de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Domingo, 20 Abril , 2008, 19:35


A Era da Consciência

1. A sociedade da informação e comunicação inunda todos os espaços com as suas aliciantes propostas. Normalmente, ou não fosse quase sempre o espírito publicitário a presidir às comunicações actuais, a mensagem procura ser extremamente sedutora, desafiando o consumidor a fazer contas à vida. Este “contas à vida” está muito para além dos euros das compras, pois pode representar os valores e os critérios em que cada pessoa da comunidade inscreve as suas razões e opções. Uma das questões por responder é se, de facto, hoje é mais fácil ou mais difícil “ser pessoa”. Pelo menos que é diferente de outros tempos é bem verdade… Outras épocas, e no fundo até esta época em que a informação cria padrões hegemónicos, a realidade seria bem diversa: inquestionavelmente, os mais novos aprendiam quase todo o património de valores dos mais velhos, seguindo a linhagem religiosa, as múltiplas tradições e mesmo ideias de cariz político. Estamos a generalizar, mas reinava uma ideia de que quase tudo, por obrigação (mesmo que inconsciente), passava «de geração em geração».
2. A época actual oferece mil potencialidades, mas as correspondentes incertezas e desafios. Felizmente muito do progresso abriu os mais variados conhecimentos às diversas classes sociais e a diferentes gerações. Quase que se conseguiu universalizar, «para todos», a educação; o mundo está mais perto de todos nós e nós do mundo; cada pessoa, no bem-vindo assumir da individualidade, acolhe a consciência de uma dignidade e um projecto de vida sempre únicos. Mas, não havendo bela sem senão, novos desafios, tornados responsabilidades, brotam para todos, notando-se muitas fronteiras semi-confusas no plano do fundacional entendimento das liberdades. Quando se enaltece a individualidade de cada um (pressupondo o sentido de comunidade original, «ninguém vive por si mesmo»), muitas vezes, vemos essa ideia transvazar na assunção do individualismo tragicamente indiferente em relação ao bem comum. Mau sinal.
3. Algumas concepções, mesmo tidas como de «modernas» e progressistas, que “usam” a noção da individualidade irrepetível de cada pessoa humana, acabam por gerar padrões de vida publicitados e desgarrados, e mesmo indignos, que pretendem transformar a minoria em referência de quase obrigação geral, ou então que ridicularizam (e chamam de conservador) o pensar e agir de uma maioria muitas vezes distante das grandes questões sociais. Determinadas visões, proclamadas “fracturantes”, de família, de dignidade (no nascimento) da vida humana, da eutanásia, da solidão… espelham bem as difíceis fronteiras dos princípios e valores; e quanto menos falarmos neles (na base da dignidade humana que brota dos direitos e deveres humanos), menos património de sentidos de viver as novas gerações angariam para a vida…
4. É a fascinante (e incerta) era da consciência, em que no meio da amálgama de todas as mil e uma coisas, cada pessoa já não vai “à boleia” da sua cultura, mas tem de discernir e fazer opções. É o tempo das causas, em que mesmo que o oceano vá por um lado, uma “gota de água” consciente do essencial da vida vai por outro... É essa frescura criativa e dinâmica a raiz da vida dos que dão a vida pelos ideais de todos. É preciso refrescar as raízes! Mas para isso, e acima mesmo das neurociências, hoje, qual o lugar da consciência para que ela seja alimentada na raiz?

Alexandre Cruz

Editado por Fernando Martins | Domingo, 20 Abril , 2008, 11:20

Cavaco Silva encerrou, ontem, a visita oficial à Região Autónoma da Madeira, com elogios à obra realizada ao longo dos últimos 30 anos pelo presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim. Sobre as atitudes tantas vezes malcriadas do Presidente da Madeira, com ofensas sistemáticas aos políticos da oposição regional e do Governo Central, nem uma palavra. Será que a teve em particular?
Eu sei que o Presidente da República tem uma missão muito espinhosa. Mas o seu silêncio, face às muitas grosserias de Alberto João Jardim, torna legítimas, para os portugueses de formação débil, as ofensas e as arbitrariedades de todos os políticos.
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Editado por Fernando Martins | Domingo, 20 Abril , 2008, 10:23

"Apesar da vontade compulsiva que alguns podem ter de fundar novas igrejas, eu acredito noutro caminho, o da conversão das igrejas e das religiões, afastando o que, nelas, impede o essencial. O Vaticano II, em relação ao catolicismo, insistiu na "hierarquia das verdades". As convicções católicas não têm todas o mesmo valor. Nesse aspecto, o chama-do "pensamento débil" tem uma função importante: sorrir diante do ateísmo militante, do fanatismo religioso, de toda a rigidez. É preciso encontrar formas mais descontraídas de conversar sobre o que é essencial, sem ter à perna anátemas em nome da ciência ou da religião."


Bento Domingues, no PÚBLICO de hoje, página 46

Editado por Fernando Martins | Domingo, 20 Abril , 2008, 10:04
Mapa decorativo das salas de aula

Aspecto de um museu de antiga escola primária
AS SALAS DE AULA

Caríssima/o:


Entremos então na sala de aula sem nos esquecermos de tirar a bóina ou o boné.
Junto da secretária, de pé, o/a professor/a já orienta o trabalho dos mais velhos. (Muitas vezes esta secretária está sobre um estrado: segundo uns para que todos os alunos melhor vejam a professora ou o professor; para outros será a afirmação da autoridade do mestre: está noutro plano!)
Por trás, fixado na parede, o quadro preto onde se faz muito do trabalho escolar – até houve quem escrevesse que “o quadro preto falava”! Recordo que, em época em que o papel era um bem escasso, lá se escreviam e faziam as contas e se resolviam os problemas, se demonstrava a caligrafia mas também a ortografia das palavras e, pasme-se, chegava-se ao ponto de se escrever o ditado (para o que se traçavam umas linhas quase paralelas ao comprido!)... Parece-me que estou a ver o pobre de mim todo torcido e em bicos de pés para chegar ao cimo e mais do que curvado para escrever na última linha. Os que estavam no lugar escreviam nas lousas, mas isso é outra conversa... Normalmente só havia um quadro preto; ter dois era um luxo!
No meio da parede, bem acima, estava o Crucificado, ficando dum lado a fotografia do Carmona e do outro do Salazar. (Era assim que dizíamos sem vislumbrarmos qualquer falta de respeito ou de nem sequer imaginarmos que alguém, supostamente mal intencionado, insinuasse que “Ele estava rodeado por dois ladrões”!...)
Por vezes, sobrava espaço para mapas que ali se quedavam sobrepostos e dependurados dum prego. Quantas viagens, agora ditas virtuais, efectuámos com a cabeça do dedo a rolar sobre os carris dos comboios!
Podemos ainda ver a caixa métrica que era uma sedutora para a nossa curiosidade: a sua porta vidrada fechava os segredos que mais para diante seriam desvendados. A balança, o metro articulado, os sólidos polidos, ... tudo “brinquedos” que víamos nas mãos dos da quarta classe e que eles guardavam como se de peças de um tesouro se tratasse.
E que mais?... Vejam lá que me esquecia de mencionar as carteiras, ai valha-me Deus que falta grave! Pois é, estavam alinhadas em três filas e davam em média para 40 (quarenta) alunos, sentados dois a dois; porém, chegámos a estar três e mais... Ainda hoje me pergunto como nos conseguíamos sentar, sendo certo que tínhamos de escrever e de fazer tudo o mais que a vida escolar desses tempos exigia...As carteiras eram de pau rosa, numa estrutura rígida em que o banco e a mesa de trabalho eram um todo; esta mesa era de plano inclinado. A dificuldade surgia quando a estatura do aluno não se coadunava com a altura da carteira!
Mas façam favor de entrar e de ver com os vossos olhos; é que agora até organizam museus onde conservam tudo... Portanto, é só observar; não mais palavras minhas.

Manuel

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