mas tantas vezes de opressão, e raramente uma instituição acabou por deter tanto poder sobre as consciências, criando infindos complexos de culpabilização. Quando se lê os manuais dos confessores e todos aqueles interrogatórios inquisitoriais, quase reduzidos ao campo sexual, percebe-se que muitos tenham começado a abandonar a Igreja por causa da confissão, considerada ofensiva dos direitos humanos.
No universo sexual, que, como escreve Miguel Oliveira da Silva, continua a ser "um imenso, incómodo e multifacetado mistério", é evidente que não vale tudo. Ele reconhece que "a sociedade ocidental vive um profundo e grave vazio ético em matéria de sexualidade".
De qualquer modo, a Igreja precisa de reconciliar-se com o mundo e a ciência, o corpo e a sexualidade. Mas enquanto se mantiver a lei do celibato obrigatório não estará todo o discurso eclesiástico sobre o tema debaixo do fogo da suspeita?
Nos seus Jerusalemer Nachtgespräche, o Cardeal Carlo Martini interroga precisamente esta lei e, depois de considerar os estragos da encíclica Humanae Vitae, reconhece que muitos esperam do Magistério uma palavra de orientação sobre o corpo, a sexualidade, o casamento e a família. "Procuramos um caminho para, de modo fiável, falar sobre o casamento, o controlo da natalidade, a procriação medicamente assistida, a contracepção."
Neste domínio da contracepção, o equívoco fundamental da encíclica Humanae Vitae encontra-se numa concepção de lei natural fixa, estática e centrada na biologia. Ora, por natureza, o ser humano é cultural e histórico e a própria realidade é processual. A sexualidade humana não pode ser vista apenas na sua vertente biológica. Como pode o Magistério fixar-se na biologia, esquecendo que, para ser verdadeiramente humana, a sexualidade envolve o biológico, o afectivo, a ternura, o amor, o espiritual?
Por outro lado, na perspectiva bíblica, não criou Deus o Homem como criatura co-criadora? Não é o Homem, por natureza, interventivo, aperfeiçoador e transformador da natureza? Então, no juízo moral, o critério não pode ser o natural identificado com o bem e o artificial identificado com o mal, mas a responsabilidade digna e a dignidade responsável. Aliás, quem defende os métodos contraceptivos naturais como os únicos legítimos deverá ser confrontado com a objecção: para lá da sua falibilidade, ainda serão naturais os métodos que têm a ver com uma descoberta e aproveitamento humanos dos períodos inférteis da mulher?

Anselmo Borges
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Editado por Fernando Martins | Sexta-feira, 28 Novembro , 2008, 21:37

Os tempos mudam, tal como mudam os hábitos das pessoas. Há 35 anos, surgiu na Gafanha da Nazaré um Grupo de Teatro com projectos organizativos que apontavam para muitos anos de vida. Antes, como bem me lembro, já se fazia teatro, um tanto ou quanto ao sabor das necessidades das festas. Terminadas estas, terminavam também as temporadas teatrais. Mas o GATA - Grupo Activo de Teatro Amador não queria ter vida curta nem sonhos sem ambições. Nasceu em 27 de Setembro de 1973 para dar muitas alegrias aos gafanhões, com o entusiasmo e a competência que pôs nos seus trabalhos. Tenho-me lembrado do entusiasmo do Humberto Rocha, um tanto igual ao entusiasmo que põe em tudo em que se mete. Os anos até parece que nem passam por ele. Mas, presentemente, com outras motivações, a juventude já não olha para o teatro.
Ao tentar alinhavar a história do GATA, com base no que for possível compilar, mais não quero do que homenagear o meu amigo Humberto Rocha, que foi, há 35 anos, o grande animador daquele Grupo de Teatro. Mas ainda é hoje um gafanhão, sempre em actividade, capaz de manter uma juventude invejável. Aliás, tal não é de admirar, porque, sendo ele médico, terá sabedoria mais do que suficiente para afugentar o stresse e qualquer maleita que o possa incomodar.
FM

Editado por Fernando Martins | Sexta-feira, 28 Novembro , 2008, 18:27

60 anos depois, a actualidade dos seus princípios mantém-se

No próximo dia 10 de Dezembro, o mundo celebra o 60.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos. A efeméride recorda a proclamação dos seus 30 artigos, em Paris, em 1948, pela Assembleia-Geral das Nações Unidas, três anos depois de mais uma sangrenta guerra – a II Guerra Mundial - que abalou o mundo ocidental. Fruto, decerto, de tantos conflitos, a Declaração emerge como resposta à necessidade de pôr o homem no centro da civilização, com todos os seus direitos, assentes no respeito pela liberdade e pela dignidade de todos os seres humanos, rumo a uma sociedade mais justa, fundamento de uma paz duradoira.
Mas se é certo que tal desiderato se impunha há 60 anos, não é menos certo admitir que, nos tempos actuais, as ofensas aos direitos do homem continuam na agenda de todos os órgãos de comunicação social, como realidade sentida na pele por multidões de refugiados e outras vítimas de conflitos armados, mas também de guerras psicológicas, de lutas tribais e de perseguições políticas e religiosas.
Lendo e meditando sobre cada um dos artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, compreendemos como todos eles se mantêm actuais, justificando-se, contudo, uma maior e mais ampla divulgação, com sentido pedagógico, junto das mais diversas camadas das populações de todos os países. Sobretudo dos mais jovens, os que um dia hão-de segurar nas suas mãos os destinos do mundo. Sem esse trabalho de construção de um homem novo, com alicerces na Declaração, jamais daremos corpo a uma sociedade mais fraterna e mais solidária.
Olhando para a Declaração Universal dos Direitos Humanos, com seis décadas de vida, temos de reconhecer que os seus artigos, sob o ponto de vista cristão, assentam ou se coadunam com a Boa Nova de Jesus Cristo. Mais uma razão para todos nos empenharmos na proclamação dos seus princípios, na defesa dos seus valores, na oportunidade de os levarmos à prática no dia-a-dia: na família, nas instituições, no lazer, no social, no político, no educacional, no ensino, no desporto, na arte.

Fernando Martins

Editado por Fernando Martins | Sexta-feira, 28 Novembro , 2008, 18:09

O “Timoneiro”, jornal mensal da paróquia da Gafanha da Nazaré, reiniciou a publicação, após 11 meses de paragem, agora com o Padre Francisco Melo como director. Saiu com 16 páginas, tendo como propósito ser “um espaço privilegiado de comunicação e partilha entre as pessoas, grupos, sectores e âmbitos de acção pastoral”, como sublinha o director em “Uma primeira palavra…”.
O Padre Francisco Melo ainda manifesta o desejo de que o jornal seja um veículo de "informação, mas também de formação humana, cristã e cívica dos seus leitores”.
Para além de espaços alargados dedicados à paróquia, o “Timoneiro” assume a intervenção (desde a primeira hora desta sua nova fase) na comunidade humana, procurando ir ao encontro das pessoas concretas e das iniciativas que preenchem o seu quotidiano, numa aposta de proximidade fraterna, sem lutas mesquinhas e sem politiquices.
Ao aceitar colaborar, com todo o meu empenho, fi-lo na convicção de que o "Timoneiro" continua a ter o seu lugar na zona geográfica em que se insere, procurando ser uma mais-valia para a união de todos os gafanhões, onde quer que eles se encontrem.
Os interessados em se inscreverem como assinantes podem dirigir-se ao Cartório Paroquial, Av. José Estêvão, 3830-555, Gafanha da Nazaré.

FM
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Editado por Fernando Martins | Sexta-feira, 28 Novembro , 2008, 14:26
28 de Novembro
Este dia, em Aveiro, nos anos 1882 e 1908, houve sinais evidentes de solidariedade e de voluntariado.
Em 1882, um grupo de aveirenses aprovou os estatutos da "Companhia de Bombeiros Voluntários de Aveiro".
Em 1908, um punhado de bons aveirenses, reunidos na velha sede da extinta Associação dos Bateleiros, próxima da capela de S. Gonçalinho, decidiu fundar a "Companhia Voluntária de Salvação Pública Guilherme Gomes Fernandes - Bombeiros Novos".
In Calendário Histórico de Aveiro
NOTA: Guilherme Gomes Fernandes nasceu na Baía, em 1850. Foi comandante dos Bombeiros Voluntários do Porto, onde se destacou como inspector dos Serviços de Incêndios. A sua perícia conduziu os bombeiros portuenses ao primeiro lugar num campeonato do mundo, em 1910.

Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 27 Novembro , 2008, 17:18


Refiro-me à Acção Católica. Celebrou agora os 75 anos de existência em Portugal. Foi e continua a ser, na Igreja e para a Igreja, grande escola de formação de leigos militantes, que enriquecem tanto a comunidade cristã, como tornam presente, na sociedade, o Evangelho feito vida.
A minha história está ligada à Acção Católica desde 1958. Padre novo, acabado de regressar de Roma, onde fizera também, por iniciativa própria, estudos relacionados com esta, logo fui designado assistente de movimentos operários e, depois, de diversas estruturas diocesanas. Conheço a história e a realidade da Acção Católica, admiro e continuo a seguir a sua metodologia, experimentei ao vivo o dinamismo que a instituição traz consigo desde sempre, tentei dar-lhe força e lugar na acção pastoral, sofri os seus momentos difíceis, estou-lhe grato pelo número de leigos cristãos que nela se formaram. Pela sua têmpera e coragem, creditaram a acção da Igreja nos diversos meios sociais e em situações diversas em que a militância dos leigos cristãos era não apenas um desafio, mas também um risco, conscientemente assumido.
A Acção Católica hpje, em Portugal, lamentavelmente, não tem a expansão de outros tempos. Os movimentos operários continuam os mais resistentes, porque a vida os oprime mais. As alterações sociológicas dos chamados meios sociais são por demais evidentes. O mundo da escola encontrou derivativos mais propensos a aspirações pessoais, mas menos exigentes e duros, frente aos desafios e compromissos da vida concreta. Mesmo assim, continua a haver, pelo país fora, militantes de qualidade e de horizontes largos, tanto no meio rural agrário, como no mundo escolar, no meio independente e nas associações profissionais.
O Vaticano II assinalou a importância da Acção Católica. Os bispos portugueses também a afirmaram sem reservas. As mudanças sociais e culturais realçaram a sua importância. Porém, os caminhos do laicado parecem agora andar noutra direcção.
A crise vivida na mudança não foi bem lida por muita gente responsável, que mais apontou nos desvios inevitáveis, que no rumo que sempre levara e que fazia parte da sua identidade. Só não pisa o risco em momentos de perplexidade, quem não suja os pés no lamaçal da vida..Até os bispos, lá atrás e num momento difícil, votaram pelo seguro, à revelia da história e do testemunho dos que continuavam a acreditar na Acção Católica porque a conheciam por dentro, nela tinham trabalhado e sabiam ler os sinais e o sentido dos ventos.. Estes votaram vencidos, em contra mão da maioria vencedora. Com o coração a sangrar, mas com a esperança em ponto alto, aguardando a luz da profecia.
A história da Igreja e do laicado apostólico não se faz, entre nós, sem olhar a Acção Católica. O governo de há décadas perseguiu-a, quis pôr-lhe mordaças, anotou os que a acompanhavam e pôs-lhe os rótulos condenatórios de então. Gente da Igreja, sempre a houve, que não gosta de ventos fortes que sacodem e acordam, dei apoio aos governantes. Mas só a verdade faz história. E essa fez-se, a seu tempo.
Quantos jovens formados na Acção Católica, hoje adultos ainda na primeira linha! Quantos outros descobriram e andaram rumos novos nas suas vidas! Quanta gente houve, a acender, corajosamente, o fósforo que rompeu trevas e desmascarou rotinas e mentiras! Quantos projectos solidários inovadores, aparentemente temerários, que mostraram que a fé se vive fora dos templos e não no aconchego dos mesmos! Quantos padres, com militantes ao seu lado, venceram crises, abriram caminhos pastorais novos, contagiaram colegas! Sempre houve cegos e surdos e hoje também os há.
Outros movimentos laicais surgiram na Igreja. Parece que alguns ainda não entenderam que a vocação de leigo, é de ser cristão no mundo e animador evangélico das estruturas sociais. A AC é movimento de fronteira e sem ela as fronteiras estão desguarnecidas.
António Marcelino
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Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 27 Novembro , 2008, 11:09
Fotos da capa do livro de Armando Tavares da SilvaJornal aveirense

27 de Novembro de 1908


D. MANUEL II foi recebido em Aveiro com grande entusiasmo

Há precisamente 100 anos, D. Manuel II visitou Aveiro, onde foi recebido com grande entusiasmo, tendo-se realizado festas de extraordinária imponência; esteve presente o Bispo-Conde de Coimbra, D. Manuel Correia de Bastos Pina, seu padrinho de baptismo, que recebeu o monarca à porta da igreja de Jesus, conforme lembra o Calendário Histórico de Aveiro.
Por sua vez, Armando Tavares da Silva, catedrático aposentado da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, diz, no seu livro "D. Manuel II e Aveiro – Uma visita Histórica (27 de Novembro de 1908)", que houve “cerimónias, festas e realizações populares”. Acrescenta que “D. Manuel II esteve ainda presente no distrito de Aveiro por mais duas vezes pouco antes do 5 de Outubro de 1910. A primeira para uma demorada permanência no Buçaco, no Verão desse ano, e a segunda para as comemorações do primeiro centenário da batalha do Buçaco, em Setembro de 1910”.
Mas se é verdade que as festas foram imponentes, com a adesão popular e das autoridades, também é certo que a oposição se manifestou contra a visita, denunciando as altas despesas que ela comportou.
No livro de Armando Tavares da Silva, pode ler-se, citando O Commercio do Porto, que as festas foram brilhantes, "cumprindo comtudo especialisar os numeros da noite, isto é, o fogo, as illuminações e a marcha, que chegaram a exceder a espectativa dos proprios organizadores".
Depois, adianta: "Passava das nove horas quando se deu por finda esta brilhante festa, que decorreu tão cheia de enthusiasmo como de distincção."
Por sua vez, O Democrata, que havia considerado a visita como “Real bambochata”, descreveu com sarcasmo o que viu, sublinhando que “a academia de Aveiro foi reforçada com collegas do Porto e de Coimbra”; referiu que “o sr. Dr. Jayme Silva […] animando com a sua voz cavernosa as frias gentes [estava] sempre prompto a defender o régio vizitante d’algum attentado… feminino. O povo não acclama […], move-se para ver o moço rei que […] ostenta vistosas condecorações […]”
Aqui fica este breve apontamento para tornar presente a efeméride, não vá ela ser esquecida por toda a gente. Para mais informações, clicar em Armando Tavares da Silva

Fernando Martins

Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 26 Novembro , 2008, 11:46

“O Vocabulário Marítimo Português
e o Problema dos Mediterraneísmos”


Como já neste espaço anunciei, com a certeza de que voltarei ao assunto, Ana Maria Lopes vai lançar, no Museu Marítimo de Ílhavo, no próximo sábado, 29, pelas 17 horas, mais um livro, com ligações ao Mar, tema de paixões da autora. Intitula-se ele “Regresso ao Litoral – Embarcações Tradicionais Portuguesas”.
Tenho tido o privilégio de conversar com Ana Maria Lopes sobre estas questões para perceber a riqueza dos seus conhecimentos sobre matérias marítimas, e não só. De tal modo que o seu blogue, que visito com frequência, foi baptizado com o expressivo nome de Marintimidades. Ou seja, um nome que nos remete para as suas intimidades com ligações profundas ao oceano, ou não se reflectisse ele nos olhares de todos os ílhavos, de que a autora é paradigma. Sobretudo quando se fala das influências que o mar exerce nas gentes daquela terra maruja.
Mas antes de falar desse trabalho que a envolveu durante bastante tempo, numa busca constante de tudo quanto diz respeito às embarcações tradicionais da nossa costa, permitam-me que lembre, hoje e aqui, uma outra obra de Ana Maria Lopes – O Vocabulário Marítimo Português e o Problema dos Mediterraneísmos –, publicada em 1975, surgindo em 2.ª edição, facsimilada, em 2006, sob a responsabilidade dos Amigos do Museu Marítimo de Ílhavo.
Este livro, que é a dissertação de licenciatura em Filologia Românica de Ana Maria Lopes, apresentada na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, em Janeiro de 1970, oferece um repositório precioso de vocábulos e expressões que corriam o risco de se perder no tempo. Com o rigor da recolha e investigação feitas pela então jovem autora, a obra dá, a quem a lê, o prazer de voltar ao linguajar dos nossos antepassados que mourejavam no nosso mar, mais ao largo ou mais em terra. E sendo certo que uma boa parte do trabalho publicado se destina a estudiosos de ciências linguísticas e náuticas, não deixa de ser interessante que pessoas como eu, pouco dadas a rigores fonéticos e a termos técnicos deste domínio, sintam um grande prazer na leitura daquele livro.
Com ilustrações, a preto e branco, e grafismos elucidativos, com redes, alfaias e barcos diversos, de meu directo conhecimento, uns, e meus ilustres desconhecidos, outros, esta obra da autora ilhavense merece ser mais conhecida e mais apreciada pelas gerações actuais, em especial pelos que se dispuserem a colaborar na preservação do nosso passado colectivo.
Olhando para os seus quatro capítulos, com a atenção devida, reconhece-se o esforço meritório de Ana Maria Lopes, numa altura em que talvez não fosse muito frequente ver uma jovem andar de terra em terra nas pesquisas eruditas que ousou empreender, mostrando, no que fez, uma paixão digna de nota.
No capítulo I, o leitor entra em contacto com vários tipos de barcos, costeiros e do alto, e de apetrechos para diversas funções. No Capítulo II, os processos de pesca, com aparelhos e sistemas, mais venda e transporte de peixe. No Capítulo III, dedicado ao confronto entre o litoral algarvio e a costa ocidental, registamos o Portugal com costa de alguns contrastes. Por último, no Capítulo IV, temos a relação entre Portugal e o Mediterrâneo, com índices que ajudam na procura dos temas a ler. É que, para quem gosta de fazer uma leitura, sem pressas, talvez dê jeito começar à cata de um ou outro assunto, segundo o apetite da ocasião.

Fernando Martins

Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 26 Novembro , 2008, 11:19

Os Bispos católicos da Europa e da África lançam um apelo às suas comunidades para que sejam “ainda mais acolhedoras em relação aos irmãos estrangeiros, reconhecendo o valor e o contributo que os imigrantes trazem aos países de acolhimento”.

Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 26 Novembro , 2008, 11:03

O Gentleman


Quando se cruzava com a teacher, nos longos corredores da Escola, com um sorriso amistoso, saudava-a, sempre, de forma cordial! Era um rapaz entroncado, rondando os 16 anos e que finalizava, nesse ano, a sua frequência, naquela Escola E.B 2/3.Já não era seu aluno, mas a delicadeza de maneiras, o fino trato, o cavalheirismo arreigado, não o tinham abandonado. E os seus olhos verdes, a fazer estremecer corações, à sua volta, num raio bem alargado da zona escolar? As meninas pululavam como abelhas, em volta de uma flor viçosa, colorida e cheia de fragrância. Era o Julinho, carinhosamente apelidado pela teacher, que, à semelhança de um outro Júlio, sexólogo proeminente da nossa praça, também a cativara pela diferença! Sim, que a monotonia da má educação, da boçalidade, da ignorância, também cansam e desgastam.
Um dia, na sala de informática, em substituição de um outro professor, a teacher deparou com esta cena... ternurenta e… tão frequente em meio escolar. Em frente do PC, as imagens sucediam-se, no display, a um ritmo acelerado, captando a atenção do aluno. Sim, digo do aluno, pois foi essa a primeira impressão deixada! Com efeito, ali estavam duas cabecinhas jovens, tão coladinhas, tão empolgadas uma com a outra, que a teacher não ousou interromper aquele idílio! Estavam na idade dos sonhos, das ilusões, do melhor da vida. Como bem os compreendia aquela teacher! Sim, porque ela também sonhava! Por isso se sentia jovem. “Uma pessoa só envelhece, quando os sonhos dão lugar aos lamentos” - ouvira alguém dizer.
Apenas comentou, no final da aula:
- A tua colega é muito bonita, não é Julinho?
Um sorriso cúmplice espraiou-se no rosto… daquele aspirante a Gentleman!
A teacher cogitou:
- Il n'est pas bon que l´homme soit seul! Lá dizia a Bíblia!
Mª Donzília Almeida
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