de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Sábado, 11 Outubro , 2008, 17:15
Para ficar a conhecer um pouco a história do jornal TIMONEIRO, órgão oficial da paróquia da Gafanha da Nazaré, clique em Galafanha.

Editado por Fernando Martins | Sábado, 11 Outubro , 2008, 14:53

O EXPRESSO publica hoje, na REVISTAÚNICA, na capa, um excerto do Hino Nacional. Sublinhada está a expressão “O esplendor de Portugal” e dentro, à sombra dela, há o Prato Principal da revista, com uma entrevista a Saramago; Um País como nunca se viu, em fotografia,; estatísticas sobre o O que dizem os números; Empresas do futuro; Ícones e outros temas interessantes. Tudo para nos fazer pensar. Tudo para nos sentirmos orgulhosos.
Deixo aos meus leitores o prazer de ler esta revista do EXPRESSO. Aqui e agora quero, somente, lembrar que sou do tempo em que o Hino Nacional era aprendido nas escolas, desde a primeira classe. A minha geração e as que se seguiram sabiam cantar bem o Hino. Afinado e com altos e baixos aplicados com rigor.
Depois veio a moda de que isso era nacionalismo serôdio e o ensino do Hino Nacional começou a ficar esquecido. Houve um despacho ministerial no sentido de se retomar o ensaio do nosso Hino, mas penso que as nossas escolas o deixaram cair para os espaços museológicos. Então, como pela força das circunstâncias importa cantá-lo, é certo e sabido que se cai na desafinação geral. Muitos só sabem a parte final, quando se apela:
“Às armas, às armas!
Pela Pátria Lutar
Contra os canhões
Marchar, marchar!”
Já agora, permitam-me que alinhe com o escritor Alçada Baptista, quando um dia disse que era tempo de substituir precisamente este final, por não ser adequado aos tempos que vivemos, tempos de lutar pela Pátria, sem violência, mas com inteligência e com criatividade.
FM

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Editado por Fernando Martins | Sábado, 11 Outubro , 2008, 13:56

As coisas não vão mal em todo o lado e sempre bem na Igreja. Um juízo farisaico e cego o de quem assim pensar. Todos temos telhados de vidro.
Recebo, regularmente, um jornal oficial de uma das mais antigas dioceses de Espanha. Num dos últimos números, onde vêm sempre ou quase sempre coisas de interesse, dava-se nota do número de cónegos dessa diocese. 44 ao todo, nada menos. Uns são dignidades, outros cónegos comuns, outros eméritos e ainda alguns honorários. Há dias juntaram-lhe mais 5. Bem se vê que não há crise de vocações canonicais. Lá parece que também a não há de vocações sacerdotais. Não sei há alguma relação entre as duas coisas.
Vi o que faziam e todos têm ocupação na catedral e nas suas capelas e ritos.Lembrei a Espanha a clamar por uma evangelização persistente. Fechei os olhos para ver ao longe e ao perto e deixei que me martelasse aos ouvidos o mandato de Cristo: “Ide, evangelizai, fazei discípulos…” E vi como lá, cá e acolá, muita gente na Igreja se ocupa, com grande zelo, em tarefas secundárias, e pouca gente na linha da frente.
A lucidez manda hierarquizar as acções em função dos objectivos e os recursos em função do que é essencial, para que não se desbaratem talentos e dons, nem fiquem frentes decisivas a descoberto. Que tenho eu a ver com isto? Agora dizem-me, em documento oficial, que como emérito devo ter a solicitude de todas as Igrejas. Pois! Como conheço bem o bispo dos muitos cónegos, vou-lhe falar desta preocupação. Sei bem que o muro é alto para o poder saltar, mas pode ser que o meu desabafo lhe dê algum conforto.

António Marcelino

Editado por Fernando Martins | Sábado, 11 Outubro , 2008, 12:54

No domingo passado, Bento XVI inaugurou a XII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, convocada para debater A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja. Na homilia de abertura, o Papa traçou um quadro negro sobre a perda de influência do cristianismo na Europa e advertiu que a fé pode mesmo extinguir-se em certas regiões do mundo.
O Sínodo, que foi criado em 1965 por Paulo VI e se reúne, de forma ordinária, de três em três anos, é, a seguir a um Concílio Ecuménico, a instância mais importante de cole-gialidade "democrática" na Igreja, ainda que o seu poder não seja de decisão, mas só de aconselhamento do Papa.
A presente Assembleia, que decorre até 26 deste mês e reúne 253 padres sinodais - 90 delegados vêm da Europa, 51 da África, 62 da América, 41 da Ásia, e nove da Oceânia -, havendo ainda a presença de 41 peritos (de 23 países), 37 auditores (de 26 países) e representantes de dez Igrejas e comunidades eclesiais não católicas -, tem algumas novidades.
Assim, logo na segunda-feira, o rabino Shear Yeshuv Cohen, de Haifa, foi o primeiro judeu a dirigir-se a um Sínodo. Referiu a importância dos textos bíblicos para a vida e oração dos judeus, mas, inesperadamente, reabriu a polémica sobre o Papa Pio XII, por causa da sua atitude durante o Holocausto. Explicitando, disse aos jornalistas: "Pio XII não deveria ser beatificado, porque não nos salvou nem levantou a voz, embora tenha procurado ajudar secretamente." Bento XVI veio em defesa de Pio XII, e o secretário de Estado, cardeal T. Bertone, escreveu: "Pio XII não ficou em silêncio nem foi anti-semita, foi prudente."
Também num gesto inédito, no próximo dia 18, o patriarca ortodoxo de Constantinopla, Bartolomeu I, dirigir-se-á igualmente ao Sínodo.
Outra novidade é uma significativa presença de mulheres: 25, sendo seis peritas - a maior parte delas professoras de Bíblia -, e 19 auditoras, isto é, assistentes. Aliás, o movimento Somos Igreja tinha reivindicado que o Sínodo reconsiderasse a necessidade de uma mais viva participação das mulheres na Igreja, em conexão com a Bíblia. Neste sentido, há quem chame justamente a atenção para a influência que as mulheres enquanto teólogas e professoras de Sagrada Escritura acabarão agora por ter na formação dos futuros padres.
Durante 20 dias, os bispos tentarão concertar estratégias para acabar com a desligação da Bíblia por parte dos cristãos católicos. Este interesse é recente, posterior ao Concílio Vaticano II. Conheço uma freira a quem a superiora tirou a Bíblia, quando, na década de 50 do século passado, chegou ao convento. Em 1713, o Papa Clemente XI condenou como errada a seguinte afirmação: "A leitura da Sagrada Escritura é para todos."
Outras questões estarão sobre a mesa dos debates do Sínodo: as relações entre a religião e a ciência, a indiferença religiosa crescente, sobretudo na Europa, a relação com o judaísmo. Mas é de supor que o núcleo da reflexão girará à volta da interpretação da Bíblia.
Não se pode esquecer que a Bíblia é constituída por 73 livros - 46, no Antigo Testamento e 27, no Novo - e que o processo da sua formação e redacção durou mais de mil anos. Trata-se, pois, de uma obra de muitos autores, a maior parte deles desconhecidos, tornando-se assim claro que, em ordem à sua compreensão, é necessário conhecer a história dos textos, as línguas em que foram escritos, os lugares, os tempos, os géneros literários e os contextos em que foram redigidos e os destinatários a que se dirigiam, e ainda atender à sua configuração final.
O Sínodo tem consciência do trabalho ingente neste domínio. No documento que serve de introdução e preparação dos seus trabalhos, lê-se: "Não faltam os riscos de uma interpretação arbitrária e redutora, resultantes sobretudo do fundamentalismo, que faz com que, por um lado, se manifeste o desejo de permanecer fiéis ao texto, mas, por outro, se ignore a própria natureza dos textos, caindo em erros graves. E, depois de alertar para o perigo das "chamadas leituras ideológicas", conclui: "Nota-se, em geral, um conhecimento fraco ou impreciso das regras hermenêuticas."

Anselmo Borges, no DN
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