de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 09 Julho , 2008, 17:45

Sacerdotisas?

1. A sábia prudência pode conduzir a não problematizar. Mas o encarar os horizontes de futuro obriga a reflectir. Nem seguir as euforias do progressismo nem o fechar da reflexão como se a história não fosse por essência (divina) aberta e à descoberta. Não é novidade para ninguém a matriz patriarcal como noção de “serviço/poder” do judeo-cristianismo, factor que presidiu à configuração das religiões monoteístas e igrejas ao longo dos tempos, mas que retardou mesmo a assumpção social e cultural do horizonte do feminino nas sociedades. A própria possibilidade de um debate teológico aberto, metódico e coerente, no seio das instâncias do Vaticano é ainda uma miragem; a noção de uniformidade de pensamento num dado tão acessório como a “ordenação de mulheres” é bem pesada, o que condiciona toda a estrutura eclesial a não poder dizer outra coisa senão o que diz a estrutura superior: que o assunto está bem como está e que não é sequer para pensar nele!
2. Se se fosse, efectivamente, a pensar a sério nestas questões concluía-se algo tão simples como que Jesus Cristo não fez acepção de pessoas em termos de género (masculino ou feminino) e que escolheu, naturalmente, condicionado pela cultura patriarcal sua contemporânea, e que hoje escolheria seis homens e seis mulheres; ou melhor convidaria culturalmente em função da competência e liderança e não de qualquer outro critério como o de género ou de raça. Esta conclusão, tão simples, a par de outras mais complexas obrigaria a terminar o “discurso da compensação”, quando se procura “iludir o sol com a peneira” ao dizer-se que «a mulher tem na Igreja um papel fundamental» e possui mesmo uma «visibilidade muito grande», como se refere nestes dias (pelo presidente da CEP), fundamentando a rejeição ao pensar da ordenação de mulheres e, ainda, dizendo que entre a própria comunidade protestante o assunto não é pacífico…
3. Sente-se que o mundo precisa mesmo de profetas. A admissibilidade da ordenação de mulheres (e referimo-nos exclusivamente a esta matéria), assunto sensível que vem à tona da água em momentos em que a comunidade anglicana antecipa o futuro, simboliza hoje a necessidade de ir à essência do Cristianismo. O ano dedicado a São Paulo, que faz 2000 anos de nascimento, poderia ser oportunidade de abrir, ao jeito ousado de Paulo, alguns “dossiers” de algumas “questões” absolutamente acessórias (que continuam a ser faladas nos bastidores), mas hoje mais importantes que nunca, em relação à força central da Mensagem de que as igrejas são na história o esforço da presença viva. A sociedade civil, nesta questão concreta da coerência de género, vai muitíssimo à frente. É, naturalmente, preciso coragem (Paulina) para aprender dos valores do bem comum sabendo situar-se no tempo cultural presente. É evidente que não dizemos que tudo o que é tido de “moderno” é bom, de maneira nenhuma…
4. Também há quem veja nesta questão uma dimensão de reivindicação feminista; de maneira nenhuma, não é isso. Será sim, a necessidade séria, coerente e urgente de aprofundar o essencial do Cristianismo, de “joeirar” o que foi sendo a “ferrugem” da história e aceitar a conversão no novo e desafiante tempo do séc. XXI (B. Haring). Esta questão do sacerdócio feminino, com seriedade e serenidade, talvez seja uma dessas questões decisivas. Não a querer ver, primeiramente como sério debate, é fechar a portas ao presente-futuro. E tanto que o mundo precisa de “ar fresco”! A prudência, quando apreendida da viagem da história, conduzirá à abertura de espírito nas grandes questões; até porque o que se deseja para o mundo tem de ser viver “ad intra”. Toda esta reflexão no “princípio da racionalidade” (ponto de contacto com o mundo que se procura servir), que tudo sabe fundamentar e debater, não é nada de novo…


Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 09 Julho , 2008, 17:30
Os primeiros passos da que é hoje a Filarmónica Gafanhense podem ser lidos em Galafanha.
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Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 09 Julho , 2008, 12:52
Subsídios para a história do Clube Stella Maris, da Obra do Apostolado do Mar, em galafanha.
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Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 09 Julho , 2008, 08:17

Paulo e a universalidade do cristianismo

Como estava anunciado, há muito, pela Santa Sé, iniciou-se, no passado dia 28 de Junho, a celebração do Ano Paulino, que coincide com o bimilenário do nascimento do Apóstolo Paulo. Para o efeito, O Papa Bento XVI deslocou-se, nesse dia, à Basílica de São Paulo Fora de Muros, onde presidiu à celebração das primeiras Vésperas da Solenidade dos Apóstolos Pedro e Paulo.
Nesta cerimónia estiveram presentes delegações de outras confissões cristãs, para além do Patriarca Ecuménico de Constantinopla, Bartolomeu I. Gestos que se traduzem num expressivo sinal de universalidade e de sentido ecuménico da fé em Jesus Cristo, através do testemunho do Apóstolo das Gentes.
Nesta comemoração de fé e júbilo, Bento XVI teve ocasião de dizer, a propósito de Paulo, que: “A sua fé é o ser atingido pelo amor de Jesus Cristo, um amor que o abala até às entranhas e o transforma. A sua fé não é uma teoria, uma opinião sobre Deus e sobre o mundo. A sua fé é o impacto do amor de Deus sobre o seu coração. E, assim, esta mesma fé é amor por Jesus Cristo.”
Também, o Patriarca Bartolomeu I se referiu a Paulo como o homem que estabeleceu a aliança entre a língua grega e a mentalidade romana do seu tempo, “despojando a cristandade, de uma vez para sempre, de qualquer estreiteza mental, e forjando, para sempre, o fundamento católico da Igreja ecuménica.”
Paulo, como ninguém, até aí, não só tem a experiência e a vivência contínua de que é amado por Cristo, como ele próprio afirma: “vivo na fé do Filho de Deus, que me amou e se entregou a Si mesmo por mim” (Gal 2,20), bem como sente a universalidade deste mesmo amor, pelo que a mensagem que proclama só adquire o seu pleno sentido desde que ultrapasse todo o tipo de fronteiras existentes e vá ao encontro de cada um homem e mulher, sem limites geográficos, distinção de estatuto económico-social ou origem cultural. “Não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há homem nem mulher, pois todos vós sois um só em Cristo” (Gal 3,28).
Num mundo, como eram as cidades greco-romanas, onde os escravos, as mulheres e as crianças eram humanos, mas não pessoas, pois só os cidadãos livres eram pessoas com plenos direitos e deveres, o cristianismo, através de Paulo, não só ultrapassa estas fronteiras sociais e culturais como oferece, a cada cidadão, uma nova consciência de si próprio, que se traduz numa nova pertença real, solidária e simbólica.
Esta nova pertença a uma nova Humanidade tem o seu centro comum no baptismo, ou seja, na decisão de cada pessoa colocar a sua existência sob o amor incondicional de Jesus, crucificado e ressuscitado, e a aceitação de um novo caminho para a sua vida. “Foi num só Espírito que todos nós fomos baptizados, a fim de formarmos um só corpo, quer de judeus, quer de gregos, quer escravos, quer livres…” (1º Cor 12,13).
A esta dimensão comum e universal do amor de Cristo por todos os homens e da opção, livre, destes, através do baptismo, acederem a um novo caminho e a uma vida nova – “Pelo Baptismo fomos, pois, sepultados com Ele na morte, para que, tal como Cristo foi ressuscitado de entre os mortos pela glória do Pai, também nós caminhemos numa vida nova” (Rm 6,4), Paulo acrescenta aquilo que será o centro imutável da sua fé, ao longo de toda a sua pregação e ressurreição de Jesus “E se Cristo não ressuscitou, é vã nossa pregação e vã a nossa fé” (1º Cor 15,14).
Contudo, para Paulo, este centro fixo não lhe tira o discernimento nem a capacidade de ter um pensamento móvel; antes o reforça. Tudo isto permite-lhe estar sempre atento às circunstâncias e necessidades, sobretudo doutrinais e catequéticas, de cada momento e local, onde o cristianismo estava a florescer, através da genialidade e da singularidade com que se expressa na pregação transformadora e salvífica da Boa Nova.


Vítor Amorim

Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 09 Julho , 2008, 00:12

Em entrevista que me concedeu, Mycarlo, de seu nome Carlos Alberto Sarabando, mostrou a sua paixão pela música. Discos de vários estilos e épocas, ao lado de instrumentos musicais um pouco de todos os continentes, reflectem, de forma palpável, essa paixão.

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