de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Segunda-feira, 14 Abril , 2008, 18:00

Notícias destes dias dizem que, pela primeira vez na história da era cristã, os católicos foram ultrapassados, em número, pelos muçulmanos. Os católicos, mas não os cristãos, que estes, com as várias Igrejas, ainda vão à frente. Os muçulmanos, que também estão divididos, foram considerados como um todo, nesta contagem, não obstante guerrearem-se entre si.
Penso que temos aqui uma boa razão para nos debruçarmos sobre o porquê de a Igreja Católica estar a ser ultrapassada, se olharmos, apenas, para os números das estatísticas. Há meses, os Bispos portugueses foram aconselhados pelo Papa, na visita Ad Limina, a reflectirem sobre a melhor maneira de os católicos se assumirem na sociedade, testemunhando a fé que dizem ter. A grande maioria dos portugueses afirmam-se católicos, mas na realidade sabe-se que não é verdade. Do dizer ao ser vai uma grande distância. E no mundo a situação deverá ser muito semelhante ao que se passa entre nós, salvo o devido respeito pelas diferenças históricas, culturais, políticas e sociais de cada povo.
Não há dúvida de que ainda temos muitos crentes que participam nas missas dominicais, mas todos reconhecerão que alguns deixam, nos templos, a fé que mostram ter. Na vida, admito, agem como se a mensagem evangélica não fosse para o dia-a-dia. E não havendo quem testemunhe, dificilmente se conquistarão adeptos e adesões.
Quando os bispos chegaram do Vaticano ouvi, entre certos católicos, que urgia reflectir sobre o posicionamento de cada um e de todos no mundo do trabalho, do lazer, da família, da cultura, das artes, da economia, da comunicação social (onde raramente os católicos se posicionam como tal), da solidariedade, etc. Contudo, e não obstante alguns esforços pontuais que decerto haverá para responder ao desafio do Papa, tudo continua como dantes. Eu sei que na Igreja, uma instituição com o peso de muitos séculos, as mudanças e as adaptações se processam muito cautelosamente. O pior é se, por causa dessas cautelas, não se avança mesmo nada. Mas como de pessimistas está o mundo cheio, vamos acreditar que o Espírito Santo não dorme e que alguns caminhos de renovação há-de suscitar em quem está no seio da Igreja, como primeiros responsáveis ou como simples baptizados, na certeza de que todos têm a obrigação de evangelizar e de catequizar.

FM
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Editado por Fernando Martins | Segunda-feira, 14 Abril , 2008, 17:27

O ambiente da chama olímpica

1. A chama olímpica anda a tentar percorrer o mundo. O que seria um percurso de festa e sensibilização para o saudável espírito dos jogos olímpicos tem sido um complexo labirinto que reflecte as luzes e as sobras da actualidade. Para a causa do Tibete é a hora inadiável, para Pequim os Jogos começam mesmo a ficar mal assinalados, agora também que o Secretário-Geral das Nações Unidas confirma que, por motivos de “agenda”, não irá estar presente na inauguração oficial dos Jogos. Quanto à chama olímpica, essa, sem ter culpa nenhuma dos males dos homens, por diversas vezes teve de ser protegida para não ser apagada de vez, pois a sua passagem transporta bem mais que uma lamparina acesa... Afinal, a chama olímpica tem verdadeiro sentido quando existe o pressuposto da paz entre os povos; pelo contrário, antes de tudo e depois e tudo, não há ambiente para grandes festas quando é ferida a “chama humana” fundamental da dignidade da pessoa humana.
2. Não sabemos como será a chegada a Pequim da labareda olímpica. Sabe-se, pela ordem física das coisas, que para uma chama arder tem de ter condições ambientais de oxigénio. A China (como alguns designam de) a actual “fábrica do mundo”, para onde se foram deslocando na última década milhares de fábricas pela sedução da mão-de-obra barata, hoje respira um ambienta nada propício para festas e acontecimentos. Nestes dias que faltam até Agosto, o esforço é enorme; mas a sua sustentabilidade humana e ambiental continua duvidosa. Os alertas do próprio Comité Olímpico Internacional estão aí e, por exemplo, já referiram que, no caso de excessiva poluição que impeça condições razoáveis, a prova da maratona pode ter que ser adiada. Do esforço registe-se que algumas fábricas já pararam, que os automóveis estão a ser retirados de certas estradas; os cientistas botânicos chineses estão já há muito a trabalhar, tanto para haver mais árvores dadoras de oxigénio como para o embelezamento florido dos canteiros de flores em Agosto.
3. Tudo num país “acordado” que quer passar uma boa “imagem”. Mesmo num cenário em que as questões ambientais apresentam-se dramáticas, pois Pequim (com 17,4 milhões de habitantes) é uma das cidades mais poluídas do mundo, sendo que na China, segundo o relatório do Banco Mundial de 2007, a poluição do ar nas cidades causa, anualmente, próximo de 400 mil mortes prematuras e a má qualidade da água provoca mais de 60 mil. Números e realidades dramáticas que a chama olímpica quer destronar.
Não só para os jogos, mas para ficar gerando uma nova consciência humana e ambiental. Haverá condições para tal meta de sustentabilidade futura? Os próximos meses serão decisivos, ou talvez não. Os Jogos Olímpicos já muitas vezes foram “usados” como artimanha de poderio imperial e ilusão de imagem. Estes jogos não são bem vindos mas sim os jogos que querem representar projecto dignificante de humanização humana.

Editado por Fernando Martins | Segunda-feira, 14 Abril , 2008, 12:29

Começa amanhã, terça-feira, a primeira visita do Papa Bento XVI aos EUA. A visita decorrerá até ao dia 20 de Abril, estando agendadas passagens por Washington e Nova Iorque.
Bento XVI discursará na ONU e visitará, num gesto extremamente simbólico, os locais dos atentados do 11 de Setembro. Tanto num local como noutro, segundo o Vaticano, os Direitos Humanos serão parte central das intervenções do Papa.
Estão previstos, entre outros, 11 discursos e homilias, encontros com o presidente Bush, universitários e jovens católicos, líderes cristãos e representantes de outras religiões. Na ONU, receberá, em privado, o Secretário-Geral, o Presidente da Assembleia-Geral e, ainda, 60 representantes daquela organização internacional.
Bento XVI será o terceiro Papa a visitar os EUA, estando garantida uma cobertura mediática, capaz de mostrar ao mundo o que pensa e aconselha o Santo Padre a todos os homens de boa vontade. Haverá, disso estou certo, razões para estarmos atentos.
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Editado por Fernando Martins | Segunda-feira, 14 Abril , 2008, 12:06

A beleza do mundo animal está bem patente nesta foto que me foi enviada pelo amigo das lides jornalísticas Carlos Duarte, fotógrafo por paixão. E aqui ficam os meus votos de que continue sempre em busca dos melhores ângulos.
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Editado por Fernando Martins | Segunda-feira, 14 Abril , 2008, 10:19

“Nós, os povos das Nações Unidas, decidimos:
A preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra que, por duas vezes, no espaço de uma vida humana, trouxe sofrimentos indizíveis à humanidade;
A reafirmar a nossa fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor da pessoa humana, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, assim como das nações, grandes e pequenas;
A estabelecer as condições necessárias à manutenção da justiça e do respeito das obrigações decorrentes de tratados e de outras fontes do direito internacional;
A promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de um conceito mais amplo de liberdade;”
Este texto consta da Nota Introdutória da Carta das Nações Unidas, assinada na cidade de São Francisco, a 26 de Junho de 1945, pelos Estados-membros seus fundadores.
Ninguém deixará de concordar com estes princípios e que a sua aplicação real seja feita, de modo a que cada continente, cada país, cada povo, cada etnia e cada homem se sintam, apesar das suas naturais diferenças, iguais entre si, em direitos e deveres, na medida que todos são cidadãos de uma mesma casa comum: a Terra.
Infelizmente, a realidade do mundo actual dá-nos conta de que, ao fim dos seus 63 anos, após a sua fundação – 24 de Outubro de 1945 –, a Organização da Nações Unidas (ONU) está longe de conseguir aplicar os princípios a que ela mesmo se propôs, assim como dá sinais, evidentes, de uma flagrante inoperância, incapaz de inverter a dinâmica de injustiças, conflitos, guerras, pobreza e doenças que, cada vez mais, se vão instalando um pouco por todo o mundo.
Desde há muito que se discute a eficácia real da ONU e a sua capacidade para fazer face aos problemas reais do mundo contemporâneo e esta questão já não é ignorada por nenhum dos seus actuais 192 Estados-membros.
De facto, como é possível que a ONU possa ter uma estrutura moderna e funcional, capaz de encontrar soluções e propostas para o mundo de hoje, se ela própria, ao longo dos seus quase 63 anos de existência, não sofreu nenhuma reforma de fundo, capaz de reavivar os princípios éticos e morais da sua própria Carta de valores.
É evidente que não é por acaso que isto sucede e se deixou chegar a ONU ao ponto em que chegou.
Teoricamente, todos os Estados-membros têm os mesmos direitos e deveres, só que, na prática, estes princípios não funcionam, havendo Estados-membros de primeira e de segunda categoria.
No dia 9 de Abril, do corrente ano, o antigo presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, numa conferência, no auditório da Fundação Serralves, no Porto, afirmava: “É urgente reestruturar as bases da ONU, para que adquira força de se impor ao mundo e não esteja dependente do veto de alguém, o que, muitas vezes, obriga que os Estados tenham que andar a negociar aquilo a que aspiram e lhes cabe por direito e justiça própria.”
Criada logo a seguir ao final da II Guerra Mundial e passando por todo o período da Guerra Fria (1945-1991), os pressupostos da sua criação e da sua posterior manutenção já não existem, nos mesmos termos de há 63 anos atrás. O mundo tem mudado muito.
Num mundo em que emerge, notoriamente, a ideia de que ninguém se entende sobre as grandes questões mundiais e onde faltam líderes fortes e mobilizadores da sociedade humana, a ONU tem que abandonar a mediocridade geral instalada e tornar-se numa Instituição credível e responsável, ao serviço de todos os povos e do mundo.
Vítor Amorim

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