de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 01 Julho , 2008, 19:01

O LABAREDA

Li, num repente, o último livro de Senos da Fonseca, “O LABAREDA”. Com muito prazer o traguei, página a página, quase sem mastigar. Depois, para saborear ideias e poemas que me fizeram retroceder no tempo, voltava atrás, relia, parava, e o filme corria lento à espera que eu recordasse mais cenas da minha meninice.
Figuras de homens e mulheres, que o autor tão bem retrata, fizeram-me rir, e trouxeram-me saudades que me comoveram. Da ria, da borda d´água, dos mercantéis e moliceiros, do linguajar dos pescadores e peixeiras, dos namoricos, dos jaquinzinhos de escabeche, da barca que na “Bruxa” esperava, pachorrentamente, que passageiros chegassem.
O autor, conhecedor profundo da laguna, das marés e das artes de velas e lemes, ofereceu-nos, com sensibilidade e poesia, a estória de uma mulher d´ Ílhavo, Maria, “símbolo de sacrifício, denodo e perseverança, à volta da qual cirandava todo o agregado familiar, girando em torno dos seus desejos, das suas aspirações e da sua indomável vontade”, que se apaixonou pelo Labareda, um murtoseiro que nestas bandas encontrou amor e novos horizontes.
Senos da Fonseca, apaixonado desde há muito pela nossa terra e pela nossa gente, soube encadear, neste livrinho, nacos dos quotidianos dos ílhavos de antanho com evocações de pessoas que fizeram história, ora ficcionando ora recordando o pouco que se sabe da Joana “Maluca”, que recebia em sua casa o José Estêvão e outros fidalgotes, enquanto fumava o seu charuto.
Uma das riquezas deste livrinho está no registo do linguajar do povo, a cair em desuso. São 356 palavras ou expressões, traduzidas em pé de página, que urge ampliar, em dicionário, para estudo dos povos que deram vida, expressiva, ao concelho de Ílhavo e daqui se espalharam pela costa marinha do país. Para se guardarem como marcas indeléveis do povo que nos deu lições de vida, iletrado mas cheio de humanidade. Também rico de conhecimentos alicerçados na escola do trabalho agreste e que os livros nem sempre sabem dar. “As atracações ‘À LABAREDA’, que todos pretenderam – mesmo depois da sua morte – imitar, ficaram na história da laguna. Ninguém as conseguiu igualar. Tornaram-se lenda na história da Costa Nova no dealbar do Séc. XX, e ainda hoje perdura na rapaziada, o hábito de gabar uma ousada manobra de embarcação, pronunciando: essa foi ‘à Labareda’.”
“O LABAREDA” apresenta-se em edição cuidada, com ilustrações de J. António Paradela, que são uma mais-valia para a obra, num formato A5 deitado, cartonado, em bom papel. Trata-se de uma livro que merece ser divulgado junto de toda a gente, em especial dos jovens. É imperioso estimulá-los, para que busquem as nossas raízes com afinco, amem as nossas tradições e preservem a riqueza da nossa história local.

Fernando Martins

Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 01 Julho , 2008, 15:08
A fasquia dos modelos

1. Falar-se de rigor e exigência são ideias que estão na moda mas num patamar marcadamente económico. É, naturalmente, bem que assim seja, que o proclamado rigor percorra esses caminhos; mas que bom seria que esta fosse a medida padrão de tudo quanto são as relações humanas e sociais. Por vezes parece que um contraditório gritante paira sobre a vida social, em que a lógica do interesse comanda aquilo que são os caminhos diários das sociedades. Exige-se “exigência” economicamente, mas desprestigia-se o rigor ético; quer-se fazer da empresa ou da equipa de futebol uma família para ver se se chega ao triunfo, mas pouco valor parece dar-se efectivamente, como modelo de referência, à “família familiar” na sua essência e verdade.
2. Dos escaparates das revistas de imprensa, de cor de rosa ou de outra cor, os modelos sociais de pessoas e vidas estão aí apresentados, como poder de atracção para as camadas mais jovens. Mas que fasquia de valores eles contêm? Que generosidade de vida e resistência nos princípios apregoam? Será que são publicados porque têm mesmo leitores garantidos que preferem a intriga do “casa / separa” às virtudes para uma vida rica de sentido? Que lugar nessas páginas ocupam as famílias felizes, os filhos amados, os idosos amparados, a generosidade que brota da comunidade (familiar) mais importante do mundo? Com toda essa panóplia e com a péssima ideia (subdesenvolvida) de que tudo o que se diz ou o que vem na revista é verdade…que futuro, efectivamente, queremos para a sociedade em geral.
3. Já são muitos os estudos publicados que demonstram que sem famílias e comunidades enraizadas em valores de pertença a sociedade em geral não tem a sua rede de sustentabilidade. A verdade é que os modelos novelísticos são propostos continuamente e normalmente (no realismo da observação) eles têm pouco de fidelidade e de verdadeira felicidade. Talvez também aqui precisemos de um “choque ético de imprensa” que seleccione e faça a opção pelo que merece ter visibilidade em valores positivos no cumprir da sua missão de “educabilidade” social. Vale a pena salientarmos, neste patamar, o caso excepcional da Revista XIS, que vinha aos sábados com o jornal Público. Fez um caminho de cerca de cinco anos; acabou, já há alguns. Nada de novo e estimulante veio ocupar um lugar popular e social idêntico, nesse esforço de divulgação valorativa dos exemplos de alta fasquia de valores e generosidade.
4. Como em tudo, não são os grandes momentos que educam e transformam. É na simplicidade do dia-a-dia que a mensagem passa (ou não). A fasquia das mensagens dos modelos famosos é, hoje, um verdadeiro espectáculo pobre de valores; falam de um amor que não o é, sem futuro, porque é bem mais interesse que generosidade e abdicação. E é esta a mensagem que, silenciosamente, vai passando… Como também, e essencialmente aqui, despertar o rigor e a exigência como valores gratificantes ao sentido da vida?

Alexandre Cruz

Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 01 Julho , 2008, 15:01

A diocese de Aveiro estará nos próximos cinco anos voltada para o serviço da caridade. Este anúncio foi feito por D. António Francisco dos Santos, bispo de Aveiro, por ocasião do dia da Igreja Diocesana, que teve lugar no domingo, no Santuário de Santa Maria de Vagos.
O actual ano pastoral foi voltado para “O serviço aos mais pobres é sinal visível e expressivo da verdadeira Igreja de Jesus Cristo”. Mas porque “servir os pobres com uma solicitude permanente” e caridade “não se esgota nunca”, a igreja de Aveiro sente que “o trabalho pastoral ao longo do ano realizado deve ampliar-se, alargar-se e consolidar-se”.
Na homilia que o Bispo de Aveiro dirigiu aos diocesanos, assinalando também o início do ano Paulino, D. António Francisco dos Santos referiu que a igreja diocesana quer “aprender com Paulo a paixão pelo Ressuscitado, o gosto pela sabedoria do Evangelho, a abertura aos novos caminhos da renovação, a determinação para ir ao encontro de todos na imensa vastidão do mundo a evangelizar”.
“Temos tanto a aprender com estes Apóstolos (Pedro e Paulo) para não fecharmos o anúncio do Evangelho e a missão da Igreja àqueles que já conhecem Deus, que já vivem d’Ele”.
D. António Francisco dos Santos indica que espera “uma sociedade nova a nascer de uma civilização em mudança, onde a procura de Deus é silenciosa e complexa, onde as praças já não têm lugares para o Deus desconhecido, mas onde no coração humano continua a haver espaço para o Deus necessário”.
“Esperam crianças sem baptismo, jovens desejosos de encontrar certezas de fé e razões de esperança, famílias que querem ver o seu amor abençoado e os seus filhos a crescer com critérios de dignidade e de valor, idosos a braços com provações trazidas pelo peso da idade, pela doença e pela solidão”, pois são muitos os que aguardam “sinais concretos de acolhimento da Igreja” para regressar a uma descoberta da fé, numa missão confiada a todos.
“Todos somos chamados e convocados para a missão: bispo, presbíteros, diáconos, consagrados(as) e leigos(as)”.



Fonte: Ecclesia

Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 01 Julho , 2008, 14:48

Quando falar...

sobre amor,
finja nada conhecer,
para absorver cada frase que
brote do coração.

Quando falar...

sobre a dor,
deixe abertas as janelas da alma
para compreender que amor e dor
são tão parecidos que até os confundimos,
ao vê-los bem de pertinho.

Quando falar...

sobre a paz,
faça-o no rumor da guerra,
para ser ouvido na mais alta voz.

Quando falar...

sobre sonhos,
acorde para vivê-los na melhor
lucidez do seu dia.

Quando falar...

de amizade,
estenda a mão aos seus inimigos,
para que possa provar a si mesmo
aquilo que gosta de dizer aos outros.

Quando falar...

de fome,
faça um minuto de jejum,
para lembrar daqueles que jejuam
todos os dias, mesmo sem querer...

Quando falar...

de frio,
abrace alguém.

Quando falar...

de calor,
estenda a mão.

Quando falar...

de felicidade,
acredite nela.

Quando falar...

de fé,
cerre os olhos para encontrar
a razão daquilo em que crê.

Quando falar...

de DEUS,
faça-o
pelo silêncio
do seu testemunho.

Quando falar...

de si mesmo,
aprenda a calar,
para entender o amor,
a dor,
a paz,
os sonhos...


Glácia Daibert


Poema enviado pelo João Marçal
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